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26.6.08

24 Rosas

Eu o último dos teus grandes amores,
eu, um louco por te dar meu coração
Hoje, te mando estas vinte e quatro flores,
recebe-as mulher não digas não

Põe-lhes água fresca numa jarra,
dentro do teu quarto e junto à cama
E se sentires só teu coração,
recorda-te amor que alguém te chama
Põe-lhes água fresca numa jarra,
dentro do teu quarto e junto à cama

Se alguém te perguntar de quem são,
tu respondes são de quem me ama

José Malhoa (o pintor)

16.6.08

3.6.08

Colecção de Textículos #5

O que mais me pesava era a sensação de que alguém me abandonava,
de que a memória também acabaria por abandonar-me,
e que, embora eu quisesse concentrar-me, tudo inspeccionar,
tomar todas as precauções, calcular os meios de me salvar,
não podia, não sabia fazê-lo.

Dostoyevsky - Diário de Raskolnikov

1.6.08

Flannery O’Connor - Cartas

“Em ficção é quase impossível escrever sobre a graça sobrenatural.
Só abordando o tema de forma negativa.
A graça não se pode experimentar em si mesma.
O único que podes fazer com a graça é mostrar que está a mudar a personagem.
Todos os meus relatos tratam da acção da graça
sobre uma personagem que não está disposta a aceitá-la…”


15.4.08

HOMEM PARA DEUS

Ele vai só ele não tem ninguém
onde morrer um pouco toda a morte que o espera
Se é ele o portador do grande coração
e sabe abrir o seio como a terra
temei não partam dele as grandes negações
Que há de comum entre ele e quem na juventude foi
que mão estendem eles um ao outro
por sobre tanta morte que nos dias veio?
É no seu coração que todo o homem ri e sofre
é lá que as estações recolhem findo o fogo
onde aquecer as mãos durante a tentação
é lá que no seu tempo tudo nasce ou morre
Não leva mais de seu que esse pequeno orgulho
de saber que decerto qualquer coisa acabará
quando partir um dia para não voltar
e que então finalmente uma atitude sua há-de implicar
embora diminuta uma qualquer consequência
O que Deus terá visto nele para morrer por ele?
Oh que responsabilidade a sua
Que não dê como a árvore sobre a vida simples sombra
que faça mais do que crescer e ir perdendo as vestes

Oh que difícil não é criar um homem para Deus



Ruy Belo, TODOS OS POEMAS I

22.3.08

TS Eliot

A música da poesia não é coisa que
exista separada do seu significado.
É claro que poesia alguma corresponde
exactamente à linguagem que o poeta fala e ouve;
mas ela deve manter uma relação com
a maneira de falar da sua época.
A música da poesia deve, portanto,
ser uma música latente na fala quotidiana
do seu tempo.

20.2.08

One Word More

Rafael made a century of sonnets,
Made and wrote them in a certain volume
Dinted with the silver-pointed pencil
Else he only used to draw Madonnas:


These, the world might view – but one, the volume.
Who that one, you ask? Your heart instructs you...
You and I would rather read that volume...
Would we not? That wonder at Madonnas...


Dante once prepared to paint an angel:
Whom to please? You whisper «Beatrice»...
You and I would rather see that angel,
Painted by the tenderness of Dante,
Would we not? - than read a fresh Inferno.


Browning

7.12.07

Anthologia de Textículos #3

A Leste do Paraíso / John Steinbeck

"Ao monstro, o normal deve parecer monstruoso, visto que tudo é normal para ele. E para aquele cuja monstruosidade é apenas interior, o sentimento deve ser ainda mais difícil de analisar, visto que nenhuma tara visível lhe permite comparar-se aos outros. Para o homem nascido sem consciência, o homem torturado deve parecer ridículo. Para o ladrão, a honestidade não é mais que fraqueza. Não esqueçam que o monstro não passa de uma variante e que, aos olhos do monstro, o normal é monstruoso."


