5.12.13
A amplitude das entradas - condição de aguaceiros
A entrada era um mar de seixos rolados brancos
ou cinza claro com umas ilhotas de cactos redondos de espinhos que iam do verde
ao vermelho passando pelo amarelo. os seixos não tinham ervas daninhas parecia
que esterilizavam o pátio como pedras de
sal grossas como punhos, somente um discreto verdete pintava o bojo das pedras
no céu dum cinza leitoso piavam duas gaivotas entediadas pelos dias que secam
como algas no areal e meses como barcos encalhados no fundo do mar onde nem as
ondas perturbam
Des-a-bafos
“Quem terá sido o filho da puta que arrotou?
Foda-se! Que cheiro a carniça! Caralho do ônibus sempre cheio puta puta ...uns
porcos não tomam banho outros tomam banho em after-shave de chulo mas pior são
os que tresandam a cinzeiro que agonia! louvo os que guardam a pirisca no bolso
da camisa essência de catarro escarro negro piça ...por vezes temos a companhia
de um mendigo ou um cata lata de pé preto e cheiro a mijo abafado debaixo da
coberta mas esses têm o distintivo visual da própria miséria que nos alerta ...admiro
ainda os que perturbam o sossego e a paz dos passageiros ora com radiolas ou
mp3 fudidos de funks regionais ou melhor fodendo os
tímpanos das pessoas gritando no celular ou no walkie talkie ou nextel ou que
merda é aquela toda fodida em que cada um tem que deixar o interlocutor palrar
tudo o que quer antes de mandá-lo cagar-se. Amo os condutores que nos estilhaçam
os ossos fazendo curvas bruscas porque não comem buceta em casa e despejam as
raivas nos cus dos passageiros"
La llorona
No sé si el corazón
peca, llorona,
en aras de un tierno amor
por una linda tehuana, llorona,
más hermosa que una flor.
¡Ay!, ¡ay!, ¡ay! llorona,
llorona tú eres mi xunca,
me quitarán de quererte, ¡ay! llorona,
pero de olvidarte, nunca.
Dos besos llevo en el alma, llorona,
que no se apartan de mí,
el último de mi madre, ¡ay! llorona,
y el primero que te di.
¡Ay! ¡ay! llorona,
llorona de azul celeste,
aunque la vida me cueste, ¡ay! llorona,
no dejaré de quererte.
Si porque te quiero quieres, llorona,
quieres que te quiera más,
te quiero más que a mi vida, llorona,
¿qué más quieres?, ¿quieres más?
en aras de un tierno amor
por una linda tehuana, llorona,
más hermosa que una flor.
¡Ay!, ¡ay!, ¡ay! llorona,
llorona tú eres mi xunca,
me quitarán de quererte, ¡ay! llorona,
pero de olvidarte, nunca.
Dos besos llevo en el alma, llorona,
que no se apartan de mí,
el último de mi madre, ¡ay! llorona,
y el primero que te di.
¡Ay! ¡ay! llorona,
llorona de azul celeste,
aunque la vida me cueste, ¡ay! llorona,
no dejaré de quererte.
Si porque te quiero quieres, llorona,
quieres que te quiera más,
te quiero más que a mi vida, llorona,
¿qué más quieres?, ¿quieres más?
Sones e Huapangos de la Huasteca
Ready, Able
Labyad la salette
danielle bernardette
lábias de ouro
beijos de mel
laço no ventre
cama de dossel
três francesas no chambre e um
monegasco de cimitarra recurva brilhante
empunhada na cabeça um turbante
e luva branca
diamantes
na palma da mão
tamareiras no oásis distante
é um leão do deserto
uma fera na cama
o zimbório em chamas
refuma o incenso inconstante
e já rolam as cabeças
de olhar rutilante
e refrescam as bochechas
no mármore com veios de sangue
3.12.13
Mansão dos Arquitetos
Entre os vendavais sociais de santa
se procuras abrigo de ti mesmo
um lar que os teus ossos recolha
das tempestades trovejantes
do Rio de Janeiro sobe até aqui
onde a Lapa é apenas um murmúrio
e descansa na varanda
ouve o linguajar doutro arquiteto
duma outra esquina do mundo
toma uma água filtrada com lentidão
do sossego enquanto baratas cruzam
o soalho e lembra-te que para chegar
ao quarto do teto alto terás
de descer às masmorras da humidade
e sentir o aroma de toda a humanidade
exalando do banheiro ali ao lado
depois duma festa junina
e a sombra dum novo contrato terminado
que se queima num semestre
mais rápido que um cigarro
atormenta o pai de familia
perdido entre as prateleiras do mundial
o celeiro desta ilustre casa
e a louça ressecando sobre a pia
é o cenário perfeito para os frascos
de milho.
