16.11.08
O Cerne do Pensamento
o cerne do pensamento é
a falésia arenítica além Tejo
sem aviso se esb'roa a meus olhos
sob o rio em cascata espumosa
dilui-se nas águas dos cacilheiros
e faz-se meu não como o estáter
encontrado e entregue na boca do peixe
mas outro Tejo fluindo sem substrato
navego nocturnas esquecidas águas
e se me ofusca noite alta um Bugio
do leito com rotina industrial
drago do Tejo areias pretéritas
entre friáticas neblinas do Rio
ergo em pensamento novas falésias
Lúcio Ferro
a falésia arenítica além Tejo
sem aviso se esb'roa a meus olhos
sob o rio em cascata espumosa
dilui-se nas águas dos cacilheiros
e faz-se meu não como o estáter
encontrado e entregue na boca do peixe
mas outro Tejo fluindo sem substrato
navego nocturnas esquecidas águas
e se me ofusca noite alta um Bugio
do leito com rotina industrial
drago do Tejo areias pretéritas
entre friáticas neblinas do Rio
ergo em pensamento novas falésias
Lúcio Ferro
Escórias III
vagidos opalinos de outrora
soam agora sinos do incerto
indexei a criação montei um universo paralelo
Razão tinha o crato o prior
mas é ingrato será melhor
Orlando Tango
soam agora sinos do incerto
indexei a criação montei um universo paralelo
Razão tinha o crato o prior
mas é ingrato será melhor
Orlando Tango
Boletim Meteorológico
vi um torvelinho de paquidermes
em ventania repisando o céu
nuvens elefantinas em manadas
bramindo as árvores com trombas de água
Filipe Elites
em ventania repisando o céu
nuvens elefantinas em manadas
bramindo as árvores com trombas de água
Filipe Elites
Urbanidade
relaxo com os screensavers dos
pcs na sala com a luz fechada
passeio entre os carros estacionados
no parque da universidade
nos países frios fazem música alegre
talvez diminuam os suicídios
quanto mais asséptico o espaço mais
abjecta a intrusão da natureza
a centopeia no lençol, a cobra na sanita,
o escorpião na alcova da criança
Paulo Ovo
pcs na sala com a luz fechada
passeio entre os carros estacionados
no parque da universidade
nos países frios fazem música alegre
talvez diminuam os suicídios
quanto mais asséptico o espaço mais
abjecta a intrusão da natureza
a centopeia no lençol, a cobra na sanita,
o escorpião na alcova da criança
Paulo Ovo
Deleitado
deleitado na líquida dispersão
da multidão diluída no aluvião
da população que é mais gente
mais povo são corpos e corpos escorrendo
num licor de prata luminoso
que suga as sombras, indivíduos torrentes
de humanidade o exagero minguado o espaço
infinito em ondas de pessoas onde mergulho
na multidão na turba no mar humano
e eu mesmo sou a prata que tudo envolve
e banha afago o infinito trespasso
o infinito em multiplicação do sumo
Rui Barbo
da multidão diluída no aluvião
da população que é mais gente
mais povo são corpos e corpos escorrendo
num licor de prata luminoso
que suga as sombras, indivíduos torrentes
de humanidade o exagero minguado o espaço
infinito em ondas de pessoas onde mergulho
na multidão na turba no mar humano
e eu mesmo sou a prata que tudo envolve
e banha afago o infinito trespasso
o infinito em multiplicação do sumo
Rui Barbo
13.11.08
Escórias II
Cansa-te a repetição
A repetição
Estás cansado da repetição?
Sumério binário
Minério sumário
Refrigério bário
Estério armário
Deleutério dromedário
Sério salafrário
O contacto gera identidade
A criança ao leite materno
O fruto ao pássaro
Levei as palavras a pastar
Na carpete cartesiana os dois no futuro
Abstenho-me do sono em fogo lento
Ao prenúncio de vinho no teu lábio
Esquemática paixão conjuro
Orlando Tango
A repetição
Estás cansado da repetição?
