Lá atrás na selva cortavamos as cabeças em quatro como se fossem meloas e jogávamos à bola com outras. Contava-mo com uma ironia tingida de ódio insanável para o orgulho.
8.10.10
Caga Tacos ou Tascos Cagados 1.3
Levei o meu filho 4 anos ao Rock in Rio no dia do Heavy Metal com os bilhetes ganhos na operadora telefónica. Num moche larguei a mão do miúdo e ele ficou desfeito debaixo das doc Martens. Só recuperei a sua t-shirt ensanguentada...
Caga Tacos ou Tascos Cagados 1.2
Festos, talvegues, galerias ripícolas,
estradas romanas, gentrificação e Hoyt,
Círculos e economia da concentração.
Não esbanjes toda a concentração.
Desfocam-se os olhos… longe do coração
Ãh? Ah! Sim, sim, sim. Não pode ser. Claro!
Caga Tacos ou Tascos Cagados 1.1
Perdemos as oportunidades, libertamo-nos
dos momentos de escolha. Escolhemos não escolher, não optar.
Demasiado óbvio. Reprovado. Aceite. Azeite na Repartição.
Do dinheiro em três partes. Três partes para cada Um. Hallelujah!
Chumbada
As puxadas devem ser de fio fino e que não enrodilhe. Três anzóis em cada madre e na extremidade a chumbada. 160 ou 200 gramas eram as minhas perferidas. Uma bela chumbada em forma de pera de aço frio como o sal e o sol de inverno juntos. Atirava-a contra a areia com brutalidade e contemplava encantado o seu olho de sol reprovador incandescente.
Henrique
Oração da Manhã
Arrastas um terço das estrelas
Do céu com o teu cabelo
E lanças os meteoritos sobre as nossas costas
Entravamos no oratório ainda
Sonhava o melro gemendo entre a geada do jardim
André Istmo
7.10.10
Extermínio Tropical
As 4 baratas viviam assim num compartimento circular por onde se poderia limpar as canalizações do duche em caso de entupimento. Viviam num rebordo da câmara em betão. Um lugar fresco, húmido e lodoso. Viviam aí e tinham um plano. O primeiro casal sairia de casa em busca da prosperidade e os seus filhos viriam chamar o casal recluso depois da instalação e da bonança que os primeiros assentamentos são sempre tormentosos.
Assim saíram e entraram no meu quarto que é ao lado do banheiro. Um chão de pranchas tropicais e bolor nas paredes. Peguei a primeira com uma chinelada quando se maravilhava atrás dum vidro gigante com o qual eu viria a fazer uma mesa.
Seu noivo foi chorar angustiado e medroso para trás da sanita. Peguei ele e trespassei-o com o piaçá. E as duas foram descarregadas sob um lençol de papel higiénico para as imensas águas da Baía de Guanabara.
O macho do casal recluso sentindo que o plano borregara partiu em busca duma explicação não sem antes ter aliviado a carga deixando descendência no seio da sua amada. Eu peguei ele atónito com a imensidão do meu quarto passeando como um turista e dei-lhe a provar da farofa nacional com uma chinelada na quitina. Ficou estrebuchando no laguinho da retrete.
Parece que oiço os gritos abafados duma prenha enquanto chocalho uma garrafinha de lixívia e me preparo para visitá-la. No íntimo eu sei que as gerações vindouras vingarão mas agora o extermínio satisfaz a minha sede.
Sor Flamengo
Assim saíram e entraram no meu quarto que é ao lado do banheiro. Um chão de pranchas tropicais e bolor nas paredes. Peguei a primeira com uma chinelada quando se maravilhava atrás dum vidro gigante com o qual eu viria a fazer uma mesa.
Seu noivo foi chorar angustiado e medroso para trás da sanita. Peguei ele e trespassei-o com o piaçá. E as duas foram descarregadas sob um lençol de papel higiénico para as imensas águas da Baía de Guanabara.
O macho do casal recluso sentindo que o plano borregara partiu em busca duma explicação não sem antes ter aliviado a carga deixando descendência no seio da sua amada. Eu peguei ele atónito com a imensidão do meu quarto passeando como um turista e dei-lhe a provar da farofa nacional com uma chinelada na quitina. Ficou estrebuchando no laguinho da retrete.
Parece que oiço os gritos abafados duma prenha enquanto chocalho uma garrafinha de lixívia e me preparo para visitá-la. No íntimo eu sei que as gerações vindouras vingarão mas agora o extermínio satisfaz a minha sede.
