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11.4.08

Urbanismo

Sou uma casa inundada
A estrutura há muito já ruiu
Não cai por estar apoiada
Nas restantes casas do bairro

Madalena Nova

22.3.08

Lenga-lenga das vogais

Nem imaginas a Paz
que dá
não ter um segredo
se quer
a esconder ou encobrir
amigo.
Ter alma de forte rocha
exposta
que o vento em vão empurra
- Segura!

Maria Vouga

19.3.08

27.2.08

Paixão Exótica

Cães ladram na pradaria,
anciãos entoam lamúrios milenares,
no alto de minaretes na escuridão,
as estrelas chamam por ti.
A tempestade do deserto dança,
sou levado pelas dunas.
As formas da areia lembram o teu rosto.
guitarras ciganas fogem na estepe,
fogueiras derretem a neve,
pandeiretas imitam o ritmo do teu coração.
Nos altos penhascos de granito,
riachos frescos soltam neblinas,
e no meio de castelos em ruinas,
ecoa o teu nome nas colinas.

Carlos Marques

15.2.08

A Arca

A Arca,
de Aarão o bastão,
o maná,
e as tábuas da lei.
De prata,
e ouro os querubins.
E Deus,
cheio de misericórdia,
de pés
sobre o propiciatório.

A Arca
têm-na os etíopes
de éfode
vibram como David

Oh Arca!
és tu minha mãe?
A Lei
derrama-me no coração.
O Bastão
Abre-me o caminho seguro.
O Maná
que me encha de força.


Madalena Nova

Poesia Popular Protuguesa

Nem imaginas a paz
que dá
não ter um segredo
se quer
não gruta bafienta,
cinzenta,
ser rochedo exposto
ao sol
e à tormenta

Maria Vouga

5.12.07

Paredes

Cantos de paredes
Grossos de reboco
espesso e branco
tradicional e tosco
conduzind'as nossas vidas
com curvas, planos e quinas
através dos anos e dias
branc'azul, branc'amarelo
branco verde, branco branco

Carlos Marques

14.11.07

Estatística #4

Anfetamina
Menina
Purpurina
Bonina
Ocarina
Feminina
Bailarina
Narina
Ferina
Assassina
Sonetina
Cantina
Barretina
Creolina
Mandarina
Tangerina
Cabotina

Madalena Nova

Um Homem Interessado

Passava horas na sala de espera da clínica
escutando de soslaio atentíssimo
as inconfidências
das meninas bonitas impacientes

Wilson

PS: Cuidado! Não leia tudo o que lhe vai parar às unhas! Ainda se quilha...

11.11.07

Insónias

O prédio dorme
a luz da lua cala os lampiões
andam nos corredores
solitários
em passos de ladrão
nevoeiro
derramado debaixo das portas
das celas de morfeu
sonolência de horas e horas
"aqui estou eu"
vidrado
de queixo pendente sobre a cidade
gemendo meio-morta

Wilson

16.10.07

Sesta

Diálogos gemidos da televisão
na sala ao lado
misturam-se com sonhos da sesta
pouco consentidos
No torpor do quarto interior
depois do almoço
vigiado pelos teus antepassados
deliras no bréu
até que uma fresta de luz te desperta
do suplício à salvação.


Madalena Nova

8.10.07

Experiência

Vamos aqui experimentar
os esquemas do Pessoa
oito sílabas a completar
cinco versos em AB Á AB
Vamos lá ver como é que soa


Madalena Nova

3.10.07

Mãozadas de Caramelos

Pé ante pé. Oh!
Vais pondo malha sobre malha
Mas se pões o pé na argola
Se a memória não me falha
Cais de cabeça prá cova
E não há anjo que te valha.


Maria Vouga

O Comboio

O Comboio na noite
rasga o frio
sigo de costas
arrastado confiante
dormitando até
ao meu destino

Adormeço

Acordo sobressaltado
já devia ter chegado
tudo ressona
nem uma luz
parados no nenhures

Foge me o chão
tento o impulso no vazio
suo


Carlos Marques

14.9.07

Loucos

Tinidos gélidos no metal,
vozes etéreas siderais,
halos azuis atravessando espaço,
infinitos brilhos em espirais.

Passam cegos aos milhares,
cruzam sem dimensões,
partículas sem vontade,
esbarram mortas de cansaço.

Grito “loucos”,
sem substância,
caio aniquilado...


Carlos Marques

Rosador

No palacete gótico à muito que as gárgulas ganharam vida
cânticos joviais rasgam as noites sem fim
os árvores ululam sem resistência
as sombras envolvem a triste criatura
poderosa e ingénua parte a pedra distraída
não foi criada, foi fabricada de dor
o seu criador não nascera ali mas por amor
subira o morro raivoso
corroído por dentro
e o fruto do seu pecado fora a espantosa
Rosador
mais bela que o seu modelo
concebida para matar
o traidor


Carlos Marques

11.9.07

Cervunal

Fui à Serra da Estrela
pastei num lindo cervunal
com as cabras e as ovelhas
não comi nada mal

Maria Vouga

4.9.07

Sem querer cravei a unha na gengiva

Sem querer cravei a unha na gengiva
o sangue deitou a correr
um rio quente e vermelho
fluxo de vida com sabor a ferro

atravessou muros brilhante marfim
galgou em borbotões meus túmidos lábios
ensopa já toda a almofada
torrente incontrolável e trágica

é já poça no quarto
em que meu chanatos flutuam
sou eu que fluo
cascata rubra escada abaixo

chove o tecto da sala
estalactites de plaquetas
os bolbos das lâmpadas são ameixas
vivos como olhos de diabos

tapetes mornos e negros de coalho
paredes carniceiras de talho
sai à rua, jorra pelas gretas do esgoto
purificando as artérias da cidade

misturando toda a imundície
carcaças de animais afogados
no ardente e espesso líquido
"Holocausto vetero-testamentário"
turbilhões em túneis torrentes sem fim

maré vermelha em valsa grotesca
batalha com as águas do oceano
cavalgada até ao infinito
até habitarmos um glóbulo vermelho.


Carlos Marques

Cheiro de alvenaria podre

Cheiro de alvenaria podre,
Lambido das paredes nuas,
Através de praças e ruas,
Silenciosas da velha corte.
Sob negra neblina de morte.


Carlos Marques

31.8.07

A Clepsidra de Luz

A clepsidra de luz
esvaindo-se entre os dedos nus

abate seco o tempo
cadência do malho no feno


Maria Vouga

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...