Sumério binário
Minério sumário
Refrigério bário
Estério armário
Deleutério dromedário
Sério salafrário
O contacto gera identidade
A criança ao leite materno
O fruto ao pássaro
Levei as palavras a pastar
Na carpete cartesiana os dois no futuro
Abstenho-me do sono em fogo lento
Ao prenúncio de vinho no teu lábio
Esquemática paixão conjuro
Orlando Tango
Descriptione
Avançou para mim um caniche em cada trela
Bufando com os olhos semicerrados pelo fumo do tabaco
Desviei-me do penteado de refogado
Engolindo o sorriso pelas calças de fato-de-treino
Maior o porte mais cilíndricos os membros inferiores
A minha vizinha caminha sobre
Dois chorições de Veneza onde despontam
Dez unhitas de vermelho Ferrari
A fina flor de Albatorre
Rui Barbo
Bufando com os olhos semicerrados pelo fumo do tabaco
Desviei-me do penteado de refogado
Engolindo o sorriso pelas calças de fato-de-treino
Maior o porte mais cilíndricos os membros inferiores
A minha vizinha caminha sobre
Dois chorições de Veneza onde despontam
Dez unhitas de vermelho Ferrari
A fina flor de Albatorre
Rui Barbo
Estações
Capacete justo de nuvens
Iluminado pelos lampiões nocturnos
Vicia a noção do espaço
É opressivo
As têmporas sem saber latejam
Por um trovão
E o rego húmido das costas
Marca a transição
Entre o Verão e a Primavera
Ou será o Outono
Espera
Só encontro entusiasmo
Nos excessos
Diniz Giz
Iluminado pelos lampiões nocturnos
Vicia a noção do espaço
É opressivo
As têmporas sem saber latejam
Por um trovão
E o rego húmido das costas
Marca a transição
Entre o Verão e a Primavera
Ou será o Outono
Espera
Só encontro entusiasmo
Nos excessos
Diniz Giz
10.11.08
E se os muros
E se os muros se abatem sobre rio
E se os muros
E se os muros se abatem
Arrasta caudaloso a terra
Onde mordem as árvores
Zé Chove
E se os muros
E se os muros se abatem
Arrasta caudaloso a terra
Onde mordem as árvores
Zé Chove
Bala
Deliro com a estridência fiérica
Do porco, o grasnar das correias
de transmissão, o balir gerúndico das cabras
o pânico apoteótico do cavalo
a chuva púrpura ferve nos olhos
a brisa do rio esfaqueia a carne nua
e nem a morna lua
me em-
bala
Mário Mosca
Do porco, o grasnar das correias
de transmissão, o balir gerúndico das cabras
o pânico apoteótico do cavalo
a chuva púrpura ferve nos olhos
a brisa do rio esfaqueia a carne nua
e nem a morna lua
me em-
bala
Mário Mosca
Rebite
O céu tingido de iodo enferma
Prédios, pessoas
Filme em Pal-olhos semi-adoentados
Todo o dia passando facturas
Por cada rebite aplicado
Renego
Repete
Renego
Avio mais martelada
Neste rebite se repete
Diniz Giz
Prédios, pessoas
Filme em Pal-olhos semi-adoentados
Todo o dia passando facturas
Por cada rebite aplicado
Renego
Repete
Renego
Avio mais martelada
Neste rebite se repete
Diniz Giz
8.11.08
Naufrágios
Lares-destroços, mares-equinócios
ondas em sentido contrário
o equilíbrio vivo sobre um eixo rotário
enjoo vomitado o vinho ambrósio
e o petiz de fraque no cesto da gávea
Vagalhões sulcados a bombordo
da infante ignora nau
esfaimadas rochas a estibordo
que a quilha de conchas destroça
em vómitos de mareada náusea
Perdida nos cais vagueia a história:
“Esfiampados na praia jazem os mastros
os tesouros nas covas do mar”
Dos portos de abrigo sem memória
partem os marinheiros solitários
Nicolau Divan
ondas em sentido contrário
o equilíbrio vivo sobre um eixo rotário
enjoo vomitado o vinho ambrósio
e o petiz de fraque no cesto da gávea
Vagalhões sulcados a bombordo
da infante ignora nau
esfaimadas rochas a estibordo
que a quilha de conchas destroça
em vómitos de mareada náusea
Perdida nos cais vagueia a história:
“Esfiampados na praia jazem os mastros
os tesouros nas covas do mar”
Dos portos de abrigo sem memória
partem os marinheiros solitários
Nicolau Divan
Rosa do Calcário
Desamparado de dentes arreganhados
Ao marfim aparelhado do passeio
Bonk a gengiva em viva carne
Os veios rosa do calcário vermelhos
Brás
Ao marfim aparelhado do passeio
Bonk a gengiva em viva carne
Os veios rosa do calcário vermelhos
Brás
Aditamentos Diferidos #6
Enfartes à la carte
Ubíquas de aprender a
desenhar de olhos fechados
transmutações de luz os gravetos