25ª Hora / Virgil Gheorghiu

"«A vida nunca tem um fim objectivo, a não ser que assim se chame à morte: todo o fim real e verdadeiro é subjectivo». A Sociedade Técnica Ocidental quer oferecer à vida um fim objectivo. É a melhor maneira de a aniquilar. Reduziram a vida a uma estatística. Mas.: «Toda a estatística deixa escapar o caso único no seu género, e quanto mais a humanidade evolui, tanto mais será a unicidade de cada indivíduo e de cada caso particular que contará». A Sociedade Técnica progride exactamente no sentido inverso: generaliza tudo. «Foi à força de generalizar e de investigar, ou de colocar todos os valores no que é geral, que a humanidade ocidental perdeu todo o sentido dos valores do único, e, por consequência, da existência individual. Dai o imenso perigo do colectivismo, quer seja compreendido à russa ou à americana»."

«»Conde H. De Keyserling

16.11.07

Requiem Officium Defunctorum

Aleksandr Isaevič Solženicyn - Gulag

"Ah, se as coisas fossem assim tão simples! Se num dado lugar houvesse pessoas de alma negra, tramando maldosamente negros desígnios e se se tratasse somente de diferenciá-las das restantes e de aniquilá-las! Mas a linha que separa o bem do mal atravessa o coração de cada pessoa. E quem destrói um pedaço do seu coração?..."


Selma Lagerlöf - O Cocheiro da Morte

"Continuou sentado na cadeira, sentindo-se infinitamente velho. Tornara-se paciente e submisso como acontece aos velhos. Não se atrevia a esperar nada nem a desjar nada; contentava-se em juntar as mãos e pronunciar em voz baixa a oração do cocheiro:
- Senhor Deus, permite que a minha alma alcance a maturidade antes de ser ceifada."


Georges Bernanos - Diário de um Pároco de Aldeia

"O pecado contra a esperança - o mais mortal de todos, e talvez o mais bem acolhido, o mais acarinhado. É preciso muito tempo para o reconhecer, e a tristeza que o anuncia, que o precede, é tão doce! É o mais rico dos elixires do demónio, a sua ambrosia. Porque a angústia...
(a página foi rasgada.)"

Anthologia de Textículos #2

11.11.07

Anthologia de Textículos #1

Evelyn Waugh – Reviver o passado em Brideshead

“…quando parti e me voltei dentro do carro para ver aquilo que prometia ser a minha última visão da casa, senti que deixava para trás parte de mim mesmo e que, aonde quer que fosse depois, sentiria a sua falta e a procuraria sem esperanças, como dizem que os espíritos fazem, frequentando os locais onde enterraram tesouros materiais sem os quais não podem pagar a viagem para o inferno.”



T. S. Eliot - The Love Song of J. Alfred Prufrock (excerto)

And indeed there will be time
For the yellow smoke that slides along the street,
Rubbing its back upon the window-panes;
There will be time, there will be time
To prepare a face to meet the faces that you meet;
There will be time to murder and create,
And time for all the works and days of hands
That lift and drop a question on your plate;
Time for you and time for me,
And time yet for a hundred indecisions,
And for a hundred visions and revisions,
Before the taking of a toast and tea.



(Nota: o corpus editorialis não tem paciência para bibliografias
qualquer dúvida telefone para o número 764928 ou 708172)

18.10.07

Cit#23 - Guns N' Roses

November Rain

When I look into your eyes
I can see a love restrained
But darlin' when I hold you
Don't you know I feel the same

'Cause nothin' lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold November rain

We've been through this such a long long time
Just tryin' to kill the pain

But lovers always come and lovers always go
An no one's really sure who's lettin' go today
Walking away

If we could take the time
to lay it on the line
I could rest my head
Just knowin' that you were mine
All mine
So if you want to love me
then darlin' don't refrain
Or I'll just end up walkin'
In the cold November rain

Do you need some time...on your own
Do you need some time...all alone
Everybody needs some time...on their own
Don't you know you need some time...all alone

I know it's hard to keep an open heart
When even friends seem out to harm you
But if you could heal a broken heart
Wouldn't time be out to charm you

Sometimes I need some time...on myown
Sometimes I need some time...all alone
Everybody needs some time...on their own
Don't you know you need some time...all alone

And when your fears subside
And shadows still remain
I know that you can love me
When there's no one left to blame
So never mind the darkness
We still can find a way
'Cause nothin' lasts forever
Even cold November rain

Don't ya think that you need somebody
Don't ya think that you need someone
Everybody needs somebody
You're not the only one
You're not the only one



Aproveite Novembro para rechear
os seus celeiros antes de hibernar

16.10.07

Cit#22 - Planctus destructionis regni Ungarie per Tartaros, 1º pergaminho

Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria.
Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros
Escrito por um clérigo da época.

