25.3.14

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As praias mais belas são as mais inóspitas onde só vinga o sal e o sol. Em Portugal existe uma praia perto de Sesimbra acessível apenas por mar ou derrapando por uma escarpa vertiginosa com uma atrevida e minúscula língua de areia sequestrada pelas águas do mar num salão de muralhas de pedra fulminada pelo sol impiedoso ou de cenho arreganhado da mais fria sombra que humedece de salitre as anfráguas e ravinas dos rochedos encostada ao lado direito da praia num refego de rocha junto ao mar sobre um plateau acimentado descansa sempre uma casa. Deitei-me no plateau ouvindo latidos de cachorros no interior da casa e semi-adormeci

Num sonho diluído bateu-me
Ao forte de santa cruz canhões de guerra apontando a boca da barra brilhando azul. ao longe meio esfumada na neblina a baia d o Cristo Redentor. caprichara num penteado com cachos longos e uma armação de rosas brancas e uma bata leve e translucida. fotos na praia ao por do sol trajes de gala sob o sol carioca mais vigoroso. até à praia do Adão felicidades mutuas, em direção a praia da Eva lasca do paraíso aconchada entre escarpas rochedos arredondados e mata virgem . Uns velhos improvisaram um boteco com umas madeiras de destroços e vendiam bebidas padrão de antártica a 51. cruzavam a vista cargueiros, transatlânticos, veleiros, pesqueiros pequenos e outras embarcações.fotos sob as amendoeiras, junto das rochas, dentro do mar, beijando de mãos dadas, mergulhando, acenando... Entremeamos as fotos com cervejas sempre pedindo as bebidas o velho no auge gritou-me “porque è que ta vestido assim? Isto é praia se despe porra!” Quase perdendo os sentidos Perto das tábuas onde nos sentáramos uma família tagarelava enquanto o homem rodeado de três moleques retirava cuidadosamente uns siris de uma rede para não ser picado (talvez fossem venenosos – acho que os caranguejos de tons esverdeados ou azulados têm um veneno forte utilizado pelos povos tupis nas pontas das lanças para caçar antas). Explicou-me que os cozia na panela de pressão e com a água fazia um caldo pró pirão e ajuntou "Não tem muita carne mas..." e terminei "É só para chupar!" as melhores fotos o sol baixava incandescente no corcovado. O cansaço deixou nossos corpos mais soltos, naturais e apaixonados.
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Amalgamados sonhos, suspiros e glossolalia – os cães ladravam à distância
Quem matara as serpentes que invadem o meu quintal? Sinto-me mal com o que devo ao sistema e sinto que não tenho tempo na minha preguiça para me organizar e pensar no que devo e como desenvencilhar-me deste sebo todo, escorrego e tento esquecer que há muito vou ladeira abaixa e que não tarda já em anos o baterem há porta para me surrarem. Por isso sonho tanto com alçapões podres, serpentes, pernas quebradas, amuletos fora da validade, não sonho à noite, sonho de manhã no transe entre o lençol e a mesa de trabalho e à noite lamento e penitencio-me por mais uns meses de inutilidade. Felizmente moro nos trópicos e mergulho profundamente o olhar nos verdes impenetráveis da floresta amazônica e fico assim por longos minutos, o meu verdadeiro descanso... Como acudir sem violência ao companheiro que docemente se embrenha em silenciosos ardis de perdição armados sutilmente por potências sem cara que nos lambem como um gato lambe um rato? Não esperem uma história, esperem a queda no poço do petróleo... garanto-vos a riqueza e a alegria de se sentirem acompanhados no meio do caos. Prometo que às vezes vou olhar para cima tentando respirar o céu profundo. A história dum cara que faz rapel para lavar vidros na torre do rio sul e fazia amor com várias secretárias dos escritórios. Ainda não é hoje que vou contar essa história e mencionei-a só para que vos fervilhe um pouco o sangue e ainda não adormeçam. Uma musica pseudo-épica-new age proto-oriental chill-out e eu já me imaginava a fazer katas de tai-chi-shuan numa praia deserta do oregon, tenho tensão baixa e no fundo eu sou um sentimental. E o mar de sentimentos arrasta-me preguiçosamente pela divagação inconsequente... um lago com destroços no fundo onde por vezes fareja um pecari, caititu, cateto (daí o chamar-se catete ao bairro da porcaria) porquinho irmão sul americano do javali com diferenças ao nível da úngula. Fareja chafurdando nas algas de dois anos de metafísica e alguns módulos vegetais do quadriênio de teologia aplicada à patrística. -A tristeza é tão emotiva que quando me contou sua vida eu chorei e ri a bom rir o rosto congestionado e o casquinar dos ombros. Quando choramos os males e deficiências com que nos trataram os nossos pais... Um pão sem nada no primeiro dia de aulas, cabelo penteado à bouzo, ir a pé sozinho de autocarro de calções através do frio de marítimo à luz da lua, farofa de casca de ovo, peixe mal assado, espaguete com clara de ovo mal cozida... “I am a cop shut up” “A lot of people running and a-hiding tonight. A lot of people won't get no justice tonight. So praise Jah often” E qual é a diferença da Lorde para a Jesca Hoop? Os mecenas, a estratégia de intrusão? E saltando rapidamente para uma realidade mais tangível, quando o patrão ao fim de tantos anos percebeu o valor da funcionária, forçou a familiaridade e abriu-lhe todas as concessões “por favor sinta-se à vontade para passear no meu pátio, às vezes venho aqui fumar para me inspirar na disposição randômica das nuvens” e lambeu-a um pouco mais como uma leoa estica a franja do leote. Olha ai que ela passa de leque e no alto da testa um topete e samba a saia de bolinha a minha moreninha que eu sei que um dia foi escrava minha escrava livre livre de ser minha escrava. Niterói meu interior inteiro. Aarvdark - bicho africano tipo canguru representado em iluminuras medievais. Glossalia arreshmatana ushliba eina grrevna2drochtmanciparnia futsglaina un5dertmiguelei urocoara fordzicht lambadogmis. UrcaSanta TeresaCopacabanaBotafogoLapaAlfamaBairroAltoAreeiroChelasBenficaNão gosto de Yes ou the Who nao tenho paciência para o Stones
Continuava deitado no plateau cada vez mais mole do sol que me esturricava o corpo
Querem mulher forte e torneada e pensais que podereis encontrar melhor que a cabrita mulata que calcurreia o morro dia e noite desde a infância? Talvez não saibais de mulheres mas todo o mundo sabe que a carne argentina é mais macia por pastarem as vacas no plaino e as brasileiras mais rijas por sambarem na grama viçosa das serranias. Cada um com sua consciência a minha diz carne argentina mulher mulata. Explodiam no limbo vários corpos de mulheres latinas e de ébano e montes e cabeços redondos, oblongos, costas e ventres e cordilheiras difuminadas de neblinas roxas de montes leves e moles...
Assustei-me com uma onda que estourou mais perto...
Sonhei com um africano cristão de uma irmandade pré-conciliar que se desenvolvera primitiva no deserto etíope, habitavam fortificados em castros mais antigos que a cristandade. Um dos seus reis partiu a cavalo através do Atlântico... Regendo à praça XV el rei de João o segundo de seu nome com bochechas tais que talvez engolira o mundo ou as bolas do rocinante em que vai montado, mas não, lá estão as cujas bem bronzeadas como convém aos cariocas. Emborcávamos molho tártaro até se tornar feral nosso bafo que brandíamos como floretes invisíveis nas discussões depois duma sesta maturada na varanda de sol ouvindo as cigarras cerrando o chorão plantado no dia do nascimento do nosso pai. Sonhei com reis africanos destroçados aos dentes dos leões e uma vala comum de g3 de plástico rebolando em grossas bolas de fogo!
(“avance avance” enxotavam-nos na fila do museu MAR aquela cobertura como um tapete do Aladino fugindo com várias sacas de dinheiro e despenhando-se na Guanabara)
Eu morro-me por estas coisas de amores estas habilidades que tenho estas graças infusas - Na refrega do desânimo lhe restaram as vitualhas sobre a mesa de plástico e um cd arrefecido da Marisa Monte e adentrou-se nas brenhas de fumo do cigarro esquecido atiçado pelas brisas do Tejo
Os momentos de ócio nos escritórios que passava desenhando plantas de vivendas com forma de suástica foram cruciais no desenvolvimento da minha arte e na definição da minha animalidade social
A ventania e as ondas e o sol impiedoso fustigavam a escuna provocando o choro, os gemidos e os vômitos. A minha filha abriu a goela de súbito e o jorro vermelho esfiampou-se nas garras do vento
“Fumávamos maconha e cheirávamos benzina e fazíamos sexo uns com os outros gritávamos frases de livros emocionávamo-nos com vinho barato queríamos definir nós as regras da vida não para a tornar mais fácil mas mais compreensível, mais saborosa e se possível achar um túnel secreto para o sucesso...”
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A sombra da casa cobria agora metade do meu corpo e a cabeça assim na frescura tornava mais espesso o meu sonho:
Vimos durante o delírio da espera um homem andando nas ermas rochas em silêncio como uma silhueta só, como um animal ancestral distante. Uma mulher começou a entoar salmos de libertação enquanto uma velha se esvaía em vómito num balde preto segurado pelo neto japonês com as trombas já desfiguradas de respingos. As ondas cresceram até ao ponto em que nem os que nadam se salvariam.
Nas cidades em crescimento tudo se esboroa em pó de cimento e areia. a construção é quase só estrutura e as falhas nunca são só superficiais, são rombos até aos varões de aço dos pilares são varões de esperas eternas por 13os e inspirações para retomar as obras tijolo sobre tijolo escacilhado escarros de betonilha polvorenta fiações e chapas pintalgadas de ferrugem dobradas nas esquinas. Eu trabalhava na obra do shopping metropolitano da barra design mall deluxe fashion, aplicava peças de porcelanato chiara no pavimento. Em minha casa apliquei o piso seguindo uma paginação absolutamente randômica. Passei o natal comendo panetonne sozinho em frente à TV desligada ouvindo em repeat no mp3 o pagan poetry da Björk.

