Oh bendita safra enche meus bolsos e meu ventre.
Oh céu que chova no meu casamento.
Matrimônios molhados e sopas de bacalhau suado.
Oh rita não me irrites 'stou farto de fado
Rita sinfonia incompleta e insatisfeita de experiências
musicais e delírios sexuais de câmara. indecências
Rastejo exultante com as trombas serra abaixo
brilham as luzes dos barracões onde se bebe
Quem me Rita e me enfarda o ventre não percebe
Porquê festejar o que já está morto? bebe, bebe
8.5.12
sonhos
um sonho sobre uma festa num morro verdejante, uma tenda ao alto, o casal recem casado o safadinho que se mete com ela, ela engraça o marido começa a bater e ela expulsa o marido e fica com o outro a brincarem como crianças, tudo como crianças qual é o mal...
o final termina com uma viagem de comboio voltado para o céu admirando uns reflexos de luz loucos e antigos.
e aquele sonho dos operários que construíram um empreendimento na Barra pelo qual desenvolvem tal amor tal paixão que decidem não abandonar o prédio e lutar contra os legítimos donos.
o final termina com uma viagem de comboio voltado para o céu admirando uns reflexos de luz loucos e antigos.
e aquele sonho dos operários que construíram um empreendimento na Barra pelo qual desenvolvem tal amor tal paixão que decidem não abandonar o prédio e lutar contra os legítimos donos.
queimaduras degelo
A tua pele escaldante sobre a minha mão pesada
Esconde-te na sombra do meu peito guarda-te
vamos entrar no mar e arrepiemo-nos no gelo de nós dois
Esconde-te na sombra do meu peito guarda-te
vamos entrar no mar e arrepiemo-nos no gelo de nós dois
Canção 2
Yeh yeh
um rosto carregado
yeh yeh
um rosto carregado
se a queres convencer
se a queres convencer
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vai rapaz
pela noite
pela noite
vai rapaz
de alma carregada
e rosto sem olhar
Vasco Vides
um rosto carregado
yeh yeh
um rosto carregado
se a queres convencer
se a queres convencer
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vai rapaz
pela noite
pela noite
vai rapaz
de alma carregada
e rosto sem olhar
Vasco Vides
Pão de Forma
O amor entre os dois começou a tomar forma. Uma forma de cama.
Uma cama atravancada de filhos e um cão pesado.
Uma cama atravancada de filhos e um cão pesado.
Post it
--Não julgo?
Claro que julgo, meu amor. Um juizo pessoal trespassado de carinho.
Porque é que será melhor julgar que não julgar?
Não estará embebido numa fragrância de indiferença a suspenção do juízo?
Será que estou a defender que julgar é bom ou será que ajuizar é o último limite que me é permitido?
Não pretendo condenar. Ou melhor condenarei apenas a categoria do acto, jamais a consciência ou a disposição alheias, compreende querida?
Claro que julgo, meu amor. Um juizo pessoal trespassado de carinho.
Porque é que será melhor julgar que não julgar?
Não estará embebido numa fragrância de indiferença a suspenção do juízo?
Será que estou a defender que julgar é bom ou será que ajuizar é o último limite que me é permitido?
Não pretendo condenar. Ou melhor condenarei apenas a categoria do acto, jamais a consciência ou a disposição alheias, compreende querida?
cançonetas
untam-se as peles suadas
mistura sensual de tempêros
no fogo ...
é um hábito que vai dando na gente
de a cada passo da vida cantar
mistura sensual de tempêros
no fogo ...
é um hábito que vai dando na gente
de a cada passo da vida cantar
amor desde que te vi
Não ferem os cornos do capricórnio
não existem mas ferem só de os ver
não perfuram os dentes do vampiro
delírio tal criatura mas arrepio só de ver
adeus que me quero ir
não existem mas ferem só de os ver
não perfuram os dentes do vampiro
delírio tal criatura mas arrepio só de ver
adeus que me quero ir
6.5.12
Relação Satélite
O planeta está de cuecas
exalando um odor de final
de fim de semana sem banho
não está barbeado o mundo
e a lua reclama
com o glamour duma dama
que se enfurece com o homem
que tarda em sair da cama
é um mundo à beira do divórcio
é um mundo mergulhado no ócio
André Istmo
Um Dois Crack Samba Alucinado
vou largar minha casa
não vou voltar nunca mais
um dois crack
vou partir para nunca mais voltar
minha laje na favela
minha chapa no meio da rua
meu cantinho sob a ponte
eu vou queimar meus laços
de Mangueira à Guanabara
o que me pagam para exaltar?
