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4.2.11

Divagações Tropicais

Fomos escolhidos
fomos escolhidos
mas não escolhemos nossos filhos
não
não escolhemos nossos filhos
somos enviados
viados
somos enviados
viados
mas reprovamos no vestibular
sim
já reprovámos no vestibular
corpo e alma quem acredita?
Cê acredita?
Corpo e alma amalgamada plasticina
quem nos tira esta sina?
Como estrela sem rumo caímos num espaço
sem vida
uma mulher, uma skol, um samba, um churrasco
são tira-gosto para nossa sede de infinito

Sor Flamengo

25.1.11

Culinária Genealógica

O menino veio à luz com cara de joelho
a mãe era um presunto e o pai um farofero
o avô era feijão bem preto
e as tias arroz salteado
a filha era meu pedaço de filé
e todo mundo vivia dizendo
oh portuga você é um prato
de porcelana azul e branco craquelê

Sor Flamengo

25.11.10

Panorama Tropical

Matizo o panorama tropical em calda de álcool
A água de côco tinge a essência da praia num excesso de acidente
O homem sem perna postado junto da lâmina alumínica
Dum contentor de ar condicionado
Não fomos concebidos para suportar tanto e tanto se nos desfia
Entremos numa loja cheia de estilo e dispamos o chifon e as calças de ganga subamos no Leblon e recuemos no tempo morro à baixo
Todas as tardes nos sobrevoa uma migração de gabiotas negras
70 qualidades de cachaça a destilar no ventre
Isso aí é scroto meu irmão

Sor Flamengo

Cairapariguinhas

Perdidos na enclausurada praia do intenso açafrão o calor da caipirinha e da alegria garrida as garota deitadas apoiadas nos cotovelos o sol que as absorve o sonho tão seu tão pequeno tão único tão seu deus

Sor Flamengo

8.11.10

Diário Aguirre

Tive uns cálculos intestinais. Não o mero cálculo renal de 3 ou 4mm, um calhau de 6 cm que me fez sangrar durante 3 meses. Abusei da jaca. Em plena amazónia é difícil controlar os apetites. Chorei, chorei como uma criança e os guinchos dos micos e as garatujas dos tucanos troçavam de mim. Enrolava os punhos em lianas como o santo atado ao mastro da gávea e esvaía-me…

Sor Flamengo

Maconha

Irmanados por um semestre
De loucuras, polvilhos de sono
Inanismo, desregulo e paixões
Partilhamos o mesmo tegúrio
A hipnótica lava lamp
O embalo da dança com a falta
De vontade de maconha torpe
De barriga roçando os céus
Atentos aos movimentos do candeeiro
Do mundo as cores os sons sem futuro

Sor Flamengo

4.11.10

Samba Primeiro

Não espera
Não espera pelo carnaval
Para cometer essa vileza
Não se você já tem a certeza

Pelas ladeiras
Descendo santa Teresa
Me Pega
Vem por trás me faz uma surpresa

Ai mas se você se atrasa
Oh e me deixa neste transe. Neste Espera…

Vamos trocar um passo de samba
Ao final da refeição na cozinha. Você dança?
Não espera o carnaval não espera

Mas se entretanto o Carnaval chegar
Eu pego o bloco e todos os meninos vou beijar!!!