Os velhos do boteco, um bebado outro zarolho e um terceiro de bigode farfalhudo e queimado deram de arrumar as tralhas. pedir a conta por ser gringo podiam querer meter a mão. Ainda ela se aproximava do balcao de naufragio e ja o velho gesticulava e articulava expressivamente "eu, eu nao en-ten-den-do nada do que voces vo-ces dizem" e apontava como um tarzan etilizado ela com um sorriso de professora eternecida "mas eu sou carioca" e gargalhava sorriam também seus óculos de massa. com o sol escondido os tons laranja do céu tingindo toda a paisagem alguem acendera uma fogueira todo o céu em chamas. um grupo de jovens enxameava em torno dum balcao dando ares de festa e através do jovens chovia.
participar na festa "claro a galera ta so trazendo bebida podem ficar" fui comprar a jurujuba uma favela piscatoria voltei ja o reggae bombava nas colunas e as linguicas douravam na grelha amizade com as "criancas" Luau. Tocaram churrascos comemos cerveja, bebemos xixi no mar conversamos com estrelas e rimos das tartarugas e dormimos no próprio sonho
Senti o tempo esfriar e as ondas rebentaremmais fortes os cães tomaram silêncio
uma braba ondulação e uma ventosga endiabrada perto das três praias. Aí demos um mergulho e comemos frutas. o motor quebrou 3vezes lançando fumaça e pânico entre as mulheres, descemos a última âncora antes de presa e dando-nos conta ficamos 3 agarrando-a à unha enquanto outro dava um nó gritando com o capitão velhinho. Enquanto descia a âncora ouvi o man gato murmurar estamos nas mãos de Deus. O barco encarou as ondas e a popa ficou a uns metros de se destrambelhar nos rochedos.
A ventania e as ondas e o sol impiedoso fustigavam a escuna provocando o choro, os gemidos e os vômitos. A minha filha abriu a goela de súbito e o jorro esfiampou-se nas garras do vento pintalgando as pernas dum ex militar obeso com quem cavaqueara e partilhara umas laranjas minutos atrás. O gordo não se conteve e ajoelhou na amurada regurgitando um lastro de melancia sambada ingerida ao som do Seu Jorge. Nas ondas encandeadas de sol começou a pintar-se o rosto ameaçador da natureza bruta que perde a aparente inocência de quem a observa em segurança. Um leão atrás das grades é estúpido e sujo à frente das grades torna-se incómodo e mais limpo...
Recordo com orgulho algumas vitorias em finais de futebol lá no colégio sacrilégio e recordo alguns beijos na boca alcançados como teenager eram tão feias e recordo essas canções grunge anos noventa a noite inteira chinfrineira sem entender a letra e me recordo dos sonhos tão sozinho tão sem substância que eu fui trocando pelas bugigangas tão sem graça que me alcançava a grana
Andava vendo uns seriados sobre a medieval época e dei por mim imaginando uma batalha e peguei uma serra de cortar fenos esquecida enferrujada no chão do celeiro era recurva como um crescente turco e encostei no pescoço do manso cavalo senti os dentes agarrar na carne com uma ligeira pressão e puxei com força numa curva diagonal numa hipérbole de sangue espirrado no chão de feno mas não lhe chegou à traqueia foi um golpe duro e presto com poesia e a ferida ficou feia -- (Que chova de tal forma esta noite que nos impeça de ir trabalhar amanhã que chova tanto que se derribem os montes e se aplane a terra para que todos vivam sem ser acima de outros que ninguém possa dizer que vive acima deste ou daquele viveremos em cômodos cilíndricos)
Só provando de seguida consegui aperceber-me das diferenças de sabor entre distintos pães de queijo.comi 10 pães da casa minas... E em seguida comi mais 10 duma outra casa que por sinal tinham um sabor mais intenso mas uma textura mais densa enfim dói-me a cabeça mas à pouco tinha muita fome e vontade de fazer sexo talvez animado por estar chegando a casa cedo num dia chuvoso e a patroa já esta em casa. deve estar a começar pela décima vez a arrumação da prateleira onde vai atafulhando bijous, faturas, souvenirs variegados, boticária varia, óculos escuros desengonçados, caixinhas de joias vazias, embalagens de pensos higiénicos, chaves diversas, contas de colares rompidos, uma luva sem par, relógios sem pilha, e uma infinidade de outras coisas pequenas, avulsas e de configurações diversas. deve estar em cima da cama de cabelo apanhado com um lápis, óculos de descansar a vista e calcinhas de renda uma pistola duas balas ** deitados na Bab bou jeloud ao som do Oud lute alaúde e grandes canecos de veneno de menta em chá mijando o sol comendo hamburger de camelo olhando a cabeça decepada do camelo no talho alia o lado entre pernas decepadas de cabrinhas**Prevejo as desgraças que virão com um céu destes. Ando como a mãos com uma insolação não debelada e tenho ido trabalhar delirante. Nem imagino o que tenho dito às meninas da portaria. É sabido que após uma cirurgia com anestesia local o paciente ainda sob o efeito da anestesia perde a noção da vergonha e pode proferir verdades chocantes na presença da família todas são todas umas e outras todas++Vi uma aparição do costa concordia na baía de guanabara. Não queria crer nos meus olhos. As gaivotas mergulhavam como loucas nesse final de tarde. O concordia parecia alinhado com o pão de açúcar traçando um azimute de 30 graus com o eixo definido pelos braços abertos do cristo redentor. Eu seguia na barca vital brazil e vi o concordia desaparecer atrás das colunas de sustentação de uma plataforma petrolífera que se encontra em reparação em frente ao mercure de niterói. Pareceu-me ouvir vozes do além á medida que se escondia a embarcação. Quis perguntar ao rapaz que seguia ao meu lado se enxergava o costa concórdia mas ele seguia tão compenetrado num jogo no cel no momento que a embarcação se escondeu distingui um vulto fazendo esporte no heliporto da plataforma e senti a prepotência da estrutura. Deu para me lembrar do falhanço da missão satélite brasileiro na noite anterior 200 milhões cagados para o espaço. Serviria para monitorizar o desmatamento florestal da Amazônia. Ainda bem que explodiu. Quem vai querer uma prova ou um retrato da merda que faz? Surge de novo o costa concordia por entre os mega pilares da estrutura petroleira parecia que se despedia entre uma névoa tingida dum raio de pôr-do-sol ocre que só atingia aquela nesga da guanabara senti uma comoção misturada com revolta com espanto com terror e sei lá que mais sentimentos mesclados me banharam naquele instante enquanto a garganta estrangulava um "olhem lá segue por entre a bruma o costa concordia" senti que já mais o voltaria a ver--Devolvam o mercado municipal devolvam o dedo do lula endireitem as pernas ao pistorius pistão pistons pistas sostas bostas botas serranias e invernias rangendo os dentes da neve mordendo calipos de limão no carro a sair da praia ¨¨¨¨Olhava para trás para todas as bandas que o fizeram começar a gostar de um novo estilo de música portishead nirvana sepultura doors : queima das folhas de outono e preparação da santa missa-Quando toco algum tema da minha escrita não sinto vontade de lá voltar We know a good ass when we ear it
