10.9.08
28.8.08
Mais Meditação Mística
Entro o abismo branco e o abismo vermelho
Caminho na helicoidal fímbria que os mistura
Desisto de andar resplandeço de tontura
O silêncio de ouro encharca-me de medo
Filipe Elites
26.8.08
22.7.08
Neo-Realismo
a víbora a si própria se engole
sonhei através do grande vidro
sobre a floresta sentado na carpete
verde escura duas garotas de botas
de cano alto
reclinadas nos sofás
cor-de-laranja com aspiradas cabeleiras de piche
e olhar entediado a chuva no vidro leva
a agradecer a vida moderna
o candeeiro de plexiglass alveolado
tremelica lá fora o céu troveja
Filipe Elites
Chico...
Os seus frutos apodrecem agora no chão
Gritei-lhe
Nada escondas do sol
Então só me via o halo
Excitava a parte gorda dos braços vergastados
Antes de afogá-la
Filipe Elites
7.7.08
AlexanderPlatz
respiram máquina e árvore lado a lado
brisa balsâmica velada de divindade
da plenitude do aquário de mil sóis
é horizontal o crawl voraz da máquina
o barro cego funcional plasticidade
moldando ao labirinto do engenho as paredes
Corpo e alma carne e espírito geme a árvore
Esticada entre polos de verticalidade
Co-princípios que lhe garantem a unidade
navegar é preciso, viver não é preciso
Filipe Elites
5.7.08
Engenheiro Civil
O bem estruturado engenheiro
Cínico olhar exprimia rigor
Sapato oleado de cangalheiro
E colarinho colado ao pescoço
No metro transparecia
Fórmulas de pose calculada
Fulminou-lhe desdenhosa o escapulário
E ele disparou sobre o peito decotado
Filipe Elites
23.6.08
Tá Tá Ok Já Vou
Quem não crê não é bom
Não é bom nem mau
Se o sol se põem atrás do mar
Eu estou atrás de ti
Só no mar o sol se põem
Pra quem tá ao pé do mar
Mas se tás ao pé do rio
O sol no rio se irá deitar?
Só se o sol fosse um navio
E o rio um céu sem sol
É que sol há um só
Nem no céu voga o navio
Mas o rio faz o mar
E meu navio foge do sol
O meu pai não é teu pai
O teu pai não é meu pai
Oh a luz de tê-la por mãe
Só a dá a quem quer
A luz
Só a dá a quem quer
Mas e quem não a tem
Quem é que quer
O que não tem se não viu
O que se lhe dá
Quem dá o que não tem
Quem vê o que não tem
Doi te mais a dor se estás só
Sim ou não
E mais não diz
Vês o pó que cai do céu
Cai de pé sob esta mão que vês
E dá –lhe tom de pó
Um a um cai grão a grão
Sob a mão de pé
Pão e sol
E ar e luz
E mais não quer
Vai mais o cão
Sem pai nem mãe
Com fé em si
Nem pau nem croa
Ao sol ou sob a lua
Lá vai lá vai o zé
Com pó nos pés
Sol e sal e cal
E sob os pés é pó mais pó
Vi a luz sem fim
Vir sobre mim
Sim ou não e mais
Não quer o Deus dos Céus
Sou réu do mar
Pus as mão nas suas mãos
A vi vir a mim
Um som que vem da sé
Dou um nó não dou
Filipe Elites
3.6.08
Meditações Orientais #3
Afãs – onde se ajuntam os abutres
Lutas corpo a corpo – é no coração
Passavas e escapou-se o panfleto ao pára-brisas
Filipe Elites
17.5.08
Meditação Oriental #2
Já em criança sustinha
A respiração com medo
Das doenças ao passar
Pelo talho entre as carnes
Onde cospem as varejeiras
Filipe Elites
Under Pressure
Estuporadas meias têm um elástico
Tão forte que no final
Do dia parece que andei de grilhões
Dos sulcos na barriga das pernas
E com os pés inchados
Filipe Elites
15.4.08
Outras Vidas
almejamos a excelência
que reparem no nosso esforço
não queremos
transparecer naturalidade
e vida airosa
vivemos à tabela
sem desperdiçar um minuto