Sor Flamengo

25.10.10

Carajé de Restos

IAMAMIWHOAMI
I never break mirrors
Desenhar e pintar cidades como no Giornalle Nuovo.
Um tom de lixívia que arreganha os azulejos e derrama as cerejas no balcão.
Era algures na bavária mas moro agora na parvónia.
E se elas se colam a mim como os magnetos numa faca.
Look at the comedians’ ear them smile
Mãos a cheirar a marisc’alheio.
Disenções
aseigeiais - debauchery, lasciveness
Himeneu ainda mais belo
Thaminas – Dióscuros
Dióspiros Cabiros Pedófilos
Gémeos celestes
Nemrael Nephelins Egrégoros Enoch Súcubos
Rolhão no nariz.
Semi pelagianismo
Anacoretas Zenobitas
Aferro. Aferrado cinto de castidade
Und die dragon sagt
Um Decameron, livro de sagas
Recolha de ditos e lendas urbanas situados numa época de decadênciado modernismo.
Prédios abandonados, corrupção do betão, do metal, do ar, da verdade
Famílias a morar em antigos postos de transformação eléctrica.
Os trabalhadores do campo olharam descontentes
Salicilato de metila (ou bálsamo) era extraído da bétula lenta
Mascar casca de bétula era um paliativo contra o mau hálito usado pelos povos da Eurásia. É bom para emagrecer
Fruto-sâmara
Amentilhos femininos
As jovens aflitas nas aulas de condução.
Óssea e ganglionar
Tenalha do Bispo a tenaz entre os baluartes.
Forte da Baralha
Pedra de Alvidrar.
Praia dos Baleeiros.
Cortijo Jurado – Málaga
Castelo Fantasma
Thee, Stranded Horse
O casamento dos animais
Crença na magia?
Apolónio o cabalista
Sefarditas
Marcos miliários – mil passos
Cava Viriato
Hospital do Otão
Forte de S. Luís
Um túnel debaixo dum viaduto perdido
entre vias rápidas afastado dos prédios,
rodeado de terrenos secos.
 “I think it’s a bunch of bullshits, myself”
Kara kamela
Carmelo
Divanos kamela
Rio mondego
Meandros da raiva.
O Dostoievsky de Setúbal
Essência de bedum atrás da orelha
Na Suiça são gulosos por carne de burro e de cavalo.
Tiburones Bay, Chaparral, Laredo, Gavilanes Valley
Escabiose crostosa sarna
I eard it from the valleys
I eard it ringin in the mountains…
Andar às voltas dum tema é uma coisa de DJ e de Heterónimos.
Tanques, lagares, tinas
Poses de hipoper.
Leve-me para longe de mim
O soco do edifício, caboco, silhar.
Ardurouso
Pictures of you
Ler os poemas dos the cure
Loca do gato.
Larvado figado mordido pelo bicho
Arrimado excelso
Usina sentina
Hidrografia do rosto
Sagrado Coração de Jesus
Jansenismo Napoleão S. Margarida
Não apanhes caracóis colados aos muros de betão
Que eles absorvem o mijo.
Me menage à moi
Ritchie sambora
Larva berneira
Estufa fria
Palavras são pérolas, pérolas, pérolas
Escabiose nervosa
Narceja
Dentolas como feijocas e olhos de pássaro muito separados sempre alerta
Infatuated heart
3 caminhos vazios    canção    ouvi a caminho de Óbidos com os pais
lagrimillas de pollo

Sor Flamengo

16.10.10

Indigência

A decadência do construído ergue-se
Em poesia da ruína que é morte
Esculpida num cadáver indigente
O prédio ósseo que aceita a derrocada
Move na queda mais a compaixão
Que o deleite perante a fachada do palácio
Entre as ervas dispersa dum frondoso
Jardim abandonado

Sor Flamengo

7.10.10

Extermínio Tropical

As 4 baratas viviam assim num compartimento circular por onde se poderia limpar as canalizações do duche em caso de entupimento. Viviam num rebordo da câmara em betão. Um lugar fresco, húmido e lodoso. Viviam aí e tinham um plano. O primeiro casal sairia de casa em busca da prosperidade e os seus filhos viriam chamar o casal recluso depois da instalação e da bonança que os primeiros assentamentos são sempre tormentosos. 
Assim saíram e entraram no meu quarto que é ao lado do banheiro. Um chão de pranchas tropicais e bolor nas paredes. Peguei a primeira com uma chinelada quando se maravilhava atrás dum vidro gigante com o qual eu viria a fazer uma mesa.
Seu noivo foi chorar angustiado e medroso para trás da sanita. Peguei ele e trespassei-o com o piaçá. E as duas foram descarregadas sob um lençol de papel higiénico para as imensas águas da Baía de Guanabara.
O macho do casal recluso sentindo que o plano borregara partiu em busca duma explicação não sem antes ter aliviado a carga deixando descendência no seio da sua amada. Eu peguei ele atónito com a imensidão do meu quarto passeando como um turista e dei-lhe a provar da farofa nacional com uma chinelada na quitina. Ficou estrebuchando no laguinho da retrete.
Parece que oiço os gritos abafados duma prenha enquanto chocalho uma garrafinha de lixívia e me preparo para visitá-la. No íntimo eu sei que as gerações vindouras vingarão mas agora o extermínio satisfaz a minha sede.



Sor Flamengo

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...