Este pelorinho enfezado no centro da praça, sobre um pódio de escadas mal calibradas aos passos duma pessoa, pesa demais sobre as nossas costas.
Criamos burros. São lanudos e atacam tudo o que tenha um cheiro agradável. Não se lhes pode oferecer um troço de chocolate que nos tentam mastigar o braço de seguida. São largados nos terranos de pousio e estraçalham até as canas que vicejam junto aos rios.
Uma sombra fria infiltra-se pelo musgo que cobre as pedras dos rios. Pequenas serpentes e sapos. A peçonha. À noite choram e piam omo almas tristes enquanto se fabricam as neblinas matutinas.
As águas são gélidas como as mãos das crianças. A água é uma dádiva sagrada e a noite a sua mãe.
Diz- se que ainda vive uma velha madre no arruinado convento. As galinhas bem as vemos para lá andam. As águas da fonte carcomeram as caras das gárgulas e pintaram-les barbas de limos.
Qualquer homem desta vila tem barbas. O tio t.. ainda trabalhou na construção da escola.
Camisola grossa. Mãos grossas como o tronco das árvores. Mais que a idade conta o trabalho feito e o melhor indicativo sãos as unhas. Grossas como carapaças.
Carapaças e capas. Castros. De que falar se não há guerras? Só nos restam as muralhas e a decadência. A figueira que irrompeu no antigo torreão luta com o vento impetuoso. E a guerra é uma dança sem fim. As raízes mordem a terra. Os frutos acidificam os solos.
A fruta louçã sobre a mesa atoalhada espelha a exígua sala. O odor duma casa marca a verdadeira identidade dos seus moradores. Lenha, bafio, refogado, azeite, fogo. As paredes nuas ora cegam de luz ora morrem na sombra. É um santuário. Ouvem-se os gemidos do soalho. Um homem de joelhos pode idolatrar o seu lugar.
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Convento dos Capuchos
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