Sor Flamengo
21.9.10
Descida ao Vale
Passeios a meio da tarde de Verão
O choque era tão forte entre o alpendre e o vácuo
Que saltavam as lágrimas
Caminho pelo alcatrão ao longo do muro de tijolo antigo
Os rabos de garrafas agarradas ao betão
Imagino os braços esfacelados todas as veias cortadas
O sangue secando ao sol sem alguém que me ampare
Aguardo mais à frente à sombra da pesada figueira
Que apoia os seus braços carregados de figos no muro
Vou reparando nos tijolos carcomidos em pó e nos podres ocos que abrem
Imagino a derrocada lenta como as ondas de calor
E entretanto intrigo-me com os papéis de rebuçados
À beira duma Ford Transit branca e numas cuecas
De miúdas rendas ressequidas pela abrasão violenta
Do Verão.
Atravesso uma estrada a escaldar
Meto-me pelo baldio de terra seca e palha seca
Sinto a garganta seca e as narinas têm dificuldade
Em ventilar o cérebro. Sinto o pó colar-se ao suor
Dos tornozelos sem meias. As cigarras serram o horizonte
Numa berraria infernal o sol pesa nas sobrancelhas e nos ombros
Apalpo os ossos dos braços, parece que fui chupadinho pelo demónio
Começo a descer uma encosta plantada cientificamente de pinheiros
À esquerda e à direita abrem-se alas
De pinheiros em que a terra é mais fofa e alta
Trepo para um desses desvios, o calor é ainda mais intenso
Apesar de não passar aqui ninguém escondo-me para mijar
Oiço os borbotões do meu mijo na terra poeirenta
E oiço uma cobra arrastar-se no limite da galeria
Continuo a descida
Cansa andar sempre a travar o peso que se nos quer cair
O caminho pedregoso resvala a cada passo
A vegetação adensa-se agora mais perto do rio
Existem aqui placas para um acampamento de holandeses
Sempre imaginei o local como um refúgio de depravação
Vejo me sempre tão belo
Como um vulto em que ninguém repara mas que devia
Deviam reparar mais em mim, nos meus gestos, nas minhas palavras
Consolo-me por ao menos alguém notar nos meus passos: eu próprio
Zé Chove
Paraíso National
A ignomínia gatinhou em volta do teu berço
E insinuou-se nos teus lençóis
Azedou-te o frente e fez-se tua filha na adolescência
E hoje a
Rua Augusta teu vale dos mortos
Onde desces de fones nos ouvidos
Buscas
Perspicaz os regos das mães que ajeitam os bébés nas cadeirinhas
Infiltras-te nos arraiais das paróquias do Castelo e
Roubas a internet dos vizinhos
Lá vai
Lisboa desgravatada
E a margem sul de saia arregaçada
E as ondas do Tejo em cavalgada
Como os desejos da bandeira desfraldada
Nicolau Divan
Escultural
Folhear o ouro do conhecimento verdade
Pelas volutas da memória das ancas
Dourar o passado dar volume a glória
Ao presente e tactear o amanhã o mantra
Com o olhar difuso do artista do artolas
Que esculpa a sua vontade maldade
Diamantes
Falava com pausa e sensualidade como se tivesse a boca cheia de rebuçados, “diamante” ácidos que se vendiam nas casas cafeeiras. Costumava entrar numa dessas casas na Av. De Roma. Sentia-se aconchegado pelo aroma do café. As altas portas de vidros cristalinos e molduras de madeira escuras separavam-nos dum mundo de prazeres coloridos e aromáticos, eram como as portas dum santuário e cada prateleira como uma minúscula capela absidial repleta dos seus santos e mártires. O tecto era alto. O palavreado ronronante e insinuante do Sr. António funcionava como um lenitivo, uma compressa balsâmica sobre os sentidos.
Corpus
As ruas alçam as fachadas escondendo a sua frescura do bravo sol andaluz
Os pavimentos imundos qual rio de pecados de cera vermelha, funcho e cipreste
O Corpus passa cadenciando a devoção cegando-nos com os reflexos da sua coroa solar
O argênteo ouro ateando o fogo às ruas de Sevilha
Avon
Sempre sonhei ser revendedor da Avon. Acordar tarde, demorar na toilette e sair para o Verão envolto numa aura de aloé vera a impingir cremes e perfumes com extrema delicadeza e o melhor de tudo seria aplicar loções na parte visível das costas das meninas.
