Rainer Maria Rilke – Cartas a um Jovem Poeta
“Se o nosso olhar alcançasse para além dos limites do conhecimento, e mesmo para além do halo dos nossos pressentimentos, talvez acolhêssemos as nossas tristezas com mais confiança ainda do que as nossas alegrias. As tristezas são alvoradas novas em que o desconhecido nos visita. A alma assustada e receosa, cala-se, tudo se afasta, faz-se uma grande calma e o inconhecível surge em silêncio.”
16.10.07
8.10.07
Pussêsso
Saltando macabros lá dentro
tinha o corpo cheio de diabos
um gordo e asqueroso untava-lho sentimento
outro não dormia abrigava-o a pensar
manhãs, noites, tardes, madrugadas de tormento
Lúcia
tinha o corpo cheio de diabos
um gordo e asqueroso untava-lho sentimento
outro não dormia abrigava-o a pensar
manhãs, noites, tardes, madrugadas de tormento
Lúcia
Poema Varonil
Tens o ânimo volátil
Oh! Mulher tu és vil
com esse espírito frígil
tratas teu homem como um fóssil
encasulada nessa túnica inconsútil
Lúcio Ferro
Oh! Mulher tu és vil
com esse espírito frígil
tratas teu homem como um fóssil
encasulada nessa túnica inconsútil
Lúcio Ferro
Concerto de Violino Tchaikovsky
1º Andamento
Violinos em fuga ladinos,
agito os braços com estrépito,
vibro louco na melodia,
toda a orquestra grita,
solo quente extasiado,
novo mel acariciado,
nas crinas finas do cavalo,
chora agora desesperado,
deixo me levar na onda sentimental.
Torço sobre o meu peito,
imagino vagas formas ondulando,
lágrimas só para mim guardo,
marcha rubra marcial,
salto berro como um animal,
técnica pianíssimo inatingível,
gota a gota plange destroçado.
Suave agora cai o sangue derramado,
tropelias de criança cabriolas,
sobe o ritmo volupto em argolas,
grinaldas brilhos fugazes,
esplendor emotivo rasga a carne.
Doce violino balança,
acompanha minha lúgubre dança,
voamos os dois nus sobre a cidade,
na escura solidão da noite,
agita-te tu agora que me guardo,
para o grande final,
explosões de cor gritos roucos,
cavalgada gloriosa triunfal,
palmas júbilo real.
2º Andamento
Solta agora lamúrios dolentes.
Ruas tristes de madrugada,
oiço o teu lamento,
não sei onde estás deitada.
Lágrimas pueris na colcha doente,
beijaria teus pés de brancura imaculada,
para tentar reparar tua angústia latente.
Choras alto acordas o prédio,
seguro, também eu de rosto húmido,
o teu soluçante ventre,
assim adormeceremos abraçados,
no tapete vermelho e gasto.
3º Andamento
Alegria jovem renascida,
stacatto investido toureiro,
gazela pinchando pelos prados.
Sol forte e quente, coisas miúdas fugidias,
descansamos por momentos á sombra fresca dum carvalho,
mas saltas matreira,
estás apaixonada,
mel nos teus olhos de gata parda,
afago teu longos caracóis,
silêncio a dois.
Riachos gritam animados o fim da tarde,
aldeia branca em festa,
diligência bruta cavalgante,
velho pisco entrevado,
miúdos pipilando.
Flautas agudas frias,
tudo nos passou pelos pensamentos,
chegas-te mais dengosa,
beijos bravos apaixonados,
escapas doida aos pulos com tua saia de balão,
corro ágil folgazação,
escondido nas árvores em tua perseguição,
quase quase que te apanho,
enlaço doido o teu ventre de vespa,
dou-te um beijo...
Zé Chove
Violinos em fuga ladinos,
agito os braços com estrépito,
vibro louco na melodia,
toda a orquestra grita,
solo quente extasiado,
novo mel acariciado,
nas crinas finas do cavalo,
chora agora desesperado,
deixo me levar na onda sentimental.