murchamos nossas potências
em favor da força do grupo
mas à noite libertamos
de novos as bestas
Filipe Elites
4.4.08
Lamentos Cegos
“É mais fácil encontrar uma beata
No chão que alguém me dê um cigarro”
Nem quem o grão semeou
Do grão há-de comer
Não tem dó
A vida sob uma mó
Não quero aprender
Só quero certificações
Diplomas, certificados de habilitações
Muito devia ser muinto
E 13 treuze
Todos deviam dizer molhos
Da mesma forma
E não fôrma
Molhos e molhos
De ideias marejadas
Nos meus olhos
Como argueiros empilhados
Ao longo dos séculos
Dêem me um cigarro
Tum pe te pumpumtchim
Tum pe te pumpumtchim
António arribou ao escritório
Com estrépito e atónito
Esvaíra-se o lago de calma
Espelhado nos olhos da sua alma
Como me sinto só
Tentei restabelecer o diálogo
Com todos os meus empregados
O que é o Ultramar?
(envie-me pdf’s e ebooks sobre o tema)
Brilimpimpimtipipimtrim
Gaita-de-beiços na vara
- Oh meu Deus quem virá salvar
os nossos cegos? –
Todos os povos têm seus milagres
O milagre do pensamento
O milagre da guerra
O milagre do comércio
Das artes, do desporto, do silêncio
Foi da dinâmica dos astros?
Multiplicidade de impulsos interiores?
Fortes amizades ou um forte estado?
Brócópótrópóp´popótróc pim
Caixa das moedas e varão central
Cada vez que te dobras
E perdes raio de visão
O estado investe e explora
O teu bem amado quinhão
Filipe Elites
13.3.08
A Lua
A lua essa gorda rançosa
Não me larga
nem aos peçonhentos sapos
que nas valas húmidas acasalam
e nas ruas escuras da vila
ainda há luzes nas garagens
e dispersas ainda se ouvem
gargalhadas reflectidas nas chapas
de alumínio das fachadas
mas o grosso é silêncio
evolado dos becos e baldios
não sei o que espero
nada me dizem os meus passos
não sei o que quero
Quem me guia é a lua
essa gorda rançosa
que não me larga
19.2.08
15.2.08
Torre em Ruínas entre Rasteiro Matagal
"Oh'mem pens' qu'a'gora 'tá d'fícil d'encontrar?"
____Os pesitos gordos forçando
____As sabrinas douradas
____quero morder-te aí mesmo
____Nesse bifinho transbordante
Filipe Elites
13.12.07
Pricípio Modernista
arcadas de progresso
ventanias
70 nós de vento fresco
incontinente
Betão decrépito
urinou ferrugem
cenário psicadélico
.....depois acabo o que falta....
Filipe Elites
14.11.07
Paraísos Terrestres
vidas quentes mornas como piscinas ao sol aquecidas
em climas tropicais
belas mulheres
frondosos manjares
tépidas melodias
drogas leves
sem limites de orçamento
amizades para trás e prá frente
sem sentimentos de ânsia
angústia ou sede
desejo ou fome
tudo se sacia rapidamente
a consciência dorme tranquila
os pés descalços ao sol
semi-deitado despertando
inveja a quem passa
na rua com pressa
Filipe Elites
8.10.07
Cabeleireiras Angelicais
lavam-to cabelo em água tépida
na ponta dos seus dedos és marionette
tua cabeça cede leve aos seus sinais
À tua volta três fadas vaporosas
contemplas ruborizado no espelho
teu coro cabeludo é fofo coelho
que elas afagam voluptuosas.
Filipe Elites
3.10.07
Convento dos Capuchos
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
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Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria. Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros Escrito por um clérigo da época. Tu...
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palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...