antes do mei-da-manhã essa miseri
cordiosa sandes de paté fuagrá
espasmódicos lençóis húmidos de sangue
espantados folhos de camisa
a devastação das folhas
a falha na folha
obnóxio, óxido
concomitâncias sonegadas
Salgando ao sol
Molhos de folhas, folhas aos molhos
Ubíquas de aprender a
desenhar de olhos fechados
transmutações de luz os gravetos
antes do mei-da-manhã essa miseri
cordiosa sandes de paté fuagrá
espasmódicos lençóis húmidos de sangue
espantados folhos de camisa
a devastação das folhas
a falha na folha
obnóxio, óxido
concomitâncias sonegadas
Salgando ao sol
Molhos de folhas, folhas aos molhos
6.11.08
OrKiz
Orchis is a genus in the orchid family (Orchidaceae)
this genus gets its name from the Greek orchis,
meaning "testicle", from the appearance of the paired
subterranean tuberoids
Testigos testemunhos
Orchidaceae or Orchid family is the largest family
of the flowering plants Angiospermae
It's name is derived from the genus Orchis
Exorcism (from Late Latin exorcismus
from Greek exorkizein - to adjure)
is the practice of evicting demons or other evil spiritual
entities from a person or place
which they are believed to have possessed
the practice is quite ancient and part of the belief
system of many countries
Ex-conjuro conjuro com juro juro
fitei detidamente o endemoninhado
dos olhos macerados
numa antiga fotografia gasta do youtube.
calmamente.
como deveria amar o seu exorcista...
Tinha uma presença clínica ou farmacológica
das antigas farmácias com altas estantes escuras
onde o ar é asséptico e tudo é são
Levantei o auscultador do telefone
e ouvi a minha voz aqui há uns anos
insisti...diga, diga
Uma orquídea enorme encheu-me a sala de medo
Lúcio Ferro
this genus gets its name from the Greek orchis,
meaning "testicle", from the appearance of the paired
subterranean tuberoids
Testigos testemunhos
Orchidaceae or Orchid family is the largest family
of the flowering plants Angiospermae
It's name is derived from the genus Orchis
Exorcism (from Late Latin exorcismus
from Greek exorkizein - to adjure)
is the practice of evicting demons or other evil spiritual
entities from a person or place
which they are believed to have possessed
the practice is quite ancient and part of the belief
system of many countries
Ex-conjuro conjuro com juro juro
fitei detidamente o endemoninhado
dos olhos macerados
numa antiga fotografia gasta do youtube.
calmamente.
como deveria amar o seu exorcista...
Tinha uma presença clínica ou farmacológica
das antigas farmácias com altas estantes escuras
onde o ar é asséptico e tudo é são
Levantei o auscultador do telefone
e ouvi a minha voz aqui há uns anos
insisti...diga, diga
Uma orquídea enorme encheu-me a sala de medo
Lúcio Ferro
20.10.08
15.10.08
Fracturantes I
o oboé titubeante rua abaixo
urgência demiúrgica do barbitúrico
a transmissão pré-sinática inibída
o conforto do sistema nervoso central
flashes assépticos convulsos de sangue e soro
a taquicardia surda branco pânico
amnésia do presente vivida no futuro
buzinas precipitação quedas e feridas
vituperina aguda dor rediviva
catéteres revulsivos ácidas artérias
o desprendimento total do corpo-abcesso
o coma sorvido com sofreguidão
Orlando Tango
urgência demiúrgica do barbitúrico
a transmissão pré-sinática inibída
o conforto do sistema nervoso central
flashes assépticos convulsos de sangue e soro
a taquicardia surda branco pânico
amnésia do presente vivida no futuro
buzinas precipitação quedas e feridas
vituperina aguda dor rediviva
catéteres revulsivos ácidas artérias
o desprendimento total do corpo-abcesso
o coma sorvido com sofreguidão
Orlando Tango
13.10.08
Agraços Olhos
Agraços olhos sobre os lavradios
ensombram antes da noite os vinhedos
afagam seus dedos de morte frios
os infantes frutos imóveis de medo
serpenteia negro o suor pelos regos
em oclusas levadas de silêncio
envenenando a sede de loucas cepas
as filhas de uma estúpida inocência
Esse fogo tocado com o olhar
não esmorece e decepa os sarmentos
com a inércia em queda milenar
Oh cinza não reveles os seus passos
liberte-se a chuva em pensamentos
amargos e chorem os verdes agraços
Zé Chove