Torço sobre o meu peito,
imagino vagas formas ondulando,
lágrimas só para mim guardo,
marcha rubra marcial,
salto berro como um animal,
técnica pianíssimo inatingível,
gota a gota plange destroçado.
Suave agora cai o sangue derramado,
tropelias de criança cabriolas,
sobe o ritmo volupto em argolas,
grinaldas brilhos fugazes,
esplendor emotivo rasga a carne.
Doce violino balança,
acompanha minha lúgubre dança,
voamos os dois nus sobre a cidade,
na escura solidão da noite,
agita-te tu agora que me guardo,
para o grande final,
explosões de cor gritos roucos,
cavalgada gloriosa triunfal,
palmas júbilo real.
2º Andamento
Solta agora lamúrios dolentes.
Ruas tristes de madrugada,
oiço o teu lamento,
não sei onde estás deitada.
Lágrimas pueris na colcha doente,
beijaria teus pés de brancura imaculada,
para tentar reparar tua angústia latente.
Choras alto acordas o prédio,
seguro, também eu de rosto húmido,
o teu soluçante ventre,
assim adormeceremos abraçados,
no tapete vermelho e gasto.
3º Andamento
Alegria jovem renascida,
stacatto investido toureiro,
gazela pinchando pelos prados.
Sol forte e quente, coisas miúdas fugidias,
descansamos por momentos á sombra fresca dum carvalho,
mas saltas matreira,
estás apaixonada,
mel nos teus olhos de gata parda,
afago teu longos caracóis,
silêncio a dois.
Riachos gritam animados o fim da tarde,
aldeia branca em festa,
diligência bruta cavalgante,
velho pisco entrevado,
miúdos pipilando.
Flautas agudas frias,
tudo nos passou pelos pensamentos,
chegas-te mais dengosa,
beijos bravos apaixonados,
escapas doida aos pulos com tua saia de balão,
corro ágil folgazação,
escondido nas árvores em tua perseguição,
quase quase que te apanho,
enlaço doido o teu ventre de vespa,
dou-te um beijo...
Zé Chove
Experiência
Vamos aqui experimentar
os esquemas do Pessoa
oito sílabas a completar
cinco versos em AB Á AB
Vamos lá ver como é que soa
Madalena Nova
os esquemas do Pessoa
oito sílabas a completar
cinco versos em AB Á AB
Vamos lá ver como é que soa
Madalena Nova
Immigrant Song
Grita encanto, Grita encanto
Com toda a força das goelas
não haja lamúrios e prantos
quando fores recebê-las
De volta mulher e sogra
do exílio em França
uma benvinda outra sobra
ainda assim grande festança
Anos e anos de trabalho
com o coração ao longe
desfruta agora o prémio bem ganho
alcançado com vida de monge
Nicolau Divan
Com toda a força das goelas
não haja lamúrios e prantos
quando fores recebê-las
De volta mulher e sogra
do exílio em França
uma benvinda outra sobra
ainda assim grande festança
Anos e anos de trabalho
com o coração ao longe
desfruta agora o prémio bem ganho
alcançado com vida de monge
Nicolau Divan
Cabeleireiras Angelicais
Cabeleireiras angelicais
lavam-to cabelo em água tépida
na ponta dos seus dedos és marionette
tua cabeça cede leve aos seus sinais
À tua volta três fadas vaporosas
contemplas ruborizado no espelho
teu coro cabeludo é fofo coelho
que elas afagam voluptuosas.
Filipe Elites
lavam-to cabelo em água tépida
na ponta dos seus dedos és marionette
tua cabeça cede leve aos seus sinais
À tua volta três fadas vaporosas
contemplas ruborizado no espelho
teu coro cabeludo é fofo coelho
que elas afagam voluptuosas.
Filipe Elites
3.10.07
Mãozadas de Caramelos
Pé ante pé. Oh!
Vais pondo malha sobre malha
Mas se pões o pé na argola
Se a memória não me falha
Cais de cabeça prá cova
E não há anjo que te valha.