E a lista dos moradores deste cemitério
sob os vintage vitrais da escada em mámore
ouvem-se barulhos na madrugada
alguém não se deitou e um outro já está acordado
um estuda para uma prova, transa ou está viciado
outro vai surfar, vai colher mangas
no quintal ou vai viajar para a barra
e do nada eis que se faz a reunião de condóminos
em volta do parco café da manhã
pão na chapa e suco concentrado
Um só canta sacagem, outro come mais do que fala
outro mete o nariz em todo o lado,
e na porta o mais atento é um cachorro
mas também esse vai variando
se procuras abrigo de ti mesmo
um lar que os teus ossos recolha
das tempestades trovejantes
do Rio de Janeiro sobe até aqui
onde a Lapa é apenas um murmúrio
e descansa na varanda
ouve o linguajar doutro arquiteto
duma outra esquina do mundo
toma uma água filtrada com lentidão
do sossego enquanto baratas cruzam
o soalho e lembra-te que para chegar
ao quarto do teto alto terás
de descer às masmorras da humidade
e sentir o aroma de toda a humanidade
exalando do banheiro ali ao lado
depois duma festa junina
e a sombra dum novo contrato terminado
que se queima num semestre
mais rápido que um cigarro
atormenta o pai de familia
perdido entre as prateleiras do mundial
o celeiro desta ilustre casa
e a louça ressecando sobre a pia
é o cenário perfeito para os frascos
de milho.
E a lista dos moradores deste cemitério
sob os vintage vitrais da escada em mámore
ouvem-se barulhos na madrugada
alguém não se deitou e um outro já está acordado
um estuda para uma prova, transa ou está viciado
outro vai surfar, vai colher mangas
no quintal ou vai viajar para a barra
e do nada eis que se faz a reunião de condóminos
em volta do parco café da manhã
pão na chapa e suco concentrado
Um só canta sacagem, outro come mais do que fala
outro mete o nariz em todo o lado,
e na porta o mais atento é um cachorro
mas também esse vai variando
26.11.13
Moleskine
Pag1 – Identificação: Tenente VB; Contacto:
Pag2 – Deixei todos os portos do mundo vazios e não me lembro
em qual despejei o sentimento. Os cães escanzelados que se
coçam demasiado nas docas ainda poisam um olhar vazio sobre o
navio que parte mas nem um latir do coração.
Pag3 – Ainda tremo.
Fumava lá fora. A banda tocando frenética. As pessoas cruzam
agitadas e satisfeitas. Irrita-me a dispersão. Os risos fúteis
das velhas libidinosas com os seus cus gordos alapadas ao
balcão.
Perto da meia-noite. O mar e o céu são um só. Serenidade. A lua
exala uma luz azeitona realçando as arestas das coisas.
Enquanto os homens acreditarem no infinito, o mar será tido
como insondável... Debruçado sobre a amurada fumo. As
gargalhadas no salão estão cada vez mais longínquas. Envolto na
noite.
Pag4 – Liberta-se a imaginação. Só tenho medo do sobrenatural.
Um arrepio. Um sopro frio varre o convés e insinua-se-me na
nuca. Os olhos não acreditam se um espectro de nuvens negras se
agiganta vindo não se sabe de onde e troça da lua. Uma primeira
vaga varre o oceano mobilizando as hostes. As vagas espumam de
raiva. Catatónico. Treme o navio. Estala um trovão. Oiço de
novo os gritos no salão. Corro. Quase atropelo um bêbado que
resmunga. Afasto um chinês. Corredores brancos.Uma mulher de
olhar desesperado.Corredores. Claustrofobia. Tranco-me no
quarto e tremo. O medo é sempre sobrenatural. Alguém grita lá
fora...
Pag1 – Identificação: Tenente VB; Contacto:
Pag2 – Deixei todos os portos do mundo vazios e não me lembro
em qual despejei o sentimento. Os cães escanzelados que se
coçam demasiado nas docas ainda poisam um olhar vazio sobre o
navio que parte mas nem um latir do coração.
Pag3 – Ainda tremo.