ponho meus versos à vossa disposição
é uma arte comprada à quem diga adulterada
venham escolas de samba
venham síndicos ou palhaços da Grobo
estou aqui se você quiser comprar
uns versos sentidos sobre o vosso bairro
ou sobre a vossa cidade
adivinho o que a opinião pública quer
é a sacanagem, politiquice e papo de mulher
é o futebol, religião polémica e artista da tV
é do clima e dos favelado é a desgraça alheia
de tudo isso eu falo
de lágrimas nos olhos
e solto um sorriso bacana
se voceis me der sua grana
O samba voou
abriram a janela
da sala da casa
de tijolo
no alto do morro
o samba voou
O samba desceu o morro
e a cada curva chiava a cuíca
cada baixo é um passo dançado
e a guitarra é o sol lá no alto
Nem Mar
Piropos Tropicais
meu bem
minha babe
meu bêbê
minha maravilha
minha linda
mulher do meu carinho
você me deixa perplexo
você me deixa perturbado
você arrepia meu caminho
você me deixa aluado
mãe dágua do meu amor
represa do meu sentimento
na alta montanha
onde degela meu coração de pedra
em cascata risonhas
se despenha o meu amor
vou te pôr no carrinho das compra
vou te levar ao preço do filé bovino
vou te embalar junto com chouriço
e é só te procurar na geladeira
sempre que eu te quiser comer
fresquinha como folha de alface
docinha como uvas acabadas de colher
tu és o alimento da minha vida
tu és meu arroz com feijão e farofa
e se sentir de madrugada uma sede
irreprimível sede de Verão
vou te buscar de pijama
e como leite ou suco de ti eu vou beber
Nem Mar
Delírio Sazonal
Arlindo cruz, zeca pagodinho hey
chico buarque, beth carvalho
eu vivo entre génios
meus altares a caimi e a gilberto
espírito de adoniran e jamelão
um banho frio em copacabana
em queda livre do pão de açúcar
todas as favelas crescem
os génios desaparecem
e as favelas crescem
a corrupção queima
arde na tatuagem da menina da barra
vigía do alto do cristo
como um urubu nada me escapa
toda a podridão escorrega até a guanabara
todo o caveirão dispara se a noite tarda
São as visões do portuga
são delírios do portuga
as miragens do lusitano
a palavras do manel e joaquim
este é o país do futuro
estão cheios da grana
este país continental
dos santos no inverno e o natal no Verão
Sôr Flamengo
5.5.12
Novela
Algum dia viria a conversinha
do costume sobre o amor exigência
dos sambas que eu sempre tentei evitar
aqui vão algumas ideias
insensato coração das 9 às 10
telejornal algures durante a janta
Casa da rosa no domingo ela sai com as amigas
um suquinho de acerola no leblon
apartamento na barra ela é barra
um passeio no barco do eike
café del mar no sábado
meninos de peito depilado
e buço loirinho
corpo sarado e vestido curtinho
morena, ruiva, loira ou marron
depende da estação do ano
Sor Flamengo
lascas
a tirania dos apetites descontrolados
confunde o entendimento
comprime a vontade
afunila as decisões
o amor destrói os tiranos de coração
insensatos, loucos, mentes fragilizadas
mentecaptos, desviados, estultos
Medos e Mares
Até me tremo todo
de pensar entrar no mar
e ser recebido com frieza
recebido num abraço gelado
e sentir-me na sua ferocidade
um filho pródigo
nunca de mim estar certo
e que o seu julgar sobre mim venha
como ondas do pacífico louco
que medo hei de eu ter da morte
é um transe dum segundo
uma faca destrinça-me a medúla
como o vento quebra um mastro
Orlando Tango
Rádio Macau remix
E o tempo é rei
um fado sustenido
é bemol assim
um suspiro surdo
do bombo escondido
um sambastante conhecido
é uma melodia
é um amigo
que te tenta todo o dia
e depois se deita ao teu lado
toda a noite endiabrado
Xutos remix
Bestas que te esmagam
fonte gelada ao centro a praça
água que te corta
vento que esfrangalha
dormes no passeio
dormes na estrada
as casas desertas
desertas as igrejas
gritas aos céus
e caem as folhas
despem-se as árvores
e os ribeiros correm indiferentes
mudos cunhais silenciosas cantarias
não és o vento
não és as cortinas
rangem os soalhos
à tua passagem
gemem nos ninhos
as palhas secas
almas estanhadas
ressacas de lama
farpas nos dedos
serras nos pulmões
lançam-se os penhascos
em quedas cegas
mergulhos de granito
embates no infinito
afagas a chegada
e esqueces o princípio
lanças te espada
esgasgam-se as poças
no sufoco de tanta solidão
Filipe Elites
rimas em A
a noite é um lago de diferentes profundidades
fundos negros, azuis e verdes nascidos dos laranjais do fim da tarde
são sobrancelhas as copas negras das árvores
os céus olhos que falam com brilhos sódicos da cidade
Madalena Nova
Mediterrâneo
Todas as desgraças do mundo foram à beira do mediterrâneo
todo o sangue escorreu pelas suas pernas
os danados frémitos de dor marcando o compasso
as guerras como os grãos da areia daquela praia imensa
todo o mediterrâneo de azeite escorrendo dos olhos
os templos ecoando o latim subjugado como uma bota
negra esmagando a boca da criança
e as vozes iradas entoando como um hino de justiça