Maria Vouga
Vais pondo malha sobre malha
Mas se pões o pé na argola
Se a memória não me falha
Cais de cabeça prá cova
E não há anjo que te valha.
Maria Vouga
Nojenta Edição Fatela
Nojenta edição fatela
Aterrou nas minhas unhas
Quis atirá-la janela
Abaixo para as vizinhas
Rodava o livro pelo ar
E logo me arrependi
Coma raiva e sem pensar
Doutro livro me desfiz
Subiu-me o sangue à cabeça
Ainda hoje sofro flashbacks
Voando pela fenestra
Ai! O meu livro de cheques
Ainda tenho à cabeceira
Para jamais me esquecer
Maldito livro foleiro
Que tanto me fez sofrer
Não se exalte tenha calma
Sussurro meigo à minha alma
Nicolau Divan
In Quadras de Gosto Duvidoso
Aterrou nas minhas unhas
Quis atirá-la janela
Abaixo para as vizinhas
Rodava o livro pelo ar
E logo me arrependi
Coma raiva e sem pensar
Doutro livro me desfiz
Subiu-me o sangue à cabeça
Ainda hoje sofro flashbacks
Voando pela fenestra
Ai! O meu livro de cheques
Ainda tenho à cabeceira
Para jamais me esquecer
Maldito livro foleiro
Que tanto me fez sofrer
Não se exalte tenha calma
Sussurro meigo à minha alma
Nicolau Divan
In Quadras de Gosto Duvidoso
Labrego envinhado
Labrego envinhado em pulmão de cimento,
Escarro persistente de tez macilenta,
Rumo incerto vida cinzenta,
Vícios baratos, bafos intensos.
Apodrecendo em vinha d’alhos,
Jazia podre em terrenos de taberna,
Sonhava de olhos abertos,
Baba loira pendendo senil.
Todo o desconforto, num rosto de êxtase, (num sorriso aberto)
Navegava bem longe do boteco,
Galhardo em areias do oriente.
Olho inerte, o bicho borrachoso treme ,
Capto um suspiro de vida surdo como um eco,
Saiu para o frio da noite arrastando um pedaço de gente.
Zé Chove
Escarro persistente de tez macilenta,
Rumo incerto vida cinzenta,
Vícios baratos, bafos intensos.
Apodrecendo em vinha d’alhos,
Jazia podre em terrenos de taberna,
Sonhava de olhos abertos,
Baba loira pendendo senil.
Todo o desconforto, num rosto de êxtase, (num sorriso aberto)
Navegava bem longe do boteco,
Galhardo em areias do oriente.
Olho inerte, o bicho borrachoso treme ,
Capto um suspiro de vida surdo como um eco,
Saiu para o frio da noite arrastando um pedaço de gente.
Zé Chove
Reinos Devastados
Reinos devastados
campos de morticínio
corpos decepados
nações em declínio
estampidos de trombetas
clamam todos os povos
vociferam as cornetas
alevantam-se os novos
Gritos de ordem imperiais
reclamam uma nova luta
Brás
campos de morticínio
corpos decepados
nações em declínio
estampidos de trombetas
clamam todos os povos
vociferam as cornetas
alevantam-se os novos
Gritos de ordem imperiais
reclamam uma nova luta
Brás
O Comboio
O Comboio na noite
rasga o frio
sigo de costas
arrastado confiante
dormitando até
ao meu destino
Adormeço
Acordo sobressaltado
já devia ter chegado
tudo ressona
nem uma luz
parados no nenhures
Foge me o chão
tento o impulso no vazio
suo
Carlos Marques
rasga o frio
sigo de costas
arrastado confiante
dormitando até
ao meu destino
Adormeço
Acordo sobressaltado
já devia ter chegado
tudo ressona
nem uma luz
parados no nenhures
Foge me o chão
tento o impulso no vazio
suo
Carlos Marques
Sã e Dura
Uma alegria sã e dura
esplendorosa alta muralha
indefectível brilhando segura
ao sol ogiva metálica sem falha
peito cheio de orgulho e bravura
Paulo Ovo
esplendorosa alta muralha
indefectível brilhando segura
ao sol ogiva metálica sem falha
peito cheio de orgulho e bravura
Paulo Ovo
Mosteiro Abandonado
Mosteiro abandonado
