25.5.20

Mansos

Impressiona mais a vida dos que estagnam
Que a dos que andam
Amansam-se no reconcavo duma coluna
Em contemplação 
Param o movimento da retina num opaco
Que mais ninguém alcança 
Dançam-se de pedra em valsa eterna
 E o pão é o seu alimento 
Tamborilam o ancho tempo
E o ocre das tardes distendem nos pátios 
Sua alegria perene
O ronco grave da vaca lavra-lhes de orgulho o peito
 E as suas carcaças de terra são o estrume crestado do campo
Pisam-nos! 
Mais firme se faz o terreno
Não os vimos partir
Arrastados no sorvedouro
Descansam no Rio subterrâneo 

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