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Ouvi uma especial de pássaro talvez umas gaivota nos rochedos perto da casa a lua brilhava no mar…
Um vento de poeira da traição levanta-se e entra-me nos olhos tento segurar o vento que me empurra e me obriga a encolher-me vão me enganar por onde não vejo grito mais alto e desce sobre mim uma lona que me amortalha e me isola da impiedade do vento e sai-me o solo de debaixo do corpo todo de uma vez o corpo reage como um gato e toda a pele se empolga
O tempo chuvoso nos trópicos deixa-me triste e nem tristezas eu tenho das boas. -  -  Entro na loja e fico admirando os pacotes de sêmolas, arrozes coloridos fungos desidratados e outras feitiçarias orgânicas e quase acabo entrego a alma em desejos de  ser natureza quase ingiro as oblatas aos ídolos modernos{Havemos de fazer sumir os homens que se opõem ao sistema} O borbulhante café ramificado nos meandros do estrume riachos vivificados em cujas margens se balançam as gordas mulheres espalhando a carniça nos queixos barbados .O tempo chuvoso nos trópicos deixa-me triste e nem tristezas eu tenho das boas... Matei a minha família com 13 anos e fugi para outro estado pelos campos e matas. Só me aproximava da civilização para roubar comida durante a noite e fui-me habituando a degolar quem cruzasse o meu caminho
O sonho em que você vê o mar indica que você passará por importantes mudanças. É possível que você retorne a um lugar ou situação muito familiar, algo que fez parte da sua vida e com o qual você não tinha contato há algum tempo o ET a bota botilde ou alguém martelando as paredes metálicas do reservatório de água
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Levantei-me sem forças e mijei ali a dois passos e voltei a deitar-me mais perto da soleira da porta da casa. Escutei o fungar amigo dos cachorros identificando o meu cheiro e ouvi uma música de violinos que vinha lá de dentro...
De fones grandes nos ouvidos ela suspirava fundo vidrada na tela do pc e fazia um bico com os beiços grossos enquanto se afundava um pouco mais na cadeira executiva os óculos de massa davam-lhe um ar de secretária atrevida dos anos 80 ela escrevia sobre pessoas que tinham passado fugazmente pela sua vida e que poderia caricaturizar sem risco de ofender: aquele peruano amigo de félix seu ex-namorado que trabalhava em TI e tinha dificuldade de se aproximar das meninas, tinha a cara larga e os olhos embicados que rebrilhavam quando bebia e quando sorria com a boca larga esticava a pele sobre o pequeno nariz que parecia ainda mais pequeno e lembrava-se daquela mineira de sobrancelha grossa que ensinara o seu primo a dançar forró e ainda daquele chileno que sorria sempre com ar safado e com ar de que se envergonhava disso e na tentativa de controlar um pouco o riso punha os lábios sobre os dentes como se fosse desatar a cantar ópera
“Ela me gerou seja na sua carne para que eu viesse à luz do tempo, seja com o seu coração para que eu nascesse à luz da eternidade”
É sexta feira depois do feriado e a cidade esta vazia me sinto o único babaca do município que vai trabalhar quem me dera estar em casa de cuecas analisando o tempo passar...
A sua pele era suave e os lábios carnudos e mordia-me de paixão sempre que a penetrava tirando-me a concentração tinha olhos de criança, provável vestígio da raça que talvez por ser mais selvagem seja mais jovial e impetuosa entregando-se sem vergonha empregando toda a força exigia de mim firmeza exigia de mim força, os seios despontando os dentes brancos brilhando na noite escura sem carros caminhando na terra batida alisando as curvas da terra na terra meus sonhos vertia uma casa com terreno que frutos me dê na invernia uma mulher paciente que me ature todo dia e respirando profundo os olhos ao céu então volvia goza na cara degusta
Agora meus marotos topem-me só esta inconfidência que convosco tenho de partilhar. Abriu cuidadosamente uma folha de revista dobrada em 4 quase rasgando nos vincos. “Pimba uma foto da vossa tia nuinha da silva”. “Só não da para ver bem a passarola. Vêm como era boa?” Saíra numa revista espanhola que falava da programação da TV e tinha sempre uma gaija nua na folha central e no verso da foto um catálogo de filmes pornô com títulos como Eduardo Mãos d...Numa palestra sobre a perseverança contaram-me a historia daquele ricaço sueco que herdara um belíssimo ap no centro de gottdamborg para onde se mudara depois de um refurbishment e de ter encomendado uma esposa entre o seu circulo maçônico. Vivia uma vida de torradinhas compota e leite quente aborrecendo a recente parceira com tanto comodismo. Ele saia de casa mais tarde sobretudo nos dias de neve ficava pelado diante do espelho do banheiro mirando a penugem que lhe ia despontando do tórax orgulhoso do seu aquecimento central e sonhando com as torradinhas que o aguardavam na cozinha talvez até visse um porn antes de sair só para relaxar. Depois do duche a porta de correr do blindex ficou travada contra a esquadria da porta pivotante do armário ninguém o socorreu apesar dos urros e eventualmente morreu ali mesmo ao fim de uns ;;; não voltei a sentir no Brasil aquele cheiro adocicado da catinga dos africanos aqui não são tão puros nem tão subnutridos~~Quem espartilha? O escritor perturbado que das suas perversões vai vivificando o terrífico bairro decadente, em historietas propulsionadas a sexo e cansaços ou os próprios personagens dum outro parágrafo que na sua estoicidade orgulhosa levam o escritor fraco a exilar-se numa qualquer ilha grega em busca da inércia calcária da moral espartana??Prefiro as negras tem uma imagem menos plastificada, mais selvagem, mais autentico os seus corpos vigorosos mal se contem nas finas peles que os envolvem as epidermes mais suaves e aromáticas ... um galo de Barcelos barômetro fluorescente surgiu-me no meio da noite como uma divindade e falava comigo “volta, volta ao deserto” Magnata russo. Acerco-m’ao computador com a reverência dum rabino, lamentando já cada passo e sento-me medindo o alcance do meu trabalho que me da gás para viver mensalmente sem passar vergonha pública mas que me impede o desafogo... Impede-me de fugir deste sistema subjugante sem que tenha de passar fome para alinhar de novo baterias e atacar em nova frente...Distrai-me a pensar no meio da rua em como me é amarga a vida quando chove Só para que fique claro o que me entristeceu mais não foi a sua irritação, eu vi que fiz bosta, eu fiquei mais triste com o tempo que demorou a perdoar-me...todos os seres humanos são belos desde que não percam em demasia a simetria e a definição das suas configurações
Esta morrinha desce em cascatas de minúsculos pontos de luz quando cruzam por segundos lentamente junto aos candeeiros públicos dançando com a coordenação dos bandos de aves ao sabor do vento como uma cortina infinita de volutas