Tu, qui deus es cunctorum,
iustus iudex meritorum
bonis reddens bona multa
mala nulla fers inulta
equa lance iustitie.

'Peccaverunt' 'nostri' 'patres'
tibi, nos et nostri fratres,
mala nostra succreverunt,
que nos nimis invenerunt
in diebus angustie.

Cuncti sumus neci dati,
sunt populi captivati,
sunt milites gladiati;
ad quid ergo sumus nati
tanta mala cernere ?

Fluit saguis feminarum,
pallet decor puellarum,
puerorum turba tacet,
senex, anus ense iacet
nephario funere,

Domum Saul Philistei,
genus Iacob Canopei,
gregem iusti Iob Sabei;
cum insontes oves dei
tanta cede sternitis.

Trucidatis matronarum
turbam, simul puellarum
neque clerum reverentes
neque senum miserentes
nec parvulis parcitis.

Que vos terra, qui parentes
genuerunt tales gentes
tam crudeles, tam feroces,
ad nocendum tam veloces
et sub armis vivere.

O natura mater dura,
quare tibi fuit cura
sevam gentem Tartharorum
ad flagellorum populorum
in hanc lucem ducere?

Cur non matres conclusisti;
cur conceptum concessisti,
nequam proles cur creatur,
per quam mundus conturbatur,
cultor Christi moritur?

Heu, quis aquas capitibus
nec non nostris luminibus
lacrimarum dabit munus
ad plangendum tantum funus,
quod nobis ingeritur?

Ierusalem mater, plange,
celi forum planctu tange,
mitte sursum suspirium,
vestem sume cilicium,
caput sparge cinere.

Grandis tibi venit dolor,
omnis a te fugit color,
funde fontem lacrimarum,
planctum tibi fac amarum
diro lesa vulnere.

Universi tui nati
probi, pulcri, delicati
sunt ab hoste iugulati,
vulnerati, vinculati
per ingens obprobrium.

Interfecti sepultura,
wlnerati carent cura,
vinculati solutore,
fugitivi protectore
pro timore gentium.

Arma duces acceperunt,
viri fortes convenerunt
hosti terga percussuri
vel ab hoste ruituri
cuncti pari prelio.

Set cum belli lux illuxit,
hostem Martem mox instruxit,
Hungarorum cor expavit,
castra timor perturbavit,
fugit mens et ratio.

Regnum nutat et corona,
Mars desevit et Bellona,
vibrat hastas, tela iacit
et in mensem cedem facit,
fusa iacent corpora.

Pontifices et primatos
una cadunt, almi vates
prosternuntur, viri fortes
disperguntur et cohortes,
instant dura tempora.

Summa nescit occisorum
mera claudi numerorum,
det bine, que venerunt,
cum sorore vix ruperunt
morientum licia.

Hungarorum pro ruina
celum stupet pro ruina,
chaos ferri mundi rebus
crederetur hiis diebus
hac visa miseria.

Est completum, Davitico
quod cantatur in cantico,
nullus fuit; magnatorum
carnes sive clericorum
qui telbari traderet.

Tabescentes putruerunt,
aves celi commederunt,
dentes canum consumpserunt,
ossa lupi disperserunt;
nemo, qui repelleret.

Non est mirum, quod sunt victi,
quod sic morti sunt addicti,
nam maiores et minores
corrumpentes bonos mores
sectabantur vitia.

Erant eneim viri duri
repugnantes omni iuri,
falsi testes et periuri,
mechi, fures, Epicuri,
quorum deus dolia.

Oppressores advenarum,
vastatores viduarum,
exactores egenorum
et predones pupillorum
repulsa iustitia.

