Infiltrações #1
16.7.07
Algumas ideias dispersas...
Algumas ideias dispersas...
Não me são estranhos os teus olhos querida,
Já nos amámos antes noutra noite.
Gritava esparramada na imundície.
Mil vezes por ti morto e abandonado.
Olhinhos de fingida...
Até de madrugada cavalgarão,
Poucas razões sobravam por chorar.
Não sei se hei-de falar mais alto,
Para que reparem em mim,
Ou se hei-de ficar calado,
Para que não dêem por mim.
Mário Mosca
Não me são estranhos os teus olhos querida,
Já nos amámos antes noutra noite.
Gritava esparramada na imundície.
Mil vezes por ti morto e abandonado.
Olhinhos de fingida...
Até de madrugada cavalgarão,
Poucas razões sobravam por chorar.
Não sei se hei-de falar mais alto,
Para que reparem em mim,
Ou se hei-de ficar calado,
Para que não dêem por mim.
Mário Mosca
Ai Delicada flor primaveril
Ai Delicada flor primaveril,
Balanças distraída ao vento sul,
Libertando o teu aroma infantil,
Brilhando ao sol com teu vestido azul.
Pendes dum frágil galho em que balanças,
Tentas fugir do velho que te agarra,
Como das mães aflitas as crianças,
Liberdade?...
Ao fim da noite emersa na escuridão,
Ficas triste, em silêncio ao som da lua,
pesadelo no breu em solidão,
Não conseguiu soltar-se deu fruto...
Soltou morreu no chão infecunda...
André Istmo
Balanças distraída ao vento sul,
Libertando o teu aroma infantil,
Brilhando ao sol com teu vestido azul.
Pendes dum frágil galho em que balanças,
Tentas fugir do velho que te agarra,
Como das mães aflitas as crianças,
Liberdade?...
Ao fim da noite emersa na escuridão,
Ficas triste, em silêncio ao som da lua,
pesadelo no breu em solidão,
Não conseguiu soltar-se deu fruto...
Soltou morreu no chão infecunda...
André Istmo
Uma rosa amarela
Uma rosa amarela,
Um bigode afilado,
Mesa de cristal,
Toalha de brocado.
Sapato bicudo,
De verniz brilhante,
Reflectindo o teu penteado.
Filipe Elites
Um bigode afilado,
Mesa de cristal,
Toalha de brocado.
Sapato bicudo,
De verniz brilhante,
Reflectindo o teu penteado.
Filipe Elites
Pedro
Pedro morava na falésia de rochas sobre o mar,
Os dias eram tormentosos dum cinzento esverdeado.
O mar rugia furioso e ecoava nas negras covas dos rochedos,
O sol nunca brilhava o vento gritava rodando na chuva.
O pai de Pedro era forte como um tubarão,
Passava os dias no mar na matança,
A sua barba era crespa como a urze,
E a voz cava vinda dum porão.
Mário Mosca
Os dias eram tormentosos dum cinzento esverdeado.
O mar rugia furioso e ecoava nas negras covas dos rochedos,
O sol nunca brilhava o vento gritava rodando na chuva.
O pai de Pedro era forte como um tubarão,
Passava os dias no mar na matança,
A sua barba era crespa como a urze,
E a voz cava vinda dum porão.
Mário Mosca
Olhei à Distância
Olhei à distância.
Olhei ao longe através da noite,
Um quarteirão compacto e familiar dos anos 50.
Aqui bem perto o som de carros numa via rápida,
Deixando um rasto sonoro,
Marcando o compasso da cidade.
As luzitas das salas de estar apelavam a um silêncio,
Calmo descansando nos sofás,
ou roçando algum cortinado de tecido pesado.
Naquela outra sala os clarões intermitentes denunciam algum filme noturno.
O céu da cidade qual gorda nuvem laranja,
com laivos de verde nas bordas é um edredom que nos cobre a todos.