De que nos adianta plantar se o teu solo é de baldios e maninhos de que adianta por ti puxar se nos recebes com patadas
Jamais falarei de meus defeitos em público, não permito que em público me reprendam levem-me para a sala escura e desvendem a minha pena leiam –me a sina
Cada família é um santuário e deste templo foste expulso com teu fardo de mentiras e a camisa de festa esfarrapada vai sozinho faz-te à estrada e clama...um preceptor que ouvia depeche mode e kruder and dorfmeister e venerava o oscar wilde andava esquelético dentro da batina com bom humor e os seus passos desengonçados e senhoriais. Dizia aos rapazes numa tentativa de amansar os fogos que olhassem o próprio rabo no espelho e atentassem em como se assemelhava aos das meninas “é a mesma coisa” e os garotos rodando os olhos e a cabeça incrédulos pensavam da sua miopia e daltonismo...
O verdadeiro marisco fede como sarapilheira ensopada de mijo. Estas rochas são viveiros de marisco os mexilhões e as lapas aguçadas gravavam incisivamente a carne dos meninos na cara, no peito, nas pernas e nos braços. Sem se falarem antes algazarravam persistentemente e seguiam sem racionalizar os mais altos ou os que gritavam com mais indignação. Atrevo-me a afirmar que existe uma correspondência sentimental aos depeche mode dos anos 80 na figura de amelinha no outro lado do oceano é o mesmo marasmo de hedonismo martirizado ânsia de redenção e amores obscuros biofluorescência no match sexual
Uma  outra conclusão a que os cientistas chegaram foi que os padrões de biofluorescência são extremamente variáveis: podem ser apenas anéis à volta dos olhos, mas também muco verde segregado pelos peixes e até há padrões de fluorescência muito complexos, externos mas também internos, que abrangem todo o corpo do peixe.
Os cónios ou Coniiem latim, também denominados cinetes, foram os habitantes das regiões do Algarve e sul do Baixo Alentejo antes do século VIII a.C., até serem integrados na Província Romana primeiro da Hispânia Ulterior e posteriormente da Lusitânia. Descobrimos a carta de um soldado romano para a sua família num acampamento cónio. Falava das maravilhas que tinha visto pelo mundo mas temia não voltar a vê-los.
durante a vida vão se nos dando as certezas: não agora já não vou a tempo de casar não agora já não vou a tempo de fazer aquele curso não agora já não posso mudar de carreira.
Existem vários estados de transe porra xamanismos, trance psicodélico, goa transe, possessões pessoas a tremer corpos que se apagam, hiper, visões oníricas, estado de sonho, alucinações perdas de sentido do espaço e tempo adulteração da realidade, bruxaria, fantasmagoria, nirvana, meditação psiconeuronal, áfrica, ásia, vertigem, loucura, viagem interior, arrebatamento e êxtase... vi chegar o o barco do nosso querido Leif Erikson contou-nos que encontrara uma terra de vinhas menos fria que a nossa habitado por homens muito feios, alguns dos nossos ficaram lá e mais têm de ir para lá em busca da felicidade. Tive de lhe dar a notícia da morte de seu pai e que doravante ele seria o chefe da cidade e para ele terminara o tempo das navegações...
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Acendi uma fogueira com uns toros duma barraca de praia que haviam dado à costa, estavam pintados de azul e branco e a tinta ardia muito rápido fazendo borbulhar a superfície da madeira. Adormeci em seguida fraco e desejoso no coração de voltar ao mundo dos sonhos