perdido na serra
escondido entre a respiração da vegetação
voto de silêncio eterno
pedras nuas
fonte fresca
só vivem as campas dos santos
recorte austero
pobreza em voto consumada
sol, chuva, granizo
espinhosas silvas mortificam a matéria
e a cruz ao alto abraça os céus
André Istmo
perdido na serra
escondido entre a respiração da vegetação
voto de silêncio eterno
pedras nuas
fonte fresca
só vivem as campas dos santos
recorte austero
pobreza em voto consumada
sol, chuva, granizo
espinhosas silvas mortificam a matéria
e a cruz ao alto abraça os céus
André Istmo
Nutella
Pegaste na colher
atacaste o Nutella
Encheste a bocarra sequiosa até verter
da mole e avelanosa mistela
Zé Chove
atacaste o Nutella
Encheste a bocarra sequiosa até verter
da mole e avelanosa mistela
Zé Chove
Salas submersas
Salas submersas
nos destroços dos navios
reinamos o mundo
vemos tudo desfocado aqui do fundo
decretamos como sábios
Quando será o fim do universo
Lúcio Ferro
nos destroços dos navios
reinamos o mundo
vemos tudo desfocado aqui do fundo
decretamos como sábios
Quando será o fim do universo
Lúcio Ferro
Um miasma de carpideiras
Um miasma de carpideiras
descendo às caves do metro
e cego batucando os ritmos do apocalipse
maralha autista de olhar trôpego
demos origem à comunidade
os que aqui estamos minha gente
na moderna carruagem de metro
o trilho comum é sempre em frente
Vamos em êxtase grupal
cantando o nosso hino
carne humana cheiro animal
“O barrasco não sabe travar este chouriço!”
“Não queremos mais seguir nesta direcção”
“Que força é esta que nos faz mover?
-O número do movimento segundo um antes
e um depois.-
E depois?
Os que aqui estamos não paramos o vagão
nem que andemos todos para trás.
Absolvição geral!
Vamos atacar a carruagem da frente!
Diniz Giz
descendo às caves do metro
e cego batucando os ritmos do apocalipse
maralha autista de olhar trôpego
demos origem à comunidade
os que aqui estamos minha gente
na moderna carruagem de metro
o trilho comum é sempre em frente
Vamos em êxtase grupal
cantando o nosso hino
carne humana cheiro animal
“O barrasco não sabe travar este chouriço!”
“Não queremos mais seguir nesta direcção”
“Que força é esta que nos faz mover?
-O número do movimento segundo um antes
e um depois.-
E depois?
Os que aqui estamos não paramos o vagão
nem que andemos todos para trás.
Absolvição geral!
Vamos atacar a carruagem da frente!
Diniz Giz
Averbamentos Diferidos
“Sabes o que significa højenergifysik em sueco?
Exacto. É isso mesmo em que estás a pensar!”
“Este frio assa-me as artroses até ao tutano!”
“Mãe passa-me a ticharte que diz – Tenho Doenças.”
“Estou descarregando da esfíncternet”
“Porque é que você não abre a sua alma para mim como eu abro a minha para si?”
“Cão infiel! Quem permitiu que escrevesses!”
“Arrependei-vos,
Cães, escorpiões, serpentes,
lagartos, crocodilos, sapos,
arda a vossa pele imunda
fogo purificador vos consuma
correntes, masmorras e grades
chicotes, bofetadas, mordaças
calai-vos eternamente!”
“Não passam de brumas gordas de vãs memórias”
“Quando o teu pai sai da casa-de-banho fica no ar um cheiro a charuto”
“Mais ao gosto popular como eu sei que você gosta”
“Ossos crescendo para dentro
sufoco rijo apertado”
"Flesh back flashbacks"
“A estrela branca com inveja da lua
era a primeira no céu a brilhar”
“Esta bela lagoa do azul mais cristalino
no fundo está cheia de lodo”
“Que raio de conforto é este em que nos afogamos?”
