4.5.20

praia

Eram só praias
Simples praias 
Com seus mares brilhantes 
Tons azuis e reflexos 
Nas costas uma duna 
Com seus cactos rentes
E vento
A praia é esse corredor entre
O mar e a duna
Às vezes ao longe Vislumbre de escarpas 
Ou falésias que dão sensação de fim
Ou de continuação 
Que nos impele a andar
Está sempre a entardecer nesta praia
As ondas empurram um cheiro de mar
E as areias são tão pobres e fracas
Não sabem guardar segredos
Todas as noites são espancadas
São tão fracas
E essa moleza entorpece os nossos passos
Pedaços de rede, conchas partidas
Sargaços
Cheiro a mar
O entardecer é sempre ligeiramente frio
Sussurra mistérios e os nossos olhos
Principiam a preocupar-se que se esvaiem os horizontes
E o areal agiganta-se na sombra e o mar
Vai ficando negro
As casas de placa amadeirada dos pescadores
São os dentes que restam na duna que é uma gengiva mole
É sempre entardecer e as casas ficam mudas
O mar sova a areia com som de estralho
Ao longe o horizonte 
Caminhamos nesta areia que nunca esquece de quem nela pisou
Depois da duna há caruma e pinheiros
Todos mansos

Sem comentários:

Enviar um comentário

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...