Fumava lá fora. A banda tocando frenética. As pessoas cruzam
agitadas e satisfeitas. Irrita-me a dispersão. Os risos fúteis
das velhas libidinosas com os seus cus gordos alapadas ao
balcão.
Perto da meia-noite. O mar e o céu são um só. Serenidade. A lua
exala uma luz azeitona realçando as arestas das coisas.
Enquanto os homens acreditarem no infinito, o mar será tido
como insondável... Debruçado sobre a amurada fumo. As
gargalhadas no salão estão cada vez mais longínquas. Envolto na
noite.
Pag4 – Liberta-se a imaginação. Só tenho medo do sobrenatural.
Um arrepio. Um sopro frio varre o convés e insinua-se-me na
nuca. Os olhos não acreditam se um espectro de nuvens negras se
agiganta vindo não se sabe de onde e troça da lua. Uma primeira
vaga varre o oceano mobilizando as hostes. As vagas espumam de
raiva. Catatónico. Treme o navio. Estala um trovão. Oiço de
novo os gritos no salão. Corro. Quase atropelo um bêbado que
resmunga. Afasto um chinês. Corredores brancos.Uma mulher de
olhar desesperado.Corredores. Claustrofobia. Tranco-me no
quarto e tremo. O medo é sempre sobrenatural. Alguém grita lá
fora...
Dois Rios
eu sou o rio que rasga o desfiladeiro
abrupto no inverno rasgo-lhe o peito
manso no Verão moldo-lhe o leito
E se entre rochas me estreita
mais o meu corpo incha
e se em praias de sol se abre
meu corpo fino e espelho e
sobre o areal desmaio
bullying adulto ou das mágoas de viver só
Acordo mole no escritório
com medo que o patrão
veja esta bagunça e lhe
chegue ao nariz o cheiro
a ropa e carne estufada
Sou o que mais sofre e ainda
me incitam a pagar a rodada
olho desconsolado na cerveja
uma mosca morta a boiar
Sou a chacota do escritório
ninguém me conhece no prédio
nunca recebi um sorriso
mas tenho a companhia dos pombos
passeando no Sábados pelas áleas
do torpor do jardim público
com medo que o patrão
veja esta bagunça e lhe
chegue ao nariz o cheiro
a ropa e carne estufada
Sou o que mais sofre e ainda
me incitam a pagar a rodada
olho desconsolado na cerveja
uma mosca morta a boiar
Sou a chacota do escritório
ninguém me conhece no prédio
nunca recebi um sorriso
mas tenho a companhia dos pombos
passeando no Sábados pelas áleas
do torpor do jardim público
Amor desde que te vi
as ruas perderam seu rosto
secaram as luzes das lojas
e a calçada soluçou sem brilho
A luz do sol torna-se anotação no canto do livro
quando de súbito entras na sala com teu brilho
e tua voz trinada faz parecer um ronco
o grilar do grilo
se saio da tua órbita só sinto terror e frio
e isso me leva a escrever
afasta-te de mim minha musa sai da cama
que precisamos de dinheiro para viver
as ruas perderam seu rosto
secaram as luzes das lojas
e a calçada soluçou sem brilho
A luz do sol torna-se anotação no canto do livro
quando de súbito entras na sala com teu brilho
e tua voz trinada faz parecer um ronco
o grilar do grilo
se saio da tua órbita só sinto terror e frio
e isso me leva a escrever
afasta-te de mim minha musa sai da cama
que precisamos de dinheiro para viver
As vidraças
oh sombra que tanto levas a passar
afasta teus dedos vingativos da testa da criança
televisão sem som vidraça
passos singulares no apartamento vazio de cima
ameaça
afasta teus dedos vingativos da testa da criança
televisão sem som vidraça
passos singulares no apartamento vazio de cima
ameaça
22.11.13
inutil a gente somos inutil
Clamamos aos céus que nos enviem um iluminado que faça entender aos detentores do poder que o mais requintado o maior luxo nesta vida consiste em retirar a própria vida com a maior subtileza para que ninguém se dê conta.