Por vezes surge algum vulto lânguido em contra-luz
nalguma janelita refundida,
sugerindo historietas noturnas de almas movendo-se na solidão.
Mais pessoas passavam nos carros acelerados
com objectivos rápidos de alcançar,
ou simplesmente perdidas sem sentido,
hipnotizadas pelos rastos de luz dos carros da frente.
Na rua aqui em baixo as árvores dançam,
levemente acariciadas pelo vento fresco da madrugada.
Fecho a janela bocejando...como serão os meus sonhos?
André Istmo
Olhei ao longe através da noite,
Um quarteirão compacto e familiar dos anos 50.
Aqui bem perto o som de carros numa via rápida,
Deixando um rasto sonoro,
Marcando o compasso da cidade.
As luzitas das salas de estar apelavam a um silêncio,
Calmo descansando nos sofás,
ou roçando algum cortinado de tecido pesado.
Naquela outra sala os clarões intermitentes denunciam algum filme noturno.
O céu da cidade qual gorda nuvem laranja,
com laivos de verde nas bordas é um edredom que nos cobre a todos.
Por vezes surge algum vulto lânguido em contra-luz
nalguma janelita refundida,
sugerindo historietas noturnas de almas movendo-se na solidão.
Mais pessoas passavam nos carros acelerados
com objectivos rápidos de alcançar,
ou simplesmente perdidas sem sentido,
hipnotizadas pelos rastos de luz dos carros da frente.
Na rua aqui em baixo as árvores dançam,
levemente acariciadas pelo vento fresco da madrugada.
Fecho a janela bocejando...como serão os meus sonhos?
André Istmo
Pintar a Manta
Gosto de pintar a manta,
Correr de esguelha,
Cantar a santa,
Rodopiar a velha.
Maria Vouga
Correr de esguelha,
Cantar a santa,
Rodopiar a velha.
Maria Vouga
anjo da guarda
Vi-te lá de cima,
Cocuruto, ombros e sapatos,
Chegavas cansada do trabalho,
Eu olhava.
Estava parado sem fazer nada,
Decorava com carinho os teus passos,
Não sentis-te o meu olhar?
Sou o teu anjo da guarda.
Lúcia
Cocuruto, ombros e sapatos,
Chegavas cansada do trabalho,
Eu olhava.
Estava parado sem fazer nada,
Decorava com carinho os teus passos,
Não sentis-te o meu olhar?
Sou o teu anjo da guarda.
Lúcia
Rainha do Verão
Passeavas distraída no apart-hotel à beira mar,
A noite caía em tons laranja.
És a rainha do Verão,
Mas entre o final do dia e o começo da noite,
Tu és minha.
Filipe Elites
A noite caía em tons laranja.
És a rainha do Verão,
Mas entre o final do dia e o começo da noite,
Tu és minha.
Filipe Elites
Rock_6
Duas criaturas frágeis fechavam-se no quarto e,
Tic tac caem anjos no jardim,
Zic zac os garfos raspam nos pratos,
Lala melodias doces através da noite!
Vasco Vides
Tic tac caem anjos no jardim,
Zic zac os garfos raspam nos pratos,
Lala melodias doces através da noite!
Vasco Vides
Dançar como uma serpente
A música fazia me dançar como uma serpente,
Deslizava ao longo da pista a escorrer libido,
Roçava em toda carne posta à minha frente,
Que pena amanhã ter aulas pela fresca.
Filipe Elites
Deslizava ao longo da pista a escorrer libido,
Roçava em toda carne posta à minha frente,
Que pena amanhã ter aulas pela fresca.
Filipe Elites
Eu sou um bandalho
Não me tentes provar que as músicas,
que ouves são melhores que as que eu oiço,
só as vai tornar piores,
diz me antes que andas a ouvir algo diferente.
Não me perguntes o que achava se pintasses madeixas ruivas,
Aparece-me de madeixas loiras,
Faz-me surpresas,
Que eu gosto sempre de ti.