“Nem o poder de todas as borboletas juntas vai alterar o teu destino”
"Tanta argamassa nas veias
Embota-te o correr das lágrimas"
“Tenho vivido obcecado com a criação
Por favor não me tomem por louco
Duma nova religião”
V.A.
(aceitamos comentários psicanalíticos)
Exacto. É isso mesmo em que estás a pensar!”
“Este frio assa-me as artroses até ao tutano!”
“Mãe passa-me a ticharte que diz – Tenho Doenças.”
“Estou descarregando da esfíncternet”
“Porque é que você não abre a sua alma para mim como eu abro a minha para si?”
“Cão infiel! Quem permitiu que escrevesses!”
“Arrependei-vos,
Cães, escorpiões, serpentes,
lagartos, crocodilos, sapos,
arda a vossa pele imunda
fogo purificador vos consuma
correntes, masmorras e grades
chicotes, bofetadas, mordaças
calai-vos eternamente!”
“Não passam de brumas gordas de vãs memórias”
“Quando o teu pai sai da casa-de-banho fica no ar um cheiro a charuto”
“Mais ao gosto popular como eu sei que você gosta”
“Ossos crescendo para dentro
sufoco rijo apertado”
"Flesh back flashbacks"
“A estrela branca com inveja da lua
era a primeira no céu a brilhar”
“Esta bela lagoa do azul mais cristalino
no fundo está cheia de lodo”
“Que raio de conforto é este em que nos afogamos?”
“Nem o poder de todas as borboletas juntas vai alterar o teu destino”
"Tanta argamassa nas veias
Embota-te o correr das lágrimas"
“Tenho vivido obcecado com a criação
Por favor não me tomem por louco
Duma nova religião”
V.A.
(aceitamos comentários psicanalíticos)
2.10.07
Não gosto de te ver assim velado
Não gosto de te ver assim velado
corta os laços do teu véu
deixa-me contemplar abismado
o esplendor desenhado no céu
só nos separe este cristal
já sinto o teu cheiro encarnado
há minha espera em silêncio no quintal
quero beijar as pétalas do teu lado.
Zé Chove
corta os laços do teu véu
deixa-me contemplar abismado
o esplendor desenhado no céu
só nos separe este cristal
já sinto o teu cheiro encarnado
há minha espera em silêncio no quintal
quero beijar as pétalas do teu lado.
Zé Chove
Desde Pequeno
Desde pequeno começou a escarafunchar,
com a unhita mole o imenso bloco de calcário
sobre o qual a sua mãe o dera à luz
- para sempre lá ficaram, cada vez mais esbatidas,
as manchas do sangue materno.-
Sempre a raspar ao de leve, talvez uma poeira diária.
Ao princípio com a displicência das crianças como se fosse uma brincadeira.
Debicando aqui e ali quedava maravilhado,
com os reflexos do sol nos cristais pétreos.
Mais tarde com determinação até que lhe sangrassem as unhas,
nalguma protuberância que mais o incomodasse.
Não sabia nessa altura o que o levava a esgravatar na pedra.
Nunca chegou a perceber se o desgaste
da pedra era provocado pelo seu esforço ou pela chuva.
Por vezes passava dias a sentir toda a pedra deitado de costas
esfregando com as mãos o frio monólito,
roçando-o também com o corpo até adormecer satisfeito.
Com o passar dos anos a pedra foi-se moldando ao seu corpo.
Mais tarde reparou que o seu corpo se deformara
de encontro aos obtusos ângulos da sua laje fria.
Lúcia
com a unhita mole o imenso bloco de calcário
sobre o qual a sua mãe o dera à luz
- para sempre lá ficaram, cada vez mais esbatidas,
as manchas do sangue materno.-
Sempre a raspar ao de leve, talvez uma poeira diária.
Ao princípio com a displicência das crianças como se fosse uma brincadeira.
