23.9.08
HH - XIV
medicinais a farmacopeia etérea
guardada na cavidade da rocha
mergulha em soco violento como
a noite carregam sobre a árvore os
batedores fustigam furiosamente os frutos
em lixívia abrasadora dos rastos
inscritos no bronze moldam as marmóreas margens
à espadeirada quem vergará os gonzos
ajoelho-me violentamente
praias e praias vazias varridas do vento
impiedoso marés violentas de bronze
sangra o tronco num impulso de graça
o puro orvalho da manhã de damasco
Zé Chove
Raquel
a noite nos quer dizer adianta
caminho cruzamos todo o ouro no terreiro
seco não chega o espaço o algodão arde
em fúria cai o metal do desejo em chuva
a mãe em busca dos filhos leva-os o rio
os seixos do rio cegam na transparência
afogados em pureza cegam aquecem
o peito das crianças expostos ao esbanjamento
do sol a estocada do escultor no peito da vénus
de calcário cega sob os arbustos a sombra
das silvas o xisto que enche a bruma ampara a
frondosidade do carvalho marca a chegada
da noite final da terra lavrada em torrente
de fogo o fogo que não se consome
Zé Chove
Divulgação Pop #1 - Rima Interna
Por mês levantares a assentadeira da sanita
Podes lá ter respingos de merda
da última vez em que tiveste diarreia
Mário Mosca
18.9.08
É a Vida
Do corpo pacifica os nossos passos
Indivíduos cheios de independência
Travessos atravessamos travessas
O olhar paira vago depois do corpo
O elmo limite da nossa alma
Mas o corpo é brando perante a bruta morte
Olha a dor dobrada no separador central
A cremosidade da derme perante o aço
O alarme do sangue se verte vermelho
A porosidade ociósa do osso
Que se quebra na esquina de pedra
Pertinentes mas nada nos pertence
Impenitentes mantemos o silêncio
Lúcio Ferro
Stress I
No baldio onde explode constante
Bolas pedras gritos melopeias
Reboliço do jardim de infância
Uma dama em coma na avenida de roma
Ambulância lancinante noite de Natal
Sigo seguro da minha insegurança
Toda a vida em viva vigilância
Nariz e boca sufocante de sangue
O alarme vermelho o garrido pânico
Nas orelhas os zumbidos das abelhas
A vertigem em queda da criança
O rapaz de rosto sem réstia d’ânimo
O homem maduro com duro medo
Filipe Elites
15.9.08
Fiddler on the Roof - Far from the Home I Love
Wanting home, wanting him,
Closing my heart to ev'ry hope but his,
Leaving the home I love,
There where my heart has settled long ago
I must go, I must go, I must go,
Who could imagine I'd be wand'ring so
Far from the home I love
Yet there with my love, I'm home.
Situações a que já demos resposta:
Arrebatamentos místicos
Sarapilheira
333
sos terrestres
rosas frescas numa jarra
homos socialis
pesca no mar alto
coruja negra
ambientes místicos
camião em combustão lenta
Como tirar nódoas de sangue ressequido dos edredons
bálsamo de ostra
Toureiros vitoriosos
uma só folha de papel higiénico
Tangos russos
Bardonhe o grande badocha
Bresson sanita
Deusébio
Caril de merda
Fedorento, gato
Alho picado
Brando Apocalipse
La bonbonière dancing
A direcção do departamento
Pomos
De lógica polpa
Fibrosos
Fios onde me enleio e puxo
Talvez mude
O tom da pele a cor
Senão a mim
Talvez ao outro
Puxo com mais força
A quem exponho
Meus sumarentos gomos
Madalena Nova
11.9.08
Toca-me
Sem mover o pó que envolve as coisas
Entre salas silenciadas pela asa
Do segundo que toca mas não poisa
Vogam o horizonte os vagos olhos
Divisando desvendá-lo no vento
Mas se ele amaina e seu sopro perde a voz
Voltam costas em busca do momento
E os passos esses passos dão lhe vantagem
Atravessa as casas praças e ruas
Não sucumbe à paração do pensamento
Foge perdido sem cruzar ninguém
Emana em tudo quanto e quando muda
O inúmero imenso imuto imundo tempo
Zé Chove
10.9.08
Anagnorisis
que reflecte o reflexo
aqui mais perto
o espanto do conheço
descoberto
inverto o espelho
do mergulho tão incerto
conheço o influxo medo
reflecte o nervo do conheço
encoberto
o espanto de te ter