Não me perguntes se sou capaz de acordar sozinho,
Dir-te-ei que sim com ar compenetrado,
Mas amanhã não aguento e ficarei deitado,
Faz tudo por que eu sou um bandalho.
Perguntaste se gostava do teu novo penteado,
Disse que não para te chatear,
Mas acariciei-o deslumbrado,
Estás-me sempre a apaixonar.
Vasco Vides
que ouves são melhores que as que eu oiço,
só as vai tornar piores,
diz me antes que andas a ouvir algo diferente.
Não me perguntes o que achava se pintasses madeixas ruivas,
Aparece-me de madeixas loiras,
Faz-me surpresas,
Que eu gosto sempre de ti.
Não me perguntes se sou capaz de acordar sozinho,
Dir-te-ei que sim com ar compenetrado,
Mas amanhã não aguento e ficarei deitado,
Faz tudo por que eu sou um bandalho.
Perguntaste se gostava do teu novo penteado,
Disse que não para te chatear,
Mas acariciei-o deslumbrado,
Estás-me sempre a apaixonar.
Vasco Vides
Num canto mais obscuro
Num canto mais obscuro da Bracalândia,
Onde ninguém passa de tão refundido,
Existe uma alegre barraca,
E lá dentro mora um preto.
Ninguém, nem ele próprio sabe como foi lá parar.
Tem uma farta carapinha,
Dança entre as geringonças adormecidas,
Ao final da feira,
E comia pedaços de farturas frias.
Mário Mosca
Onde ninguém passa de tão refundido,
Existe uma alegre barraca,
E lá dentro mora um preto.
Ninguém, nem ele próprio sabe como foi lá parar.
Tem uma farta carapinha,
Dança entre as geringonças adormecidas,
Ao final da feira,
E comia pedaços de farturas frias.
Mário Mosca
A palha amarfanhava-se contra a terra
A palha amarfanhava-se contra a terra,
Loira como fateixas de crina de cavalo,
O céu resplandecia de azul imaculado,
O sol imperava sobre o mundo.
Caminhava pensativo através das vinhas,
Surripiava distraído bagas ácidas de uvas verdes,
Olhar desfocado misturava a paisagem toda,
As ideias fluíam lentas e moles ao sabor da brisa morna.
Com o rosto aquecido de olhos semi-cerrados,
Pensava completamente nos teus risos doces,
Só uma abóboras ao longe davam algum grão a esta vista,
Nunca tive coragem de falar dos meus sentimentos.
Depois do almoço nem os pássaros se ouvem,
Os meus passos na terra seca dão ritmo às minhas orações,
As águias flutuam sem encontrar alimento,
O coração treme sem sobressaltos e sem alentos.
André Istmo
Loira como fateixas de crina de cavalo,
O céu resplandecia de azul imaculado,
O sol imperava sobre o mundo.
Caminhava pensativo através das vinhas,
Surripiava distraído bagas ácidas de uvas verdes,
Olhar desfocado misturava a paisagem toda,
As ideias fluíam lentas e moles ao sabor da brisa morna.
Com o rosto aquecido de olhos semi-cerrados,
Pensava completamente nos teus risos doces,
Só uma abóboras ao longe davam algum grão a esta vista,
Nunca tive coragem de falar dos meus sentimentos.
Depois do almoço nem os pássaros se ouvem,
Os meus passos na terra seca dão ritmo às minhas orações,
As águias flutuam sem encontrar alimento,
O coração treme sem sobressaltos e sem alentos.
André Istmo
Linguagem dos Animais
Os nossos agentes já desvendaram a linguagem dos animais,
mas decidiram que ainda não era altura de a revelar ao Homem.
Mário Mosca
mas decidiram que ainda não era altura de a revelar ao Homem.
Mário Mosca
Cortar na Casaca
Quê vós sois rapazes?
Então fazeis aí sentados a cortar na casaca do alheio?
Ide trabalhar meus meninas!
Filipe Elites
Então fazeis aí sentados a cortar na casaca do alheio?
