Durante a construção da avenida central do vale de Chelas nos anos 70, uma equipa de engenheiros foi paga para construir uma sequência de 7 câmaras subterrâneas. Um movimento de ex-militares suspeitando o advento da 3ª Guerra Mundial concebeu o plano de criar um refúgio à prova de Armagedão. Grupos semelhantes deram passos em Itália, Espanha e Grécia. Em 2025 realizou-se a última feira do Relógio. Nos idos anos 80 foi arrasado o Bairro do Relógio. A comunidade era composta de retornados da guerra do Ultramar e ciganos do Alentejo que sempre juntaram a sua indigência aos grupos mais carênciados como as doenças que sugam as últimas forças aos mais fracos.
O bairro ficava numa encosta baldia que confinava nas traseiras da gasolineira da Rotunda do Relógio.
Os construtores dos túneis secretos habitavam todos neste bairro. Os financiadores do projecto foram todos assassinados por forças do partido socialista. Alguns dos trolhas sentindo a ameaça fugiram para Marrocos. Partiram em barcos pesqueiros do porto de Setúbal à caça do peixe espada nas águas marroquinas. Muitos ficavam por Marrocos outros gastavam os cem contos do ordenado em droga para venderem nas costas portuguesas mas acabavam por consumir a maior parte do produtodando à costa novas espécies de imoralidade e vício.
Manel Torres Fez carreira pelos bazares e praças de Fez vendendo dentes. Andava com uma bandeja prateada carregada de molares, caninos e cisos apregoando a felicidade dum sorriso perfeito. Costumava arranjar o produto por baixos preços junto do coveiro do município um francês mal encarado.
O filho de Manel trocou a Medina pelas ruelas empestadas pela maléria do Guadalquivir nas redondezas pobres de Sevilha. Pescava motas e pedaços de carros lançados no guadalquivir e vendia as peças no mercado do Charco de la Pava. Foi num Domingo que se apaixonou pela sua mulher uma cigana de cabelo oleoso e olhos profundamente azuis que mais tarde veio a descobrir serem lentes de contacto. Quando o seu pai morreu recebeu de herança um mapa com a localização dos túneis de Chelas.
Lúcio Ferro