Trabalhei uma temporada nas barcas rio-niterói gostava de furar a multidão com o colete laranja abria as portas da lateral da embarcação e voltava a fechar sem olhar para trás deixando nas minhas costas a turbamulta ensonada e revoltada e ali no meu refúgio virado para a ilha das cobras gratinava o olhar nos reflexos lampejantes que o sol matinal estreleja nas fezes da guanabara. Até beber contigo as fezes do cálice. Kralice kyuss. Calem-se. O porte do rancheiro josh homme que submete a guitarra como um boiadeiro domina uma histriônica vitela. Com intuito de abater. Abatem-se as mantas sobre o meu sarampo sete mantas pesadas uma canja cheia daqueles mini ovos que vêm de brinde no cavername das galinhas. O mobiliário pesado, um espelho murano aos pés da cama a tv silenciosa como a febre um pacote de kleenex e um alguidar para expectorar espreitando ao lado dos chinelos e do bacio. Comprimido pelas mantas: uma com estampados, uma manta parece de onça, outra é seca e pesada como um cadáver de camelo, a mais de cima é azul e branca como um azulejo do sec xvi e em meus febris delírios pós almoço parece-me o mar vomitado da Guanabara em que convalesco (valesca)(popozuda)em Lisboa:::::::ssss
Passava todos os dias às 5 da manhã pela fachada colonial do estabelecimento prisional de Niterói impecavelmente de branco vincado com os cornos bem esgazeados do denso baseado. Passava com o cadenciado e o gingar dos ogã de calofé, dançava por entre as bostas que os presidiários lançavam das janelas lá no alto e lia nelas o futuro da humanidade.
Entrei no restaurant e pedi um peixe infernal a besta mais bizarra das profundezas, chupei cada músculo da fera rubro negra e engoli os olhos cegos da maldade, cortei-me ao passar o dedo nas presas afiadas, o ambiente estava escuro e devorei as entranhas como um caldo fétido de caranguejo esmigalhado;;;;;Porco aranha está na Lista de milionários da Forbes chupamos e chupamos Mangaba e acedemos ao sentido da Morte e vida Severina degustando integralmente até à espinha António sardinha.