Lágrimas de Raiva
toda envolta em vapor de água e num toalhão arranjava-me para sair lá em baixo já me esperava um negão piçalhudo entra a dona da casa que me alugava o quarto um esqueleto como uma só mama que sobressaía da camisola de dormir e lhe dava um ar de destroço humano. ela olha para mim desdenhosa e diz você se acha sua nêga horrorosa sempre tá assim se achando. Olha cuidado isso é racismo. ah é sua puta e onde é que estão as testemunhas? Sua preta, preta horrorosa. eu cogitei contratacar a monomamice dela mas preferi guardar cheia de calma e disse que tinha um homem esperando. saí e as lágrimas soltaram-se no elevador. lágrimas de raiva.
congruência
Alguns assassinos são muito burros na hora de encobrir a sua matança. Não falo daqueles que vão até ao posto de saúde tentar matar uma ex-parceira (feia como entulho) à frente de uma fila de espera de velhos com doenças indefinidas, não, falo daqueles que tendo cumprido bem a primeira parte, a da matança cometem erros estupidos na hora de esconder os despojos da sua selvajaria.
Wayne Gacy sabia trabalhar bem essa parte. O homem que matou uma adolescente a quem dava explicações de geometria descritiva e pensou comê-la mas não tinha tempo nem apetite para tanto nem sequer gostou muito do sabor...
Wayne Gacy sabia trabalhar bem essa parte. O homem que matou uma adolescente a quem dava explicações de geometria descritiva e pensou comê-la mas não tinha tempo nem apetite para tanto nem sequer gostou muito do sabor...
Idenir
Idenir dos sete filhos
uma casa para cuidar
e um deusalberto marido
pra respeitar e amar
la fora a chanussa e os gatos
são mais bocas pr'alimentar
rodeiam-na tantas almas
pra proteger e cuidar
tanta coisa pra fazer
lavar, limpar, cozinhar
atarefada vai levando
toda a vida a cantar
e ainda tem tia cenir
e seus cachorros
e a pequena daniely
e quem sabe que outros sufocos
esta filha de madalena
que outrora cortava cana
cuida agora serena
dessa familia bacana
nesta casa onde descanso irá encontrar
só na Casa do Senhor
para onde vai no Domingo
sempre a cantar
uma casa para cuidar
e um deusalberto marido
pra respeitar e amar
la fora a chanussa e os gatos
são mais bocas pr'alimentar
rodeiam-na tantas almas
pra proteger e cuidar
tanta coisa pra fazer
lavar, limpar, cozinhar
atarefada vai levando
toda a vida a cantar
e ainda tem tia cenir
e seus cachorros
e a pequena daniely
e quem sabe que outros sufocos
esta filha de madalena
que outrora cortava cana
cuida agora serena
dessa familia bacana
nesta casa onde descanso irá encontrar
só na Casa do Senhor
para onde vai no Domingo
sempre a cantar
primeiros serviços
O seu primeiro serviço foi de guarda numa praceta pacata de niteroi perto da sede do pt e da propria esquadra o chefe disse lhe tem la um flanelinha vc obriga ele a ajoelhar e grita qual é fdp cadê a grana? Saca tudo o que ele tenha e diz que nao o queres mais ali a grana tava pendurada numa arvore com o nervosismo rasguei a calça do uniforme a trepar a arvore
Alfa-O-Mega
Naqueles meios todos sabiam do alfa e o omega tatuados cada um numa nadega por isso lhe chamavam Alfa-O-Mega
irmã do pastor Célio
O mal que fizeram à sua irma ela era uma jovem saindo da adolescencia fora tao grave que familia so tivera coragem de a esconder mas a ferida ao invés de sarar sob a gaze encheu-se de pus a transbordar de raiva e impotencia
das razões de não mais profetizar
As ondas agitam-se debaixo do cais com o aproximar da barca não dá para perceber a profundidade da água um cheiro a podre liberta-se da escuridão e a ponte metálica chia como se pelo impulso das ondas serrassem um pescoço metálico os cabrões dos mexilhões são rijos como granito e estraçalham o que lá roçar seja a pele dum cachorro flutuando morto, uma árvore ou uma quilha de aço, tudo sai esfianpado e diminuido
Nesta noite de lua cheia em que o mijo infeta as paredes do porto e as ratazanas se banqueteiam com os despojos dos despojos nao profetizo nada porque o mal ja esta todo diluido nas aguas do rio e a lixivia biblica foi bebida pelas gretas dos pés desamparados.
Nesta noite de lua cheia em que o mijo infeta as paredes do porto e as ratazanas se banqueteiam com os despojos dos despojos nao profetizo nada porque o mal ja esta todo diluido nas aguas do rio e a lixivia biblica foi bebida pelas gretas dos pés desamparados.