In vestitu sumptuosi,
in ornatu studiosi,
compti, docti superbire,
curiosi lasciviri
prolventes mandacia.

Plorans plorat Rachel pia
non admittens solatia
Tartharo malitia
filiorum tot milia
cessa brevi spatio.

Nata Syon luget via,
venit ad se nemo quia
nec filius nec filia
matris agens solempnia
pacis in naufragio.

Truculentus hostis finit,
dei domus ignis unit,
tempus transit lucis feste
non honeste, set moleste
cum multa mestitia.

Non salutis officium
pro salute fidelium
in hac vita viventium
nec a carne migrantium
aguntur obsequia.

Cit#22 - Planctus destructionis regni Ungarie per Tartaros, 2º pergaminho

Blasphemantur sancti dei,
sacra tractant viri rei,
violantur ornamenta,
temerantur sacramenta
hostili nequitia.

Liber vite lacerantur,
sacerdotes trucidantur,
crux et calix confiscantur,
vasa templi prophanantur,
cessant ministeria.

Disturbantur heremite,
dissolvuntur cenobite,
loca pacis sine lite
frequentantur a milite,
nulla viget regula.

Vacant laudes matutine,
silent voces vespertine,
nulla sonat psalmodia
nec auditur melodia,
claustra fiunt stabula.

Cuncti fuge consulentes,
se salvare cupientes
aurum linquunt et argentum,
servos et equos et armentum,
cara fiunt vilia.

Mulieres delicate,
que vix ibant substentate,
metu mortis perturbate
currunt pedes longe late
per terrarum spatia.

Inter artam constitutam,
defensore destitutam
gentem sprevit Hungarorum
cetus omnis amicorum
in cucta vicinia.

Qui paganos evaserunt,
sclavi captos abduxerunt,
res preclaras nobilium
rapuerunt, flebilium
detraxerunt spolia.

Candit honon et honestas,
perit robur et potestas,
iura, leges abrogantur,
possessores spoliantur
rerum patrimonio.

Languit fides, spes tabescit
et caritas refrigescit,
pudor castus erubescit
et incestus invalescit,
pudor cedit vitio.

Contra pium ius nature
sunt infantes nimis dure,
per parentes interfecti
flammis, aquis vel abiecti,
quod est nefas dicere.

Olyim Nilus et Iudea
puerorum nece rea,
nunc et nostra Panonnia
superavit nec omnia
pari madens scelere.

Persequentis timens manus
intrat templum Christianus
matris sperans auxilium;
matrem simul et filium
consumit incendium.

Hostis ensis quos subtraxit
captivatos secum traxit,
clara natos genitura
servitutis ligant iura,
miles fit mancipium.

Olyim dives Hungaria,
dum fulgeres in gloria
firma tincta. potentia,
regna vincens felicia
rerum affluentia,

Regrum tibi latitudo,
rerum clara celsitudo,
pugnatorum fortitudo,
populorum multitudo
paxque per confinia;

Per te regna sunt vestata,
set tu nunqmam superata,
fama; laude dilatata,
paradiso comparata
cum bonorum copia.

Nunc in sena tempestate
te confusam vastitate,
rerum pressam paupertate
pre virorum paucitate
regna vincunt omnia.

Tibi versit hic eventus
tanta peste turbulentus
ob peccata, que fecisti,
messuisti,
meritorum premia.

Perdidisti fame florem,
grande nomen et honorem,
sanda tua sunt polluta,
sacra loca destituta
tua pro malitia.

Dives marcet egestate,
trabeatus nuditate,
fame, gelu fatigati
micas rogant delicati
pre panis penuria.

Qui sub cancro latuerunt;
port in Iano perierunt,
hastas, arcus qui fugerunt;
elementa perimerunt
illos clade varia.

In croceis enutriti
fuge longe via triti
tanta pena sunt puniti,
quod vixerunt, set inviti,
canum cadaveribus.

Ira dei non quievit
his patratis, ymo crevit,
nam fit fames, nigratur
os mandorum, quod cibatur
humanis corporibus.

Multi facti sunt Therei
et Thereo magis rei,
dunt parentes replent neti
sua per se iugulati
viscera visceribus.