Acordei subitamente como se tivesse ejaculado ou mijado e vi que minhas roupas pegavam fogo, sorri-me para as estrelas cheio de serenidade e levantei-me como se não tivesse peso, o vento marítimo avivava as chamas que consumiam a minha roupa, sentia com felicidade um misto de calor ardente e frio gelado quando meus pés se dirigiram e começaram a entrar lentamente no mar, tateando a areia fria da madrugada, fui andando de cabeça erguida respirando com todo o pulmão o ar da maresia, o vento afastava de mim pedaços incandescentes da roupa que saiam voando pela praia iluminando as anfráguas da falésia esquecidas pelo sol, ergui os braços em meia lua com o mar já pela cintura e o fogo consumindo a minha cabeleira, dei-me por agradecido no fundo da alma e mergulhei com suavidade nas trevas geladas do mar, senti o meu ventre ondular ao sabor das mínimas dunas de areia do fundo e imaginei-me atravessando desertos, deixei-me levar por tanta plenitude de bruços e adormeci...

19.3.14

Rebenta Lábio

Mina de amor depredada
Depleted mine
Apascentemos as sombras do espírito
No pulsar das gotas ecoantes
Rasgando a luz do silêncio
Sepulcral das cavernas
Depois do exercício de arrombamento
Aguarda que os rios de sangue se tornem
De novo veias
Que o som dos olhos fechados
Calibre de novo a paz dos teus pátios interiores

Sempre que o murmúrio ameace
Rebentar-te os lábios

Derrocada

Os poemas deviam nascer de coisas herdadas dos nossos pais
Mas se só herdamos asfalto e apartamentos
Mas se só nos dão sociedade e bugigangas dos mercados
Refugiemo-nos em parques e monturos que nunca pisamos
Entremos nas noites sombrias de nossos quartos
Desenhemos uma nova lua com nossos braços
E mergulhemos em rios nunca dantes navegados
Apascentemos rebanhos de bestas incriadas
Deliciemo-nos com banquetes nem por romanos regurgitados
Nunca enterramos os dedos na terra
Nem nos ferimos ou estivemos da morte a um passo

Mais belas são as coisas em movimento
Mais bela é a contemplação da derrocada
Ou da construção do vitral da roseira na ala da catedral
A semente é a mesma, mas diferente o chumbo

Sei Cantar

Sei cantar melhor as matas e montes
do meu pais que não vejo agora
que estas selvas em que me embrenho
louvo melhor aquela que na mocidade amei
que a esta com que agora me deito
e quem sabe disto é o coração que a verdadeira
paixão está no passado e na saudade

Cabras

Cruza a soleira trazendo os caminhos de terra na barba
os olhos cegos da violência do sol esquecidos do que é sombra
é do sertão pó e corpo de vaca magra
cornadura larga
teus cactus sugam já o petróleo da terra seca
quebra se o osso caem as estrelas

Bate outra vez
volto ao meu fim
simplesmente as casas se calam
quando ela passa sem graça
depois de uma noite sem fim
e a calçada se cala
silencia a cidade
numa paz combinada
para que ela chore por fim
é que remorso trabalha
só quando mundo se cala
e ela vai ver enfim que eu sempre estive aqui
e por cima do ombro
ela há-de ver ao virar da esquina
o meu sorriso magoado