Conselho
Se andares de autocarro, não andes com a lapiseira no bolso das calças pois se tiveres de te agachar para apanhar o passe do chão ela pode cravar-se na barriga e perfurar-te o estômago.
Sermão aos Peixes
Em todos os seus gestos adivinho recados divinos. Sussurros. A tendência do seu corpo é resistir. Toco-lhe com respeito ainda agarrada ao anzol abocanhando o ar que lhe falta. Todos têm uma leitura diferente das mesmas realidades. Apesar da naturalidade com que procedemos existe sempre um conjunto de verdades de que não abdicamos. Perante o estertor final uns riem, outros choram, uns emudecem e outros dão urros de júbilo. É preciso força e um certo jeito de pulsos para puxá-las para dentro do barco. Falo não só dos peixes como dessas iluminações que nos queimam a pele do pescoço e nos fazem reflectir: usa um chapéu se não queres sofrer ou não o uses e entrega-te docilmente ao delírio de fogo do Verão. Quando parecia que finalmente recuperava a razão…
Orlando Tango
Electro Poportuguês
Para uma renovação do electro pop em Portugal
Integrando valências do Grime, Dub acente nos valoress clássicos do Dance-hall e derivantes do Disco sobretudo a versão Italo.
Cantão alemão / Italiano
Uh nhaf nhaf zu
Uh nhaf nhaf zu
Irg lhaf lhaf ver
Irg lhaf lhaf smer
I never break mirrors
Som som som intenso tom
Rum rum rum fill the room
Tum tum tum bato coraçum
Como com cum a tensum
ANAGRAMA
ANAGRAMAS
ANAGRAMASME
ANAGRAMASMEL
ANAGRAMASMELANCIA
ANAGRAMASMELANDCIANETO
Filipe Elites
Ale e Ele e Ela
Ele bate ela sai
Ele corre ela cai
Ele toca ela vai
Ele coça ela ai...
Ele chora ela ri
Ele troça ela a ti
Ele droga ela sim
Ele moca ela ri
Ele choca ela em si
Ele choça ela aqui
Ele goza ela ali
Ele louva ela alá
Ele implora ela dá
Filipe Elites
Elektro choque
Bizarre pizarro
Sonhos matam
Batatas matam
Ruas matam
Famílias matam
O dinheiro mata
Drogas matam
Alcool mata
A pátria mata
Escola mata
Tou ma cagar
Vai-ta matar
Ciganos matam
Preguiças matam
Sujar matas mata
Comer demais mata
Tudo demais mata
Sonhar mata
Tou ma cagar
Vai-te matar
Não te me esqueças.
Today i didn’t take the bus
Indecisions and perplexion
Froze my steps people
Door and I just do nothing
Filipe Elites
Just Fucking Tell Me What To Do
Electro shock
Nemátodos
Richtig Oder Falsch
Bla bla bla da cla mitá
Faq faq rag ma grasca la bita
Ssa ssa sol ep tadrá clash crack mitash
Fra fra bra ma la drap
Papcrag da mast xa la fae ah fae ah
Umblap catrá bap ba la bap bap bap
Ras ras ras ars ras ras
Ras ras ras rsas ras rasgás palavras
Gásgás gás gás gásgás gastas palavras
Pá áp pá pápápá pá pá para com isso pá pá
Just fucking tell me what to do.
Som som som intenso tom
Rum rum rum fill the room
Tum tum tum bato coraçum
Como com cum a tensum
Horen Antworten
Arbeit Lehrerer schue ich heisse
Abendessen früshtucke
Stunde es regnet tut
Mir leide lielings sind
Zeitgeist
Einkaufen mit dem rad
Ge+mach+t
Perfekt
Sehr Gut
Fernsehen
Matharbeit
Eine stunde – durante uma hora
Ich heiβ Francisco. Ich bin 28 jahre alt.
Ich habe eine Hund.
Meine eltern heiβen Francisco und Paula
Losango amoroso
Um estúdio em malta uma palhoça em Capri
9400 Merdapíxeis
Passadiço não pissadaço
Passadiço não pissadaço
Passadiço não pissadaço
Passadiço não pissadaço
Buncker em neuchatel
I’ll keep dancing on my own
I’m not the guy your taking home
I lost my faith in science
So I put my faith in me
Make it out on the train
Got this little girl singing
On repeat in my head
Filipe Elites
26.7.10
O'Malley and Duchess
Se ela não se sente excitada, excito-a eu. Começo com uns jogos de palavras parvos, deixo que ela me vença. Sei bem como é gulosa e rapidamente se entretem deixando-me assistir às suas cabriolices. Gravo todos os seus gestos.
