11.6.10

Aprender a Falar Sozinho #3


  1. Alijar deitar fora
  1. Gostaria de vos confidenciar
  1. Entregava, Agrava, gaivota
  1. Gavota, gavião, grave
  1. Este mundo tem três cores para cada um. Eu roubei o vermelho, o branco foi me dado e o preto vinha por defeito. És um cão?....
  1. Algumas mulheres permanecem coloridas, espalhafatosas mesmo depois de terem dado à luz outras debruam-se de preto e branco.
  1. Com a genica dos borregos que cabeceiam as tetas para que o leite desça.
  1. O iracundo e a sua capacidade de contemplação
  1. Morávia, Trieste, Ícones
  1. Lamento sobre as pedras do templo

1.6.10

The National

Aprender a Falar Sozinho #2

  1. Não atraias o olhar
Vingativo do dragão
Perseguem-te as sanguessugas

  1. Sabão de feno, diáfano, triângulo escaleno, plectro tuas cordas virginais.
  1. Na Sé ecoavam os metálicos choros dos carris dos eléctricos e das catenárias vergastadas pelo vento.
  1. Mordo as pontas dos dedos
E marco as salas SALIGIA.

  1. Surto de sepulcro.
  1. Nagalho tritão neptuno bestas marinhas golfo remanso polvo tentáculo afundo
  1. Nada te peço por nada
  1. Confiança dizia o tio – Todo o mal foi vertido em nós do alto. Não há remissão
  1. Alijamos o conforto caseiro se o inferno rosna lá fora?
  1. Ovídio devorava Heavy Metal Dvorak até ao Feedback total do ouvido

31.5.10

Aprender a Falar Sozinho #1

  1. Não bebas sumo do copo retro-viral
  1. O cão do mestre – o mestre seco – o filho do mestre – a polícia marítima
  1. Ipecacuanha – vomiting
  1. “Deve ser muito bom comida já estragada”
  1. Cantus Circaeus
Jessika Kenney
Oratorio – Renaissance
Zu – Carboniferous
Plectra

  1. Esclareço: Ajuda o trânsito intestinal = Ajuda a cagar
  1. Ben Hecht   Howard Hawks  argumentistas
  1. Padieiras do mundo inteiro ostentai o sangue do cordeiro
  1. Coração torrão de terra
Calcado aos pés dos animais
Espargido em nuvens de pó nos baldios

  1. Pálpebras pétalas de rosa
Bochechas de damasco
Ceara loira raízes dos cabelos

Dark Throne

As ondas increpam aos céus numa extensa revolução de braços erguidos. A multidão que brame. As fauces do pélago arreganhadas abocanham os limites do céu que se ri profundo bréu.
Abrenúncio! Gritam as vozes
E o céu desperta a chorar. Negro como o dorso do tubarão. Mansidão de negrume a perfeição da noite.

Valter Igor

Plano Americano


Questões de Género

A besta bonacheirona à segunda tentativa logrou conquistar a beldade envergonhada da sua condição social. A submissa. Aquela com que vários homens sonharam e preteriram por não trazer vantagens financeiras. É uma bela moça. O bonacheirão já fora casado com uma gordita que ao sentir-se instalada começou a expandir-se dentro das licras e a descurar a frondosa penungem que então lhe começou a vicejar na papada do pescoço tendo numa fase final encapelado em forte barba.

Filipe Elites

Fevre

Não sei, não compreendo e isso é que mais me atormenta, se a minha pele arde da febre ou do calor do Verão, desespero. Não encontro uma nesga de frescura na cama, não sinto qualquer alívio, definho de cansaço. Adormeço por fim com o nascer do sol com uma ligeira brisa que agita levemente o cortinado que roça no meu corpo nu vencido de barriga sobre o soalho.