Amor Batido

Foi por paixao uiuiui
soco
se sentiu engessar oioi
estalo
o seu calmo amor oioioi
pontapé na barriga
e foi no altar
faca na cara
largar a dançar pôr do sol ao mar
afogar num balde
a noite nos seus cabelos
puxão de cabelos
o mistério no olhar
dedos enfiados nos olhos
Viver é melhor que sonhar
Hematomas 

Nabucodonosor

Aparvalhado exclamou
Não atiramos três ao fogo?
No meio das chamas vejo
Quatro homens dançando
Shadraque, Mesaque e Abede-nego
E o turbilhão de chamas enxergo
Mas a sombra do quarto, olhos meus
É a forma do Filho de Deus

Lamento de Blind

Tenho a bíblia em mim
A culpa é só minha
De ninguém é a culpa mas minha
Senhor senhor não me aparte de si

Não me deixe do desespero
Nesta poça esquecida de chuva
Nesta poça de lágrimas e chuva
Quero de novo o teu sossego

Não sejas tão cáustico senhor
Tu és a minha única visão
Não sejas tão cáustico deus meu
Porque levaste meu primeiro olhar?

Cardápio de Heróis ou Cavalgaduras Sobre a Mesa

Pula pirata
Palmeirim de inglaterra e D. Belianis
Arroz de tamboril
Amadis de gaula
florismarte de hircania
casco gratinado
ludovico ariosto orlando furioso
O jardim de flores curiosas antonio torquemada
Rabada à coentrada
o que lia shane macgowan?
cannibalism on clash concert
arroz de cabidela enfarta
Blás de Lezo
Olho de camelo no espeto de loureiro
Language Deprivation experiments
Feral kids
Big Mac, muthafukin’ barbecue ribs
A proteína, designada GFP
lagosta
Tenho uma grande admiração por si
Profiteroles, jamais doce da casa talvez um dame blanche

Sobre-coxas

Gosto de ver quando a bunda das mulheres
quaisquer que andem na rua assumem
tais proporções que o volume das mesmas impeça
que fímbria das suas mini saias de ganga
hirta toquem a subtil celulite das suas sobre-coxas

Escrava do Tempo

Mais que pelos dedos com anéis quero
trazer-te algemada no metal deste relógio
como escrava do meu amor livre
para governares no meu coração!
Decidi dar-te este relógio para que ampoles
os segundos da nossa eternidade juntos

Crava Crava Lacrau

Ocres medíocres
só que é um pó no ar
troque escroque
toca toca sem para
torquemada forquilha achaques
e remoques lorca bric-a-brac
aproveita e toca quem passa
caldos de carne felonias sex-a-pack
aloque emborque
abusa de quem passa nestas festas públicas
abendou lacre lacrau craulio
malhas quio piçotece
lacrau crava crava crava lacrau
viola

Diamantes e Vidros

Acorda no peito dum cantor
onde entrou perfumada e distraída
ao som da flauta caribenha
 e dedilhados de guitarra
Venha sobre mim essa alegria
falsa que o governo enlata
é de sinteko
chão de boteco
em que me deito
e já viajo
parte-se o vidro
espalha-se a cachaça
que enchi a bilha e agora exala
meu coração de alegria
diamante rosa
futuca no baalcão
diamantes de esperança
Diamantes vermelhos
Brilhos na veludez da noite
Imagens de homens de vários locais
Argelino, marroquino, ganês
Figuras encapuzadas
Ladrões e penitentes
Sacas de diamentes
Aos rios dos céus lançados
De que nos adianta plantar se o teu solo é de baldios
maninhos de que adianta por ti puxar se nos recebes com patadas
às de viver dentro da casca das árvores de madrugada
sufocado na neblina dos lagos de remorso
um diamante em escorço
Vou sair à rua mascarado
não quero que me filem manifestando
o meu desgosto por você
porque você faltou com sua promessa
bato na testa bato na lata
sambo na rua sambo na escada
Põem te a jeito
deixa o meu coração entrar
nessa cama já fria
Sones e huapangos huastecas
Montes sobem e descem fazem a terra arfar
Amo quando alguém joga fora aquelas embalagens de cigarro
Piso a pastilha elástica e um fio rosa descreve a parábola desenhada pelo calcanhar da minha sandália
E a resiliência estampa-se perfumada e viscosa como a prostituição na calçada
Shadrach, Meshach and Abednego
Arrenego
Raspo os restos e nada levo para casa

Dark was the night, cold was the ground

18.3.14

Ouvir Vozes

Ouvir aquelas vozes todas
The worms pogues
dr tirrel do blade
o power in the darkness do tom
we set up for nothing later dos rage
kanye interlúdio sobre as tairocas Jimmy choo
zeca Afonso quando fala das peças de artesanato
que aliás se partiram pelo caminho em pleno coliseu
o mix da karin dreijer anderson
leonard a thousand kisses deep declamado
madvillain tem toneladas de falas
aeroplain smashing
Arvind kang possesso pelo latim no atlantis
time iesum transeuntum et non riverentum do nick
mike patton também palra aqui e ali
muslim latin
And the ass saw the angel lido
The flesh made word nick cave
paul scofield wasteland declamado até à exaustão
jim morrison american prayer
john cleese screwtape letters
joao villaret
os monólogos do taveira
a cabeça roxa enorme entumescida
leonard cohen democracy
Churchill incitando à guerra
interviews ao thom yorke
a bjork a palrar com o Arvo Pärt
speeches comoventes do charlie chaplin
henry V martin luther thomas more paulo futre chesterton samuel l jackson Paquete de oliveira e rede soleri
a ameaça nuclear é um fatasma terrífico dos nossos dias
sermons batistas eua
johnny cash readings
the last castrato
e porque não vitor espadinha
morte e vida severina chico Buarque e Barbosa sobretudo barbosa
tippa erie, fadomorses,
glossolalias e bizarrices faladas, bruxedos, crowleys, transes, possessões...