Debicando aqui e ali quedava maravilhado,
com os reflexos do sol nos cristais pétreos.
Mais tarde com determinação até que lhe sangrassem as unhas,
nalguma protuberância que mais o incomodasse.
Não sabia nessa altura o que o levava a esgravatar na pedra.
Nunca chegou a perceber se o desgaste
da pedra era provocado pelo seu esforço ou pela chuva.
Por vezes passava dias a sentir toda a pedra deitado de costas
esfregando com as mãos o frio monólito,
roçando-o também com o corpo até adormecer satisfeito.
Com o passar dos anos a pedra foi-se moldando ao seu corpo.
Mais tarde reparou que o seu corpo se deformara
de encontro aos obtusos ângulos da sua laje fria.
Lúcia
1.10.07
Sorvia sôfregamente
Sorvia sôfregamente os fiapos sonoros despedidos pela guitarra ecoante.
Imaginava caminhos de ferro abandonados atravessando as mais diversas paisagens
Continha os gemidos de prazer, o choro e os gritos de raiva para não acordar o resto da casa.
Por vezes saltava de música em música em busca da que mais prazer lhe dava nas orelhas. Todo o seu corpo vibrava ao som das ondulantes melodias.
Os refrões acompanhavam-no pela vida. Tinha o refrão matinal/diário e um para cada situação da vida.
Lúcio Ferro
Imaginava caminhos de ferro abandonados atravessando as mais diversas paisagens
Continha os gemidos de prazer, o choro e os gritos de raiva para não acordar o resto da casa.
Por vezes saltava de música em música em busca da que mais prazer lhe dava nas orelhas. Todo o seu corpo vibrava ao som das ondulantes melodias.
Os refrões acompanhavam-no pela vida. Tinha o refrão matinal/diário e um para cada situação da vida.
Lúcio Ferro
Shot#17
Tens inocência nos teus olhos apesar deste mar de podridão
Mas já baloiças desamparada
Os tubarões já te rodeiam
Mário Mosca
Mas já baloiças desamparada
Os tubarões já te rodeiam
Mário Mosca
Um mar de gente invadiu o vale de Chelas
Um mar de gente invadiu o vale de Chelas
As tendas batlavam com o vento fresco
Aproximei-me de olhos semicerrados do sol
Ouviam-se gritos de crianças ciganas
O cheiro era de almoço apesar de ser cedo
Entrámos na maralha compacta
Vimos todas as raças
O sol forte trouxe as cinturas das miúdas
As ciganas de preto gordas davam concelhos às mais novas
Um preto quase azul experimentava um paletó de ceda branca
(Totalmente incompleto)
Filipe Elites
As tendas batlavam com o vento fresco
Aproximei-me de olhos semicerrados do sol
Ouviam-se gritos de crianças ciganas
O cheiro era de almoço apesar de ser cedo
Entrámos na maralha compacta
Vimos todas as raças
O sol forte trouxe as cinturas das miúdas
As ciganas de preto gordas davam concelhos às mais novas
Um preto quase azul experimentava um paletó de ceda branca
(Totalmente incompleto)
Filipe Elites
Mast Qallandaer
Lálááaaaaaaaaaaaaaa´´´´´´
Pernas sobre o tapete
O tecto de barro tosco
No fogo ancestral o chá
Falamos e fumamos
À noite
Quentes e alegres cantamos
Rasgamos a garganta em louvor
A Deus dos céus e da terra
Abraçamos os nossos filhos
De madrugada
Gritam os pássaros
Acordam as crianças
Tudo brilha cheio de cor
A felicidade palpita nas veias
da aurora
Ivo Lascivo
Pernas sobre o tapete
O tecto de barro tosco
No fogo ancestral o chá
Falamos e fumamos
À noite
Quentes e alegres cantamos
Rasgamos a garganta em louvor
A Deus dos céus e da terra
Abraçamos os nossos filhos
De madrugada
Gritam os pássaros
Acordam as crianças
Tudo brilha cheio de cor
A felicidade palpita nas veias
da aurora
Ivo Lascivo
14.9.07
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