Ide trabalhar meus meninas!
Filipe Elites
Sujos de Rímel
Não adianta pintar o cabelo,
Não podereis fugir dos radares,
Põe na cabeça uma panela,
Assim não atrais os olhares.
Tendes os olhos sujos de rímel,
Foi por mim que estivestes a chorar?
Tarde volto não espereis por mim,
Talvez nem queira voltar.
Filipe Elites
Não podereis fugir dos radares,
Põe na cabeça uma panela,
Assim não atrais os olhares.
Tendes os olhos sujos de rímel,
Foi por mim que estivestes a chorar?
Tarde volto não espereis por mim,
Talvez nem queira voltar.
Filipe Elites
Luísa
Luísa estava velha,
O rádio crepitava o fado gasto,
O pó acumulado nos móveis,
Absorvia lágrimas de juventude perdida.
Diniz Giz
O rádio crepitava o fado gasto,
O pó acumulado nos móveis,
Absorvia lágrimas de juventude perdida.
Diniz Giz
Fustigava
Fustigava a pequena embarcação,
com o gemido das madeiras,
e o uivar do vento no cordame.
Lúcia
com o gemido das madeiras,
e o uivar do vento no cordame.
Lúcia
Lino
Lino partiu o braço no bidé,
gritou de dor agarrado à louça,
mas ninguém acreditou em mais uma mentira,
e chorou olhando o seu reflexo na sanita.
Zé Chove
gritou de dor agarrado à louça,
mas ninguém acreditou em mais uma mentira,
e chorou olhando o seu reflexo na sanita.
Zé Chove
José Andava Louco
José andava louco,
Queria encontrar uma mulher para casar.
Andou de aldeia em aldeia perdido,
Assombrado nos caminhos solitários.
Depois duma densa floresta,
No meio da escuridão,
Encontrou uma casa,
Branca como um lírio brilhando de lua.
Ouviu um cantar doce,
Abandonado de menina,
Mas não havia luzes nas janelas.
“Estava à tua espera”
“Estava à tua espera”
“Estava à tua espera”
Zé Chove
Queria encontrar uma mulher para casar.
Andou de aldeia em aldeia perdido,
Assombrado nos caminhos solitários.
Depois duma densa floresta,
No meio da escuridão,
Encontrou uma casa,
Branca como um lírio brilhando de lua.
Ouviu um cantar doce,
Abandonado de menina,
Mas não havia luzes nas janelas.
“Estava à tua espera”
“Estava à tua espera”
“Estava à tua espera”
Zé Chove
Na vastidão do areal
Na vastidão do areal,
Corremos sem destino ao sabor do vento,
De olhos cegos do sol brutal,
Em busca de felicidade por um momento!
Vasco Vides
Corremos sem destino ao sabor do vento,
De olhos cegos do sol brutal,
Em busca de felicidade por um momento!
Vasco Vides
Não quero voltar a ouvir falar de prazer
Não quero voltar a ouvir falar de prazer,
Vou ser seco como a tábua,
Não vou ouvir o animal,
Vou esmagar o animal!
Vasco Vides
Vou ser seco como a tábua,
Não vou ouvir o animal,
Vou esmagar o animal!
Vasco Vides
O Terror
O terror entrou-nos pelos olhos,
Anestesiados pela profusão de cores,
E embalados por melodias cerebrais,
Sorrimos insanos e provámos deliciados o sangue de alguém.
Zé Chove
Anestesiados pela profusão de cores,
E embalados por melodias cerebrais,
Sorrimos insanos e provámos deliciados o sangue de alguém.
Zé Chove
Dançámos
Dançámos até ao infinito,
Atravessámos os portões da ignorância.
Sentimos o gosto do vinho quente.
Afundados num sofá de prazeres fugazes.
Lúcia
Atravessámos os portões da ignorância.
Sentimos o gosto do vinho quente.
Afundados num sofá de prazeres fugazes.
Lúcia
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