Eremita Brasileiro
O ermita brasileiro subiu ao morro como os primeiros monges gregos era um morro ainda sem nome que sentiu na alma que era ali que o Senhor o queria para que lhe prestasse louvor e dali atrai-se as bençãos para esse povo que se formava as atas do seu superior atestam o seu ânimo boas disposições e o desejo de ver acima de tudo cumprida a vontade divina
sermão de peixes
Iamos abrindo aquelas ameijoas gigantes e rosadas bem geladas de faca na mão extraimos aquele binho carnudo e vermelho vulva eu questionava-me acerca do desperdício eram quilos de ameijoa berbigão e camarão que deitavamos ao mar para tentar pescar não sabia bem o quê... no final do dia chegava convencido apesar dos tupperwares carregados de marisco semeados borda fora como engodo eram muito mais valiosas as arcas transbordantes de cavala peixe porco sargos douradas lulas parguetes
Rora
Rora era quarentona carioca que é totalmente diferente de dizer era quarentona lisboeta ou quarentona de nova iorque ou quarentona de pequim
vagas de emprego ; ofertas de emprego ; estágios não remunerados
A barca vogando a escuridão da baía movia-se como um sorriso de janelas iluminadas o avião dança em câmara lenta entre as luzes coloridas da pista de aterragem e levanta voo laura escura como um tição coxila no banco laranja da barca velha irritada com o som infernal que sobe da casa de máquinas misturado com um morno fumo de fuelóleo queimado e o gargalhar dos foliões que não necessitam de descanso, aperta mais o casaco azul com recorte de motoqueira como se pudesse protegê-la mais vai medindo o caminho que lhe falta até casa a escuridão da noite relaxa tanto como os brilhos de niterói sobre as ondas oleosas e negras fazem sonhar as dificuldades do dia a dia e as decisões, sobre problemas mais complexos que o curriqueiro, postergadas sufocam: o lanche da filha, as cadeiras da faculdade a que dar mais importância as premências do escritório a proximidade excessiva das pessoas que a atropelam na área de alcance dos seus sentidos os cheiros de ácidos desodorizantes a tosse da velhinha do lado as noticias repetidas da telebarcas o tempo de casar de novo esvai-se a...
falas mansas
falam dentro de nós aqueles de quem nos irmanamos e escutarão os que se sentirem irmãos do nosso grilo ou os que queiram casar as suas irmãs interiores. aviso que escondo aqui um soldado, um negro que fuma ao crepúsculo sentado na porta da sua oficina e uma advogada recém formada virgem e com um corpo fabuloso pequena mas fabulosa no sentido de animal que por acaso fala
Ação das Onda
Milhões de olhos crivam a rocha cuspindo a espuma trazida nas ondas engolidas nas fossas de sombra com soluços e sufocos que fazem arrotar mexilhões e limpam os pretos olhos dos caranguejos
17.9.13
XX
Tudo o que é público esterilizado
altamente definido supersónico cristalizado
e eternamente de novo
nos adolescentes que tropeçam nas suas poses
de branco e negro esborratado em amores
incutidos pelo público revistos
por câmaras de circuitos integrados
equilíbrio de sexos garotas de olhar pardo
rapazes de olhar desconfiado
estradas e ruas - carros de noite andando vazios
o tempo da cidade
renovado pelas brisas arrastadas pelos notivagos taxis
encapsuladas nas marquises e cartazes do estado
ninguém acorde ainda(clap clap) só apartir das 6
antes disso o sonho é um veneno a mais
solta os ombros faz os vegetais
em picado tira os martinis
da parede a pele da diva no frio
aço escovado a rua serpenteia
em luzes pelas fachadas de cristal
sussurro ao teu ouvido não existe
o esgoto não existe o lixo,não
não existem pais não passam duma canção
de antigamente existe a ordem e a obediência
existem regras de trânsito e sinalização
existe o comércio a moda e o tesão
que entumesce as avenidas ilumina a sociedade
e nos dá uma razão
sentes no coração palpitar um frémito
no peito o sangue borbulha como um rumor ancestral
ameaça nos teus olhos secos uma lágrima brotar
suspende o pensamento e adormece
altamente definido supersónico cristalizado
e eternamente de novo
nos adolescentes que tropeçam nas suas poses
de branco e negro esborratado em amores
incutidos pelo público revistos
por câmaras de circuitos integrados
equilíbrio de sexos garotas de olhar pardo
rapazes de olhar desconfiado
estradas e ruas - carros de noite andando vazios
o tempo da cidade