"esmaga, queremos as suas vísceras mornas arrastadas pela terra"
e eles coitadinhos, de olhos piscos sob a ventania do crepúsculo
santos e mártires escondidos na sombra de cada oliveira
latim, latim, latim berra uma cabra a uma cadela assanhada
e das calmas vagas do mar morto ao centro do mundo
como uma arena dum coliseu exala um miasma
um cheiro a merda mas ninguém repara
Brás
Perdas de Altitude
É isto que acontece quando se perdem as leis do hermetismo
quando abandonamos os caminhos da razão e passamos a conviver
com os leões e os outros animais da selva
perdemos da memória os passos do convento agora tomado pela era e pelo vento
os poços transbordam agora de selvagem imundície
e os muros ufanam-se de flores garridas de perfume brejeiro
perdemos até a ordem dos dias
vagueamos até altas horas pelas serranias fantasiando
na voluptuosidade das constelações saboreando as agruras simples
como o sangramento e o frio
caímos sem forças pelos monturos em covas húmidas
deixando-nos sepultar pelo tédio e a fraqueza
os vislumbres relampeados dos salões outrora cruzados
parecem-nos um sonho
e era daí que emanava a poesia
em borbotões uma fonte de sentidos
descritos numa linguagem que só nos perturba se
sobrevem a dor das perfeiçoes perdidas
Sim o meu nome é Cain
Sim o meu nome é Cain
Zé Chove
22.10.11
Vida a Dois
suas folhas sobre as minhas
secas mãos de outono
o fogo sobre a pedra da cozinha
o torpor dos anos foi um sono
a chaleira espalha as brasas
pela sombra do sobrolho um fulgor
de chuva no fundo da alma, os pratos
são memórias que escondo no aparador
as rendas brancas suspiram à noite
as estrelas atrás das vidraças
fervilham num continuo pensamento
A vida a dois é um resguardo no socalco
da escarposa serra, é uma cozinha quente
que ao final da tarde se encerra
Leonardo Cardo
secas mãos de outono
o fogo sobre a pedra da cozinha
o torpor dos anos foi um sono
a chaleira espalha as brasas
pela sombra do sobrolho um fulgor
de chuva no fundo da alma, os pratos
são memórias que escondo no aparador
as rendas brancas suspiram à noite
as estrelas atrás das vidraças
fervilham num continuo pensamento
A vida a dois é um resguardo no socalco
da escarposa serra, é uma cozinha quente
que ao final da tarde se encerra
Leonardo Cardo
No Dout
Procurava convencer em sonhos os teus
inimigos a que não te ferissem
e acabava por deles me irmanar
perplexo com qual verdade amar
por vezes a razão mais fria
sobrevinda por um caloroso diálogo
adenda-se de nebulosa dúvida
Alcatra Vecon
inimigos a que não te ferissem
e acabava por deles me irmanar
perplexo com qual verdade amar
por vezes a razão mais fria
sobrevinda por um caloroso diálogo
adenda-se de nebulosa dúvida
Alcatra Vecon
Para uma Gazela
Sonhei espaçadamente ao longo dos anos
como uma doença sazonal que volta
num misto de tristeza e melancolia
que ainda na mesma casa juntos viviamos
e o nosso conhecimento era mais profundo
aprendi a ler ao longe a intenção dos teus gestos
passei em sonhos a defender as tuas causas
e tu aceitavas a minha devoção
acordava por fim suado
numa rodilha de lençóis abandonado
com o olhar difuso no fundo do quarto
e uma ancestral noção de corte com uma vida
que ressecou ainda jovem como erva ao sol
como um corso que deixa escapar a sua gazela
pela floresta densa e brumosa da memória perdida
~~~~
Major Catete
como uma doença sazonal que volta
num misto de tristeza e melancolia
que ainda na mesma casa juntos viviamos
e o nosso conhecimento era mais profundo
aprendi a ler ao longe a intenção dos teus gestos
passei em sonhos a defender as tuas causas
e tu aceitavas a minha devoção
acordava por fim suado
numa rodilha de lençóis abandonado
com o olhar difuso no fundo do quarto
e uma ancestral noção de corte com uma vida
que ressecou ainda jovem como erva ao sol
como um corso que deixa escapar a sua gazela
pela floresta densa e brumosa da memória perdida
~~~~
Major Catete
Indecisão Querida
o leito das estradas ensopado
o asfalto de chuva e lampião
alaranjado clarão da noite
que vagueio às vezes em busca
Do que de dia jamais enxergo
e só o opaco bréu me revela
no silêncio de passos madrugadores
meus anseios, medos, humores
rumino até à ardência cerebral
evitando por entre as árvores
do caminho qualquer conclusão
apraz-me dançar na confusão
que a alma a dúvida me devore
e arvore a indecisão na alma
~~~~
Major Catete
o asfalto de chuva e lampião
alaranjado clarão da noite
que vagueio às vezes em busca
Do que de dia jamais enxergo
e só o opaco bréu me revela
no silêncio de passos madrugadores
meus anseios, medos, humores
rumino até à ardência cerebral
evitando por entre as árvores
do caminho qualquer conclusão
apraz-me dançar na confusão
que a alma a dúvida me devore
e arvore a indecisão na alma
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Major Catete
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