Por vezes presenteio-a com brinquedos novos, um estilete rombo, umas tintas antigas, tecidos novos para cobrir a sua nudez.
Quem nos visse diria que somos porcos vomitando na boca um do outro, partilhando a nossa intimidade na praça pública. Ela sabe da minha fome e da brutalidade dos meus apetites.
Agarro-lhe os braços atrás das costas e violento a sua letargia.
Perante suas infidelidades coro de vergonha mas só perante os estranhos quando nos encontramos na intimidade volto a acariciá-la como um patrão atencioso e dou-lhe de jantar.
Existe tal cumplicidade entre nós que nos rimos das mesmas coisas, choramos com as mesmas lamechices e até nos gabamos de nunca fazermos lista das compras.
Os nossos filhos renascem eternamente jovens basta memorá-los. Se algum dos nossos filhos nos envergonha será mais protegido num castelo teimoso e inexpugnável.
Ajoelho-me perante o seu vulto se ameaça abandonar-me e nunca lhe exijo pressa.
Osculo o seu ventre e louvo a confiança do seu pai nas mãos deste servo em que depositou a sua filha.
Filipe Elites
Por vezes presenteio-a com brinquedos novos, um estilete rombo, umas tintas antigas, tecidos novos para cobrir a sua nudez.
Quem nos visse diria que somos porcos vomitando na boca um do outro, partilhando a nossa intimidade na praça pública. Ela sabe da minha fome e da brutalidade dos meus apetites.
Agarro-lhe os braços atrás das costas e violento a sua letargia.
Perante suas infidelidades coro de vergonha mas só perante os estranhos quando nos encontramos na intimidade volto a acariciá-la como um patrão atencioso e dou-lhe de jantar.
Existe tal cumplicidade entre nós que nos rimos das mesmas coisas, choramos com as mesmas lamechices e até nos gabamos de nunca fazermos lista das compras.
Os nossos filhos renascem eternamente jovens basta memorá-los. Se algum dos nossos filhos nos envergonha será mais protegido num castelo teimoso e inexpugnável.
Ajoelho-me perante o seu vulto se ameaça abandonar-me e nunca lhe exijo pressa.
Osculo o seu ventre e louvo a confiança do seu pai nas mãos deste servo em que depositou a sua filha.
Filipe Elites
Perdas
Neurónios ou cariátides suportes da memória
Queridas estátuas gastas do vento (o passar
Do tempo) na acrópole ao cimo do pescoço.
Ao longe o murmúrio dum soluço
Um dó absoluto que faz vibrar
Os tímpanos do oratório
Um colírio que faz chorar
E reflete na tensão que o sentimento um dia lavrou
Rachas no pensamento e o templo pétreo
Do céu deixa de ser abrigo
E os astros que brincavam matematicamente
Com os ângulos dos vossos braços empalidecem
Sobre um montão de areia que vento espalha
Desenfreado.
Zé Chove
Queridas estátuas gastas do vento (o passar
Do tempo) na acrópole ao cimo do pescoço.
Ao longe o murmúrio dum soluço
Um dó absoluto que faz vibrar
Os tímpanos do oratório
Um colírio que faz chorar
E reflete na tensão que o sentimento um dia lavrou
Rachas no pensamento e o templo pétreo
Do céu deixa de ser abrigo
E os astros que brincavam matematicamente
Com os ângulos dos vossos braços empalidecem
Sobre um montão de areia que vento espalha
Desenfreado.
Zé Chove
Há Correspondência Com
Há correspondência com a linha Amarela e com a Linha de Si...
Tua linha amarela...
Tua linha ama...há correspondência na tua linha
Tua linha é minha correspondência...
Há desistência na tua...
Correspondência na minha independência
Há linha na tua respondência...
Há resistência na tua correspondência
A minha linha é a amar. Ela
A desistência tem correspondência com a tua linha
André Istmo
Tua linha amarela...
Tua linha ama...há correspondência na tua linha
Tua linha é minha correspondência...
Há desistência na tua...
Correspondência na minha independência
Há linha na tua respondência...