Tomás Manso

26.5.10

Esqueliêtos


Esqueletos dos animais
Carcaças que o tempo aspira
A cantiga do vento
Nas costelas da montanha

Os abutres os chacais os lobos cães selvagens o furão o urso

Plaino – Terra – Sol

hiemal
Hibernal; invernal.
hierática
Variedade de papel finíssimo que se empregava na escrita dos livros sagrados.
hierático
Relativo às coisas sagradas, à Igreja, aos sacerdotes.
Diz-se de uma escrita de que se serviam os sacerdotes egípcios, como abreviatura dos hieróglifos.

sorvedouro
Voragem onde a água faz remoinho.
Precipício; abismo.
O que arruína ou devora bens ou fortunas.

Sinónimo Geral: absorvedouro, absorvedoiro, sorvedoiro


pélago
O mar alto.
Grande profundidade.
Abismo, voragem.
abismo 
(latim *abysmus, de abyssus, -i)
Grande profundidade que se supõe insondável e tenebrosa. = profundeza
Fundo do mar. = pego, pélago
O que se compara ao abismo. = despenhadeiro, voragem
Situação difícil ou perigosa.
Tudo quanto excede o que de si é excessivo.
Coisa ou ser misterioso ou incompreensível. = mistério
Grande separação ou afastamento.
Heráld. Centro do escudo.
Relig. O Inferno.

pego (ê)
Zool. Macho da pega.
Minho Pequena refeição dos trabalhadores, entre o almoço e o jantar.
Flor de cardo que se pega no fato.
Diz-se de uma variedade de milho.

Confrontar: pejo.
pego (é)
O sítio mais fundo de um rio, lago, etc.
Abismo.
Sorvedouro.
Voragem.

Confrontar: pejo.

abíssico
Do abismo; abissal.
abisso 
(latim abyssus, -i)
Abismo
abissal
Relativo às grandes profundidades submarinas; que vive nas profundidades.
Diz-se dos peixes que se encontram apenas nas grandes profundidades do mar.
abrenúncio (à)
(latim abrenuntio)
Abrenunciação.
Expressão de repulsa ou de desagrado. = tarrenego, vade-retro
tarrenego (é)
(te + forma de arrenegar)
Pop. Exprime repulsa. = abrenúncio, vade-retro
Nota: Os dois elementos desta interjeição escrevem-se distintamente, quando em construções frásicas (ex.: Eu te arrenego, diabo!).

folecho (â ou ê)
Empola; bolha na pele, com aguadilha.

fulcro
Espigão que serve de eixo a um objecto
Pedra ou ponto de apoio da alavanca.
Sustentáculo, apoio.
Bot. Denominação genérica dos órgãos que protegem ou facilitam a vegetação.
Ponto fundamental.

Azevem, sorgo, gadanha, vime.

Iracunda, lancetar

Splende a M'nhã


Esplende a manhã no clarim de ouro
Na batalha

quiasmo
Figura composta de uma dupla antítese
cujos termos se cruzam: É preciso comer para viver
e não viver para comer.

vindicar
Reclamar uma coisa que nos pertence e que está entre as mãos de outrem.
Exigir o reconhecimento ou a legalização de.
Recuperar.
Reivindicar.
Justificar; defender.
Castigar.

contumácia 
(latim contumacia, -ae, perseverança, arrogância, inflexibilidade, teimosia)
Grande teimosia, obstinação.
Recusa obstinada de comparecer em juízo.

malva
Planta tipo da família das malváceas.
estar nas malvas: estar enterrado.
ir para as malvas: morrer.
ser filho das malvas: ser de nascimento muito humilde.

Antracite e carmim
Kefir ou quefir

escrapanoso (ô)
Agreste; áspero. = escrapanento

Bisonho inábil pouco amestrado

Música de dança francesa a dois tempos

gavinha
Cada um dos apêndices filiformes da vinha e outras plantas sarmentosas e trepadeiras.
grabato
Leito pequeno e pobre.
glenoidal 
glenóide
Diz-se de toda a cavidade que serve para a articulação de um osso noutro.
nó górdio: obstáculo que parece impossível de superar.