ensombram antes da noite os vinhedos
afagam seus dedos de morte frios
os infantes frutos imóveis de medo
serpenteia negro o suor pelos regos
em oclusas levadas de silêncio
envenenando a sede de loucas cepas
as filhas de uma estúpida inocência
Esse fogo tocado com o olhar
não esmorece e decepa os sarmentos
com a inércia em queda milenar
Oh cinza não reveles os seus passos
liberte-se a chuva em pensamentos
amargos e chorem os verdes agraços
Zé Chove
Herberto Helder – A cabeça entre as mãos
(…)
Ou no poema
a parte fêmea instrumentada pela
magnificência,
O que nele se talha
em som escrito : órgão,
mão que revolves a substância primordial,
Barro
fundamento, Que hausto atenda à força
respirada
pela carne em poder,
O nó
coronário de uma estrela,
Peso e melancolia
da riqueza
e do medo, E que me assome Deus às partes
graves : com sua luva súbita
no abismo,
É ao meu nome que regresso : à ameaça,
A limpidez
atravessa-me pelos furos naturais
ardidos,
Entra um astro
por mim dentro :
faz-me potência e dança,
Que toda a noite do mundo te torne humana :
obra
(ps:não consigo formatar o poema)
Ou no poema
a parte fêmea instrumentada pela
magnificência,
O que nele se talha
em som escrito : órgão,
mão que revolves a substância primordial,
Barro
fundamento, Que hausto atenda à força
respirada
pela carne em poder,
O nó
coronário de uma estrela,
Peso e melancolia
da riqueza
e do medo, E que me assome Deus às partes
graves : com sua luva súbita
no abismo,
É ao meu nome que regresso : à ameaça,
A limpidez
atravessa-me pelos furos naturais
ardidos,
Entra um astro
por mim dentro :
faz-me potência e dança,
Que toda a noite do mundo te torne humana :
obra
(ps:não consigo formatar o poema)
O Solitário...
O solitário piano chove sobre
um para-peito dum prédio cinzento
o lampião de madrugada cobre
de vastidão a rua sem movimento
cadencio os passos ao som do piano
esfumando a neblina à beira do lago
silentes passos através do espaço
misterioso hino holderliniano
entre a profusão de verdes-castanhos
dum triste e pardacento sfumato
sorriem as sementes das magnólias
do nevoeiro é parido o sol e as
notas alegres pingam do piano
quando o peito pressente o ser amado
Lúcio Ferro
um para-peito dum prédio cinzento
o lampião de madrugada cobre
de vastidão a rua sem movimento
cadencio os passos ao som do piano
esfumando a neblina à beira do lago
silentes passos através do espaço
misterioso hino holderliniano
entre a profusão de verdes-castanhos
dum triste e pardacento sfumato
sorriem as sementes das magnólias
do nevoeiro é parido o sol e as
notas alegres pingam do piano
quando o peito pressente o ser amado
Lúcio Ferro
#13
derrama-se o espírito sobre a mesa em
querosene deliciado nos veios da tábua de pinheiro
manso alinhado nas desertas avenidas que só
falam da solidão do coração
Paulo Ovo
querosene deliciado nos veios da tábua de pinheiro
manso alinhado nas desertas avenidas que só
falam da solidão do coração
Paulo Ovo
A delicadeza
A delicadeza extrema da flor-princesa e
a rectidão da pinha em queda
são fragmentos cansados reflexos que o
rio recolhe e estrafega
Lúcia
a rectidão da pinha em queda
são fragmentos cansados reflexos que o
rio recolhe e estrafega
Lúcia
XXX
Só em contra-luz…
vislumbro os seus reflexos
na cadência manuseada
dos negativos cinemáticos
de memórias desconexas
Filipe Elites
vislumbro os seus reflexos
na cadência manuseada
dos negativos cinemáticos
de memórias desconexas
Filipe Elites
10.10.08
Cesáreas II
as trapeiras ao céu imploram com olhos tristes
furtadas nas águas sombrias dos telhados
almas esquecidas de pobres e humilhados
choram de noite o Tejo em desempregados gemidos
Filipe Elites
furtadas nas águas sombrias dos telhados
almas esquecidas de pobres e humilhados
choram de noite o Tejo em desempregados gemidos
Filipe Elites
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Convento dos Capuchos
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
-
Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria. Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros Escrito por um clérigo da época. Tu...
-
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...