tão perto
Lúcia
Memórias do Sanatório
oh colorido Dão
encantam-me os sons
de vossas águas
mas não mergulho não
entre vales abruptos de granito
2 pontes entre nós e o infinito
fluem os dias fluem os rios
num ritual antigo
fluem aulas
escorrem as palavras
os risos e alegrias
o sol varre as sombras dos dias
e contemplando à hora do terço
os mistérios de tanto esplendor natural
os carvalhos os penedos
pássaros e insectos
e nos perdemos
na espiral
duma teia duma aranha desenhada
na abóboda celestial
poderíamos ser tentados
a pensar que de ano para ano
está tudo igual está tudo igual
e ensonados nos banhamos entre dois rios
o filosofia e o teologia e há quem fale ainda do pavia
emersos num turbilhão de conceitos
flutuamos entre emanações de imanentismo
e mergulhamos nas profundidades do ser
e quase já sem ar
os pulmões oprimidos de tanta excursão
os membros cansados de tanto rir
despertamos cada um na sua terra
com uma doce canção nos ouvidos
oh sombrio Sátão
oh colorido Dão
ss águas passam
mas o sonho não
Orlando Tango
Cit - #23-a. odbl JM-1978- AD_DG
The program for this evening is not new
You've seen this entertainment through and through
You've seen your birth your life and death
You might recall all of the rest
Did you have a good world when you died?
Enough to base a movie on?
9.9.08
Inclino
Sílabas assentei-as sossegadas
Lado a lado alinhadas paralelas
Bastiões de xisto ferrugem lascas
Espartilhei a natureza em talhões
Ortogonais rasguei rectos caminhos
Forçando serras urzes aluviões
Lavrei a verdade em palavras minhas
Oh preguiça que afogas os desígnios
Semeias a discórdia no império
Vacinas o terreno de cizânia
Exangue me exijo sem jactância
Inclino contra as em forças declínio
Um homem morto de alma poeta
Nicolau Divan
28.8.08
Existencialismo Crítico
Dizer o que são as coisas?
Negar a existência?
A incapacidade da definição
Um vórtice branco em permanente movimento
Infuso nas coisas
Já na noite nem flúi o rio
Mas divido o vento segundo a segundo
E adensa-se o frio
E penetramos a água com nossos ramos
Vivemos materialmente vivos
Mas vemos nossos reflexos
Na superfície espelhada do rio
Definha o risco em brilho curvo arisco
Suspiralívio o novo início
Gemendo
O galho que se partiu.
Zé Chove
Mais Meditação Mística
Entro o abismo branco e o abismo vermelho
Caminho na helicoidal fímbria que os mistura
Desisto de andar resplandeço de tontura
O silêncio de ouro encharca-me de medo
Filipe Elites
Oi de mim!
Afasto o ombro à trajectória
Do velho em peito cheio que sai de mim
Se vou falhar encolho os olhos
Afasto meu bafo afoito se mofam de mim
Tenho a auto-estima escatimada só
Pelos escolhos da vida em mim
Nicolau Divan
Pensamento Moral
Agoniza envolta em transparência
A transparência vertiginosa da aragem
A da água que agudiza o gume
Que divide alma em lento lume
A flébil superfície moral
É emulsionamento do espírito
Melodioso de melífluo mel flutua mole na libido
(palavra feminina?)
Abstraia a mosca do maldito caramelo
Mas não a mate
Tenha vergonha abstenha-se
Destilado em tanta clareza
Talvez seja divisado
E escondo gemendo como as gentes
E bento me sinto iludindo transparente
Lúcio Ferro
Éden
Também somos esse Gan
Não tem de correr a fonte
São necessárias as árvores de fruto
A fonte ao centro do jardim murado
Ínflasse a analogia
Transborda a realidade do cálice
Enche-se de aromas o jardim
André Istmo
CIT - 23 - ELIOT
we have lost in knowledge?
Where is the knowledge
we have lost in information?
T. S. Eliot
Convento dos Capuchos
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
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Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria. Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros Escrito por um clérigo da época. Tu...
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palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...