29.8.07
Ambiente Místico
teus passos ecoam o infinito
num halo santo embalado
canto vaporoso de monges
a trovoada lá fora marcha
cais de joelhos.
André Istmo
23.7.07
Músculos de granito
servente do senhor,
esmagado sob o sol abrasador,
construindo um lugar bonito.
Dia todo sem descanso,
vai nascendo a casa,
ao fim tarde já manso,
fica a faltar o telhado.
André Istmo
18.7.07
Doce
Se fui eu, diz me qualquer coisa.
Se não paras pode ser que também chore,
Tenho pena por te ver assim aflita.
Diz me mãe como te posso consolar,
Estás tão longe tão bonita,
De rosto glorioso lavado em lágrimas,
Prostro-me de joelhos sem saber o que te dar.
André Istmo
17.7.07
Aviou-lhes com ira
Com uma queixada ressequida de carneiro,
Lutava pelo amor brasa do seu coração...
André Istmo
O meu Senhor bateu –me
Apaixonado pela perfeição do seu filho,
Não percebi como um miudito...
André Istmo
Pus me ao teu serviço
Esperei pelos grandes trabalhos,
Fui fazendo o que todos fazem ,
A novidade dava luta empenhei-me.
André Istmo
16.7.07
Ai Delicada flor primaveril
Balanças distraída ao vento sul,
Libertando o teu aroma infantil,
Brilhando ao sol com teu vestido azul.
Pendes dum frágil galho em que balanças,
Tentas fugir do velho que te agarra,
Como das mães aflitas as crianças,
Liberdade?...
Ao fim da noite emersa na escuridão,
Ficas triste, em silêncio ao som da lua,
pesadelo no breu em solidão,
Não conseguiu soltar-se deu fruto...
Soltou morreu no chão infecunda...
André Istmo
Olhei à Distância
Olhei ao longe através da noite,
Um quarteirão compacto e familiar dos anos 50.
Aqui bem perto o som de carros numa via rápida,
Deixando um rasto sonoro,
Marcando o compasso da cidade.
As luzitas das salas de estar apelavam a um silêncio,
Calmo descansando nos sofás,
ou roçando algum cortinado de tecido pesado.
Naquela outra sala os clarões intermitentes denunciam algum filme noturno.
O céu da cidade qual gorda nuvem laranja,
com laivos de verde nas bordas é um edredom que nos cobre a todos.
Por vezes surge algum vulto lânguido em contra-luz
nalguma janelita refundida,
sugerindo historietas noturnas de almas movendo-se na solidão.
Mais pessoas passavam nos carros acelerados
com objectivos rápidos de alcançar,
ou simplesmente perdidas sem sentido,
hipnotizadas pelos rastos de luz dos carros da frente.
Na rua aqui em baixo as árvores dançam,
levemente acariciadas pelo vento fresco da madrugada.
Fecho a janela bocejando...como serão os meus sonhos?
André Istmo
A palha amarfanhava-se contra a terra
Loira como fateixas de crina de cavalo,
O céu resplandecia de azul imaculado,
O sol imperava sobre o mundo.
Caminhava pensativo através das vinhas,
Surripiava distraído bagas ácidas de uvas verdes,
Olhar desfocado misturava a paisagem toda,
As ideias fluíam lentas e moles ao sabor da brisa morna.
Com o rosto aquecido de olhos semi-cerrados,
Pensava completamente nos teus risos doces,
Só uma abóboras ao longe davam algum grão a esta vista,
Nunca tive coragem de falar dos meus sentimentos.
Depois do almoço nem os pássaros se ouvem,
Os meus passos na terra seca dão ritmo às minhas orações,
As águias flutuam sem encontrar alimento,
O coração treme sem sobressaltos e sem alentos.
André Istmo
14.7.07
Toda a família
Toda a família perdeu a virgindade,
Com a morte do mais novo.
Rezaram todos juntos,
Mais unidos que nunca.
Uma luz cega cai do céu,
Envolve o clã e separa-os do mundo.
Agora compreendem a vida,
Agora entendem a morte.
André Istmo
Perdão
Cada vez mais gastas as palavras.
Quando é que me rebentas com um estalo?
Oh! Todo-Poderoso ajuda-me!
André Istmo
Já Tentámos Tudo
Já tentámos tudo.
Batotas foleiras,
Era a forma mais directa.
Não temos tempo.
Morreram as esperanças,
Os bifes arderam nas brasas.
Os estômagos roncam em ácido,
Deitados no chão em desespero.
Não buscávamos algo concreto,
Só queríamos satisfação.
Não nos queixávamos da dor,
Só a rotina mata de desilusão.
Aqui ao lado vivem da matéria,
Lá em baixo comem carne todos os dias.
No meio do nosso desespero,
Só nos resta um estáter dentro dum peixe.
André Istmo
Todos foram à festa
Todos foram à festa menos eu,
Fiquei em casa a tentar compensar.
O sol brilha tudo parado lá fora,
Os olhos saltitam sem terem nada em que pegar.
Imagino as crianças a brincar no lago,
As moças bem vestidas a palrar,
Casais risonhos a contemplar,
O passado e o futuro do seu lar.
André Istmo
13.7.07
Depois de Jantar
Depois de jantar fui para a biblioteca de madeira.
Através da vidraça os ulmeiros agitam-se no vento da noite.
Sonho com bruxas e cavaleiros de outrora,
Contemplo a mais bela donzela adormecida no sofá de veludo.
Relembro os risos das crianças ao voltar da escola.
Antero G. Neve
Só, em casa
Só, em casa.
Tudo envolto na penumbra.
Gosto de rasgar as entranhas na solidão.
Penso nos outros com alegria,
Mas memórias têm um perfume manhoso,
Prefiro o cheiro da solidão.
Todos andamos para o fim,
Os corpos vão caindo no mar,
Lá já não estaremos sós.
Antero G. Neve
Morreu sem avisar
Morreu sem avisar os pais,
O pequeno moço matreiro.
Os manos desataram a chorar.
O velho poço coberto de ervas,
Gritou para céu quando o engoliu.
Agora as cigarras no verão gritam,
As andorinhas roçam as suas asas,
No pequeno túmulo do Pedrinho.
André Istmo
12.7.07
O Coração
e quantas mais me perdoas mais eu te quero,
só tu podes ver a minha vida do avesso,
não me negues jamais,
não sei que fazer mais,
eu quero-te.
André Istmo
Convento dos Capuchos
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
-
Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria. Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros Escrito por um clérigo da época. Tu...
-
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...