Turfa de Significados


Turfa de Montanha
Esfagno e Hypnum musgos decompostos
Estagno
Anoxia e metano
Ácido húmico e ácido fúlvico e humina
Atoleiros
Valas carreiros
Zagal guardador de gado, pastor, jovem forte
Córrego – caminho por onde corre bastante água
Caminho apertado entre montes
Regato
Arroio – é o regato mais pequeno
esfácelo
Gangrena de todos os tecidos de um membro ou órgão.
Podridão, destruição, estrago, ruína, desmembração.
Como uma serra gasta corta a carne assim era a sua voz
O mar enrola a massa
Como o padeiro
Distende-a na areia
O céu marchetado de crucitos
Até se tornar cinzento tentando abafar a sua branca
Luz interior
Clarões-gaivotas areia macerada
Macerar – amolecer, mortificar, macilento (pálido cadavérico)
Ignominiar – desonrar, infamar, desacreditar alguém
Azorragues
Látego
Flagelo, corda, asno, aflição, tormento, suplício(imensos significados: oferenda, suplica, pedido, punição, castigo), patíbulo, cadafalso, tablado, palanque ,estrado,  descoroçoar, arriar, perder a coragem,
Crisol, refractário, cadinho
sevandija
Pessoa que vive à custa alheia.
Parasita.
Pessoa que passa por todas as humilhações sem mostrar ressentimento.
Nome comum a todos os insectos parasitas ou vermes imundos.
Concreção – pedra, coisa rija dentro de um corpo
Tumefacto – inchado, intumescido
Túmido – largo, grosso, que aumentou em volume, orgulhoso
Álacre – muito alegre, risonho
Lactescente
Receba rebeca
Carla lacra
Mafalda malvada

Brejos


Cálice de Agonia
Que beijo no suor da Agonia de joelhos
E sangro! Videiras retorcidas de desgosto
Vinhas retorcidas ao sol de Agosto
Lágrimas de sangue e mosto
E Sangram!
Perpétuas
Mágoas
Na escarpa
As levadas ébrias
Terras xisto granito
Racimos recebidos
Nas alquebradas escarpas
Rasgada a escarpa
Crestada escarpa
Escarpa-me o desejo
Devolve-me o beijo
Alma de brejo
Retábulos de Penhascos
Trípticos de Penhascos
Biombos ou Estantes Emergindo
Das camas de urze

Lúcio Ferro

25.5.10

Idei-as

Breviário livro de horas oração
Monge pintor de ícones
Tremor lacrimejante
Costas arquejantes
Sufocados soluços

Balanço de todo o corpo
Como se embalara Deus nos seus braços

O eu e Deus são identificados com as coisas mais dispares –onda, árvore, vento – e postos em relação. A base duma triplice relação Deus , o eu e as coisas.

Coesão, bizâncio. Estilo dourado klimt.
Povos indianos primitivos das ilhas perto de Goa

Precipitação limitação crise
Caminho desespero à salvação
Dissociação do eu até à loucura
A pobreza é um grande clarão que vem do interior

Valter Igor

Inquilino

Sou a seiva da tragédia
Que verte nas ruelas estreitas dos podres bairros
Da cidade agrafada nos revoltosos
Esgotos a céu aberto onde galopo.
Aos corações ensopados de raiva ao chegar aos
Seus tegúrios de brandos lumes
Rebaixo o olhar altivo
Prescrevo o orgulho
Dispo as crianças
Habito.

Orlando Tango

Choldra

Mar-sonho
Provações de cílica

O seu lugar na sociedade passava por divertir o povo. Trabalho pro-bono. Algumas tarefas não são devidamente valorizadas – falta-lhes um apoio empresarial...

Foi te dada a possibilidade de transgressãoNinguém lerá jamais o que escreveste logo anavalha a imaginação e deixa que o mistério te invada a cela.

Afoga-te num doce suicídio.

Dá-me a provar dessa taça de sofrimento, golpeia, mantem-me vivo, nesta concreta dança macabra, quebra a máscara tíbia da complacência, prefiro morrer esvaído pela verdade que adormecer no regaço da mentira.

Diniz Giz

Viadutos

Fertilidade

Pelo carinho que a viu empregar
Na ajuda da criança desconhecida
Que resolvia os deveres no ondear do autocarro
Instintivamente compreendeu
Que a rapariga não poderia ter filhos
E se entregava com todas as potências

Fervilhou no rapaz o amor de compaixão
E deixou arrastar-se pelo olhar
Dom da infertilidade mais fértil.