Há resistência na tua correspondência
A minha linha é a amar. Ela
A desistência tem correspondência com a tua linha
André Istmo
Crescendo
Vales
Israel Vale dos Reis
Juro que não era o que queria um
Solestício ao Inverno
Beija-me numa sombra de dúvida um
Sonho sem destino
Há mil anos não era de acontecer
-Adormece o tempo
Do cérebro amolecer
Vegetalização do medo
Vicejante no teu pelo
Em mim magnetiza-se
O espectro da melancolia
Na placa de gelo
O nosso reflexo
A refracção do pânico
Orlando Tango
Israel Vale dos Reis
Juro que não era o que queria um
Solestício ao Inverno
Beija-me numa sombra de dúvida um
Sonho sem destino
Há mil anos não era de acontecer
-Adormece o tempo
Do cérebro amolecer
Vegetalização do medo
Vicejante no teu pelo
Em mim magnetiza-se
O espectro da melancolia
Na placa de gelo
O nosso reflexo
A refracção do pânico
Orlando Tango
Refeições
Tua boca a pérola e a ostra
A caverna nacarada a louça
Em que me sirvo e sorvo
Com deleite o leite do amor
E desço desfaço-me em teu pescoço
Deslaço os gestos sem controlo
E fecho os meus olhos adivinhando o calor
Do teu sopro gracioso alvor
Não me dês do veneno não me dês
Esconde o sereno arrebol do teu rosto
O escol de minha vaidade o estremeço
Não me dês o mel condescendente dos teus olhos
Manel Bisnaga
A caverna nacarada a louça
Em que me sirvo e sorvo
Com deleite o leite do amor
E desço desfaço-me em teu pescoço
Deslaço os gestos sem controlo
E fecho os meus olhos adivinhando o calor
Do teu sopro gracioso alvor
Não me dês do veneno não me dês
Esconde o sereno arrebol do teu rosto
O escol de minha vaidade o estremeço
Não me dês o mel condescendente dos teus olhos
Manel Bisnaga
13.7.10
Mareado V
Lebanon blonde - Criatura angelical a vagueando entre rastafaris na praça do Adamastor com o mar e o rio todos metidos num só olho.
Esmerava-se por embrenhar os inícios das peças num limbo pseudo-intelectual, era a sua forma de vencer o mundo e de tirar um sabor mais doce do seu trabalho. Posso não ser actor mas hão-de reparar em mim e eu dominá-los-ei com um olhar condescente - consolava-se no duche todas as manhãs frias da sua vida. Passeava junto à praia todas as madrugadas e desabafava no mar.
Não há nada para contar?
É só isto que me interessa. É só isto que se me oferece. Um plano contínuo e largo profundamente cinemático às escuras pelo mundo em que flashes duma luz todo-poderosa vão gravando como diapositivos ambientes ou cenários na minha sensível memória. A história nunca foi contínua porque a nossa percepção é espasmódica.
O antigo cilo da Cova da Piedade ao lado da ETAR que fica nas traseiras da Lisnave confinando com o Alfeite está empestado de vampiros romenos. Esgueiram-se lá para dentro por um portão metálico dobrado no canto rente ao chão. Sanfonam a noite toda e ao final da tarde roubam todo o metal que possam encontrar: caixas de anzóis enferrujados, baloiços dos parques infantis, jantes de pick-ups, maquinaria dos estaleiros, cobre dos cabos eléctricos, sinais de trânsito... O saque é armazenado na Quinta da Arealva no Ginjal numa cova entre blocos areníticos caídos da falésia fóssil.
"No Sanatório do Outão durante o século XIX foi um reformatório de meninas. O único feriado que tinham era no solestício de Inverno. Nessa noite costumavam bailar com os militares do forte de São Sebastião situado uns passos abaixo. A fortaleza de São Sebastião fica em frente da Torre de Belém e as duas fortalezas guardavam a entrada do Tejo".
“As Paixões tornam-te diferente”, lia-se, era a dedicatória do livro. As folhas ainda estavam coladas sinal do interesse que os habitantes da casa tinham pelo livro.
Oh Leirosa de praias esquecidas e orgulhosas fábricas de papel escreveste a tua história na areia sobre a memória dos eucaliptais líquidos.
Quando o nosso carro por ti passava com os seus faróis prescrutadores só divisávamos a primeira fileira de eucaliptos que se recortava dum cenário de escuridão como uma fronteira para uma realidade alternativa.
Tomás Manso
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