Famis malo nemo tutus,
fratrem frater persecutus
et amicos amicorum
et ignotus ignotorum
nascitur de carnibus.

Visu pulcra perierunt,
pretiosa viluerunt,
ordo, sesus, etas ruit,
qui iuvaret, nemo fuit,
in hac pestilentia.

Surge, Christe, rex virtutis,
fuga rei, spes salutis,
arma, scutum apprehende
et in hostes manum tende
regali potentia.

Salva nostram Ungariam
gravem passam angariam,
quam gens lesit Thartharina,
tua sana medicina
per celestem gratiam.

Virgo mater, roga natum
et peccatis irritatum
tua prece fac placatum,
nostrum solvat ut reatum
et pellat mestitiam,

Perdat, hostem furibundum,
reddat regrum letabundum,
hastas, arcus, tela terat,
veram nobis pacem ferat
post tantarum miserias.

Nostram, deus, sume precem,
harc a nobis aufer necem
et, fecisti quam lugere,
terso luctu fac gaudere
populi reliquias.

Et cetera. Amen.

Cit#21 - Rainer Maria Rilke

Rainer Maria Rilke – Cartas a um Jovem Poeta

“Se o nosso olhar alcançasse para além dos limites do conhecimento, e mesmo para além do halo dos nossos pressentimentos, talvez acolhêssemos as nossas tristezas com mais confiança ainda do que as nossas alegrias. As tristezas são alvoradas novas em que o desconhecido nos visita. A alma assustada e receosa, cala-se, tudo se afasta, faz-se uma grande calma e o inconhecível surge em silêncio.”

3.9.07

Adenda #4 - Time Iesum Transeuntum et Non Riverentum

We were searching for the secrets of the universe,
we rounded up demons and forced them
to tell us what it all meant.

We tied them to trees,
and broke them down, one by one.
On a scrap of paper they wrote these words:

(And as we read them, the sun broke,
through the trees.)

"Dread the passage of Jesus, for he will not return."

Then we headed back to our world,
and left the forest behind,
our hearts singing with all the knowledge of love.

But somewhere, somehow, we lost the message,
along the way,
and when we got home, we bought ourselves a house.

And we bought a car that we did not use,
And we bought a cage,and two singing birds.
And at night we'd sit and listen to the canary song.

For we'd both run right out of words.

Now the stars they are all angled wrong,
and the sun and the moon refuse to burn.

But I remember a message,
in a demon's hand,

"Dread the passage of Jesus, for he does not return."
...he does not return
...he does not return

Nick Cave

23.7.07

Cit.#4 - Sophia de Mello Breyner

Meditação do Duque de Gandia Sobre a Morte de Isabel de Portugal

Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver


Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

Sophia de Mello Breyner
Mar Novo, 1958

19.7.07

Cit.#3 - Jack London

- Ainda aí está, todo inteiro?
- Sim – responderam os seus lábios.
Quebrou-se o último fio. Algures, dentro daquele túmulo de carne, existia ainda a alma de um homem. Emparedada pelo barro vivo, continuava a arder aquela inteligência fogosa que lhe havíamos conhecido. Mas ardia em silêncio e nas trevas. Estava como que separada do corpo. Não tinha corpo. O próprio mundo não existia. Conhecia-se apenas a si mesma, e a vastidão infinita do silêncio e das trevas.

Jack London, O Lobo do Mar

14.7.07

Cit.#1 - Bernanos

“Envolveu a sua confidente num olhar em que havia uma espécie de ternura, porque aquela amizade, cortada por tantas tempestades, retempera-se incessantemente na cumplicidade dos mesmos prazeres”.

Bernanos

13.7.07

Oração Popular

Padre Nosso Pequenino
Dá-lhe a chave do Menino
Quem a tem ,quem a teria
São Pedro, Santa Maria
Cruz em monte, cruz em fonte
Que o pecado não me encontre
Nem de dia ,nem de noite
Nem ao pino do meio dia
Já os galos pretos cantam
Já os anjos se levantam
Já o Senhor subiu à cruz
Que a minh'alma tenha luz
Para sempre
Ámen Jesus

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...