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6.2.09

Nostálgicas

Envoltas de terra
Vêem-se floridas
Adocicando a noite
Florescem entre a lama
Sufocam de vontade
O fruto é a nostalgia

Lúcia

Em extenuados

em extenuados esteiros
desiguais os riachos tristes
correm obrigados pela gravidade das horas

Lúcia

23.12.08

Recolho

Recolho ávida o feno
O molhe de calor
Entre tábuas sombras de fogo
Armazeno madrugadas
Se caem chaminés lentamente das casas
Melodias de ventos perdidos nos poços secos
Onde os recolho

Lúcia

20.12.08

Restos de Metal

Restos de metal
Fagulhas de asas negras
Terra negra
Nas cavidades oculares da tua caveira
Metronomia chilreios

Lúcia

13.10.08

A delicadeza

A delicadeza extrema da flor-princesa e
a rectidão da pinha em queda
são fragmentos cansados reflexos que o
rio recolhe e estrafega

Lúcia

10.10.08

exercize in the key of g

ligas ao que digo
sugere-te algo
desliga larga o lógico
aguarda a languidez do lago
ajoelha junto à água
calma
o álgido rigor do gelo
emerge agora
ouves agora
era um gemido

Lúcia

10.9.08

Anagnorisis

mergulho no espelho
que reflecte o reflexo
aqui mais perto
o espanto do conheço
descoberto

inverto o espelho
do mergulho tão incerto
conheço o influxo medo
reflecte o nervo do conheço
encoberto
o espanto de te ter
tão perto

Lúcia

27.8.08

Canzonetta

Um peito de ser todo sol lamento
O incremento em ouro do teu beijo
Suspiro um pó que traz eterno
Adorna a seiva o puro lírio

Lúcia

26.8.08

Zen

A cryptomeria de fuste bifurcado
Clama
Deixa-me provar dessa vida
Separada
Seca o fuste gordo
Que ribeira imersa no tempo
Me engula a memória
Esse substrato enraizamento
E diluída a imaginação
Florirá na noite o outro fuste
De auto-contemplação
Dos verdadeiros frutos

Lúcia

22.7.08

Excessos Exegetas

As colinas coroadas com excesso
choram vinagre coalhado de mosquitos
as crianças atiram moedas
com violência
para afonte e não vão buscá-las
algumas tribus de exegetas
corroídas pela vaidade
as volutas de violinos
e as massagens com ímans
os passeios na Babilónia
saciavam de fome
um espirro
e nem chegámos a preencher
os requerimentos
fugimos

lúcia

10.7.08

Danças de Salão

Não abriu a boca como criança
Levada ao bloco operatório
A sua carne pura de infante
Exposta
Traça um meticoloso golpe
Divide o músculo em duas margens
E a carne é boca são rosas
Florescem

Lúcia

8.7.08

Sou Guiado

Sou guiado como um cão pela trela
Forço para fuçar nas lamas e poças
Resvalo na calçada e como a erva
Furiosa besta de imensa força

Com a delicadeza de fêmea esbelta
Dirige-me mão firme com a destreza
Do indiano que guia o elefante
Porta-aviões nas unhas do comandante

Mas fui eu que me entreguei afinal
Farejei a eternidade numa gamela
Podengo abanei a cauda submisso

Ai se agora sou mais animal
E tento alargar o compromisso
“Meu anjo não te me largues a trela”

Lúcia

Está Longe

Está longe e difusa a alegria
Como leões escondidos no matagal
Que a gazela cabisbaixa não divisa
Contentando-se com a erva seca à sua volta

Enchota as moscas com a cauda
Que lhe sugam o sangue nas feridas
E desdiz a vida entre os arbustos
Sem saber que espreita a alegria

Refundido entre a savana
Com esgares de predador
Respirando a tensão do ar

Só quando sentimos perto a garra
Saltamos graciosos com terror
Da alegria da morte santa

Lúcia

22.6.08

Lisboa I

Manhã solarenga de inverno em Lisboa
Uma
luz que cega os olhos e atravessa a alma
O frio aguçado separa todas as vértebras dos corpos

Caminhando de queixo levantado meio adormecido
Fantasma soprado no holofote matinal
Entre brumas temblorosas no quintal


Lúcia

2.6.08

Passo as Mãos

Passo as mãos pela chuva
Depositada no peitoril
Da minha janela
E esfrego a essência pura
Das entranhas da terra
Pelo meu pescoço funde-se
O espírito do mundo
Com a alma humana
Num gesto profundo
E todavia meditado
Para derramar numa poesia


Lúcia

17.5.08

Sem paráclito

Toda nua
Na manhã chuvosa
Deitada no viveiro das trutas
Olha o céu desfocado
Bebeu dum trago o leite
Estragado o coração amargo
Chora pelos cabelos
Água e lama
Alma poroso esqueleto
Sem paráclito
Lambe no gelo
Os reflexos perdidos

Lúcia

4.5.08

Entre Arbustos

Entre arbustos de humidade frondosa
Escondidos pelo final da tarde
Estreitamos pétalas de rosa
Entre a língua e o palato
Como se cometêssemos pecado

Vogando halos gradientes
Entre o púrpura e o amarelo
Encontramos rostos salientes
Ora nos são carícia ou flagelo
Concatenam nossa vida elo a elo


Lúcia

11.4.08

Dúvida Original

Maldita dúvida
Que me amarga as entranhas
Enche de escrúpulos
Tinge as memórias
Tira-me o sono

Em vão busco consolo
Em vão tento esquecê-la
Assentou arraiais
Pesado grilhão basiloma

Se pudesse sacudir a alma
Atirá-la como uma pedra
Mas está num recanto
Onde ninguém chega

Só quem empreende
Uma jornada negra
Através de espirais
Num sulco original

Lúcia

27.1.08

Brothers

de dor
pois unidos jamais ficarão.

as doçuras loucas
o pranto em esperança
do irmão orgulhoso e cego de amor.

vêm descer o outro,
sujo com langor
a morder-lhe as esquecidas chagas
como um cão.

e os dois assim de novo
esmagados pela vergonha,
fedorentos da imundície morna
que tragaram
resfolegam doidos e sedentos da paz e alegria que mataram,
e berram em silêncio.

mordem os lábios contra si mesmos
infligem-se a si próprios dor
e querem começar de novo
porque o demo já se satisfez.


Lúcia

13.12.07

Azeite com alho picado e ervas aromáticas

Gregos e cipriotas
refugados balsâmicos
sol refulgenta minaretes islâmicos
bazares negócios poliglotas

entre refúgios balcânicos
mulheres gritando nas lotas
sol brilhando nos homens nas frotas
enseadas paraísos mediterrânicos


Lúcia

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...