renovado pelas brisas arrastadas pelos notivagos taxis
encapsuladas nas marquises e cartazes do estado
ninguém acorde ainda(clap clap) só apartir das 6
antes disso o sonho é um veneno a mais
solta os ombros faz os vegetais
em picado tira os martinis
da parede a pele da diva no frio
aço escovado a rua serpenteia
em luzes pelas fachadas de cristal
sussurro ao teu ouvido não existe
o esgoto não existe o lixo,não
não existem pais não passam duma canção
de antigamente existe a ordem e a obediência
existem regras de trânsito e sinalização
existe o comércio a moda e o tesão
que entumesce as avenidas ilumina a sociedade
e nos dá uma razão
sentes no coração palpitar um frémito
no peito o sangue borbulha como um rumor ancestral
ameaça nos teus olhos secos uma lágrima brotar
suspende o pensamento e adormece
5.7.13
.-)
a pedra fecha com pedra a gruta a
lama
cega os rumores surdos do lavrar das raízes
cada vez mais profundo ecoa no
poço
o gotejar esquecido no escuro sufoco
frio húmido calabouçoo
perfeição do
silêncio imutabilidade milenar
beleza sem ar
congelada escarpada
e dura a
rachadura
o hiato do que ficou por preencher
o equilíbrio exato
das forças sem
força que o pó domina
que a larva carcome
que o sol ignora
e a chuva devora
em
soluços de vácuo e tédio secular
perturbado
um peito de terra
um folgo minério
um templo litostroto onde vagueiam toupeiras,
cobras, escorpiões, centopeias,
morcegos, ratazanas e salamandras
todos cegos os animais mais perfeitos
um silencio que reverberae transborda e se encapela
feito um mar de invisíveis ondas
turbilhonadas em espirais de subtração
alimando e aguçando as superfícies do nada
a clivagem da perfeição
é perfeita a harmonia conservada pelo milénio
desaba e rui por um desiquilíbrio
emocional um desequilíbrio
de forças no ar retirado após a decomposição
duma pata de barata um estertor
ribomba uma tosse seca arreganha-se
torna-se violenta
arqueiam-se as costas e tudo rebenta
Um pouco mais à esquerda
Depois do tribunal popular ter perdoado o pitbull que matara
o seu filho bebê e livrado legalmente a besta de uma morte química indolor, R. quis vingar-se dos donos do cachorro um casal de malhados jovens bem sucedidos,
ele tatuado e ela ligeiramente nipônica que moravam num AP umas quadras acima.
Salvem o cachorrinho gritavam as teenagers à porta do tribunal lavadas em
lágrimas amachucando entre as mãos convulsas fotocópias do bicho decorado com
um belo laço de photoshop e ele a uns vinte passos sentado no muro sozinho rememorava
aquela manhã trágica em que fora pegar a criança com a mãe para um intenso
sábado parental. Acabou condenado à tortura depois de ter sido flagrado a
torturar o jovem casal com lâminas e brasas e com mordidelas. As pessoas já não
tem o know how das torturas mas açougueiros e cirurgiões nunca hão de faltar e
assim tínhamos o dr lamy e o torres preparando o animal. Atado pelas quatro
patas introduzia torres um espeto metálico no ânus coadjuvado pelo dr lamy que
ia sentindo a passagem do varão ao longo das costelas certificando-se que
nenhum órgão vital seria atingido. “Porra torres um pouco mais para a esquerda”
A Call to Arms
claro que agora toda a razão nos manda absorver a força e engolir a raiva
que as injustiças dos governos nos despertam, convidam-nos a embarcar no cinismo
e a aguardar no conforto de nossas casas o destino que as instituições traçaram
como mais adequado à nossa classe. Não nos olvidemos que os bem sucedidos da
política hodierna gastaram outrora as suas vozes para serem ouvidos e como se não
chegasse ainda perderam dedos. se a veterana classe trabalhadora era
robustecida por um passado passado tisnando ao sol vigorada pelo trabalho
braçal, a nova classe fervilha de uma nova consciência social, garante-se da
facilidade de fazer número para reivindicar e neste novo gigante que se levanta
corre todo o sangue esperançoso do imberbe universitário! Pega na bandeira e junta-te à multidão que engrossa!
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Convento dos Capuchos
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
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Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria. Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros Escrito por um clérigo da época. Tu...
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