Habitação-Social-Fauna

Trikl frakl
breakler makler
palavrões e tijolo de burro
vozes roucas voces loucas
vindas das mijadas galerias de complexos
de renda baixa
turmalina glicinia
samovar slimani
carecas de brincos hiphop
argelinos e garotas de penduricalhos
alantejolados sobre moletons rosa
goiva fatachada palha e cerda loira
fardaçana banana barda banhuda
cantoras de opera engaioladas

Serviço Público

A sua trunfa era lanuda de densa,
mas crespa e negra como um tojo chamuscado.
Seus dentes podres e as sanitas exalam morto.
Judoca judaica do fato azul atira-te aos tombos
Esparregatas entre palmeiras vergastadas nos lombos
Defumo-te e salgo-te as banhas
Lavro-te os ossos a cinzel
E uma vez bela hei-de te empalhar

Trilobite Shepherd

Conheci um pastor de trilobitas no Alentejo
Costumava andar com elas em fila
Amarradas uma atrás da outra com cordas
Pelo sol esbraseador de asfaltos
Seguiam de ventre esturricado e firme
Com poses de marisco ancestral
As crianças deitavam-lhes maçãs no caminho
E nos dias santos o pastor deixava que as crianças
pegassem fogo a duas ou três e era vê-las
trepando às árvores em pânico gritando
como macacos e incendiando os pomares
E eu ali sentado no lagedo do lagar seco
Roendo ameixas amarelas cagando-me de tanto rir

Lose it ania!

Celebramos o lagarto entre as rochas e o mar
Entre as rochas e o mar de trunfas enfunadas de vento e sal
Rugimos mais alto que as vagas
No futuro gravamos sagres
Duas minis desencapsulámos
Mas bêbados já estávamos
Veio uma onda e arrastou nosso material de pesca
E nossas almas irrecuperáveis

Cegos castrados e milionários

Quem conhece o quem quer ser
Milionário há-de conhecer
“Blind” Lemon Jefferson
"Blind" Willie Johnson
E toda a casta de cegos cantores do Texas
E Alessandro Moreschi e Caffarelli o miglior cantor da europa
Sentados à porta da napolitana barbearia
Do cartaz  "Qui si castrano ragazzi"
Há os que nascem cegos
E os que cegos se fazem
À colherada
Os que por umas coroas se castram
E os que perdem as bolas no deserto
E os que pela laringe de ouro cortam a garganta
Por onde vamos? damos a machadada que abra os cordões da bolsa
Dos que por nós se compadecerão de nos ver sem olhos ou tomates
Ou haveremos de ser as meninas dos olhos ou o assento tomatal de patrões
Por 34 anos até que nos reformem?
Toma esta faca que vou até ali com esta colher

14.1.14

Infância no Rio 2

Mudaram-se para um antigo solar colonial ao alto de Santa Teresa. Escondida da rua que trepa por um alto muro branco, dava as costas para o morro escarpado que se abria em vistas por entre o arvoredo tropical para a baia lá em baixo brilhando até ao relevo ribeirinho de Niterói. A casa era estoica e de tetos altos tendo por único luxo a escadaria marmórea do hall e a varanda da suíte do primeiro andar. As vidraças quebradas aspiravam as frescuras da serra e os mosquitos.

Caseiros para Santa Madre Igreja

Sem querer nunca falar mal. Penso que a igreja poderia ter um monte de esfomeados trabalhando coordenados por um eclesiástico na manutenção do patrimônio a troco de umas refeições e um barracão para dormir, os melhores seriam nomeados caseiros no fim dos restauros e os outros passariam a outras obras. Todos instruídos na fé seriam e os solares da igreja convertidos em obras de caridade.

Infância no Rio de Janeiro

Lembro- da minha infância naquele casarão no inicio da escadaria da Visconde de Paranaguá as colunatas enegrecidas marcando as pétreas fachadas com seus janelões e portas escancarados nos avanços e recuos das paredes e o alto jamelão cagando de roxo o muro balaustrado que dá para a rua.

No Sopé

Eu moro no sopé do morro mas era lá no alto que queria morar aqui não tem tanta graça não tem o casario encavalgado não tem aquela praça da qual se vê o cristo e não tem as mesmas crianças que brincam na rua não tem aquele jeito de falar não tem tanta graça não tem os rapazes que passam de moto nem aquelas moças cheias de raça aqui ninguém se fala e lá ninguém se cala

Suicidal Tendencies

Antes do barco andar parece que os pilares de madeira da plataforma se movem para cima e para baixo, ao sabor das ondas, e o querer vê-las paradas (que é como realmente estão) dá-me enjoos... o forçar da razão sobre o que nos diz os sentimentos, transportei o diferencial das duas apreciações para dentro do corpo e já sentia o meu mar interior encapelar-se e certamente teria vomitado se o barco não tivesse arrancado e o diferencial da brisa não me tivesse enchido a cara de frescura afastando a náusea e os grossos pilares de madeira brancos e amarelos do porto agora à distancia bem firmes contra as cabriolices das vagas. Estávamos em tempo de ressacas marítimas e o barco parecia provocar e arrastar consigo grandes ondas que rolavam pela noite como uma parte subaquática e orgânica do barco como se debaixo da nave a propulsão fosse feita por grandes tentáculos. Sentia-me nessa noite à beira de desejar o suicídio...

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...