Filipe Elites

Verão

Despedi-me da neve dos plátanos
Percorri com os olhos nos bolsos a alameda
Não resta nada a não ser esta luz que nos cega
Dos desejos de verão cintilando na neve diáfana

Zé Chove

Filha da Mãe

O que mais a entusiasmava
Eram os poemas em que as ânsias
Não são nunca saciadas

Não a comovem os grandes feitos
Carregados de sofrimento tanto
Como os feitos nunca alcançados
Provocando a vertigem dolorosa
Da insatisfação eterna

Lúcia

18.5.10

Siderurgia

Tensões

E se houver tensão sem ser a que prende o azulejo ao tijolo é só a de não haver qualquer tensão e a alma que eternamente desconfia asperger-se em questões sobre os veios do mármore da bancada. Casarei com a cozinha?

Tomás Manso

Cismando

A mão mole de palma virada
Para o pescoço com o polegar absorto no lábio
Os emersos olhos na imensidão da parede
O braço esquerdo pendendo sobre a cabeça não vão escapar-se as ideias
E os dedos prescrutando a incompreensibilidade do lóbulo auricular
Direito que nunca alguém teve o prazer de contemplar

Lúcio Ferro

Sesimbra

Tritão

Abandonado pelo mar que me rodeia e esmaga, perante tamanho silêncio de que me adianta a resignação? Não será a mais subtil forma de orgulho? O mar é uma besta. Não quer saber só tem ouvidos para a sua mãe a lua.
A barba ensopada no fundo dum casco. As costas cravejadas de mexilhão e lapas. A voz deu lugar a um roar que galopa das infinidades da alma e só sabe pedir perdão. O peito curvado como uma vaga que se engole a si mesma escondendo do sol a sua interioridade. O abismo do espírito negrume do peito onde voam os monstros marítimos. Saciado no meu fim te agradeço oh pai oh mar!

Paulo Ovo

Forças

Os prédios e assassinos a soldo, torres
Persistentes nos túneis, passem-me o
Microfone, passos perdidos nos
Becos ecoam nos ocos
Oprimidos dos peitos tegúrios
Da raiva incontida. Máfias
Caseiras, refeições ligeiras
Roupas foleiras
Serviços secretos esqualidos
Movendo-se em silêncio
Nos prédios abandonados
Conspirações nos transportes públicos, agentes
Que pedem que me cale

Rui Barbo

Tudo São Paralelas

Tudo são paralelas embrulhadas em novelos
De relações de intrincadas palavras que sustêm seus sentidos
Em infinitos sentidos – fios tendidos
Agarrados a outras palavras
Emaranhando as coisas e a gadanha
Da Fala liberta e rasga e polvilha de sangue
As planícies e canta incendeia a alma
Que vagueia na garganta

Brás

12.5.10

The Knife - Live - Forest Families

Planícies

Ao terminar a tempestade o fim parecerá mais perto
O caminho assim aberto à vista
O meu coração é uma lua bêbada reflectida nas poças
E no mar. Ansiamos escorrer em todos os riachos
Em que se afunda a chuva
E desejamos ser o carvalho dono da vastidão da planície
Amante noturno que passeia em sombra o meu coração de lua

Madalena Nova

Na Minha Cabeça

Acordo-te para que saibas sou eu
Na minha cabeça
Abro-te os dedos em confirmação
Na minha cabeça
Quando invado as tuas
Vestes e desembainho o mar
Mergulhamos nos drapeados dos cabelos
Na minha cabeça
Onde a nobreza do linho esvoaça
E rasga o vento sem conserto
A fibra do espírito novo

André Istmo

Anastacia

Prussia-Anastacia que danças à roda
Num porão, estátua de paz,
Luz levítica abandona-nos nas mãos
Da Babilónia que ninguém há-de amparar
Tua imperial queda
Entre os pinheiros do Burgo de Catarina

Tomás Manso

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...