Tudo o que é público esterilizado
altamente definido supersónico cristalizado
e eternamente de novo
nos adolescentes que tropeçam nas suas poses
de branco e negro esborratado em amores
incutidos pelo público revistos
por câmaras de circuitos integrados
equilíbrio de sexos garotas de olhar pardo
rapazes de olhar desconfiado
estradas e ruas - carros de noite andando vazios
o tempo da cidade
renovado pelas brisas arrastadas pelos notivagos taxis
encapsuladas nas marquises e cartazes do estado
ninguém acorde ainda(clap clap) só apartir das 6
antes disso o sonho é um veneno a mais
solta os ombros faz os vegetais
em picado tira os martinis
da parede a pele da diva no frio
aço escovado a rua serpenteia
em luzes pelas fachadas de cristal
sussurro ao teu ouvido não existe
o esgoto não existe o lixo,não
não existem pais não passam duma canção
de antigamente existe a ordem e a obediência
existem regras de trânsito e sinalização
existe o comércio a moda e o tesão
que entumesce as avenidas ilumina a sociedade
e nos dá uma razão
sentes no coração palpitar um frémito
no peito o sangue borbulha como um rumor ancestral
ameaça nos teus olhos secos uma lágrima brotar
suspende o pensamento e adormece
17.9.13
5.7.13
.-)
a pedra fecha com pedra a gruta a
lama
cega os rumores surdos do lavrar das raízes
cada vez mais profundo ecoa no
poço
o gotejar esquecido no escuro sufoco
frio húmido calabouçoo
perfeição do
silêncio imutabilidade milenar
beleza sem ar
congelada escarpada
e dura a
rachadura
o hiato do que ficou por preencher
o equilíbrio exato
das forças sem
força que o pó domina
que a larva carcome
que o sol ignora
e a chuva devora
em
soluços de vácuo e tédio secular
perturbado
um peito de terra
um folgo minério
um templo litostroto onde vagueiam toupeiras,
cobras, escorpiões, centopeias,
morcegos, ratazanas e salamandras
todos cegos os animais mais perfeitos
um silencio que reverberae transborda e se encapela
feito um mar de invisíveis ondas
turbilhonadas em espirais de subtração
alimando e aguçando as superfícies do nada
a clivagem da perfeição
é perfeita a harmonia conservada pelo milénio
desaba e rui por um desiquilíbrio
emocional um desequilíbrio
de forças no ar retirado após a decomposição
duma pata de barata um estertor
ribomba uma tosse seca arreganha-se
torna-se violenta
arqueiam-se as costas e tudo rebenta
Um pouco mais à esquerda
Depois do tribunal popular ter perdoado o pitbull que matara
o seu filho bebê e livrado legalmente a besta de uma morte química indolor, R. quis vingar-se dos donos do cachorro um casal de malhados jovens bem sucedidos,
ele tatuado e ela ligeiramente nipônica que moravam num AP umas quadras acima.
Salvem o cachorrinho gritavam as teenagers à porta do tribunal lavadas em
lágrimas amachucando entre as mãos convulsas fotocópias do bicho decorado com
um belo laço de photoshop e ele a uns vinte passos sentado no muro sozinho rememorava
aquela manhã trágica em que fora pegar a criança com a mãe para um intenso
sábado parental. Acabou condenado à tortura depois de ter sido flagrado a
torturar o jovem casal com lâminas e brasas e com mordidelas. As pessoas já não
tem o know how das torturas mas açougueiros e cirurgiões nunca hão de faltar e
assim tínhamos o dr lamy e o torres preparando o animal. Atado pelas quatro
patas introduzia torres um espeto metálico no ânus coadjuvado pelo dr lamy que
ia sentindo a passagem do varão ao longo das costelas certificando-se que
nenhum órgão vital seria atingido. “Porra torres um pouco mais para a esquerda”
A Call to Arms
claro que agora toda a razão nos manda absorver a força e engolir a raiva
que as injustiças dos governos nos despertam, convidam-nos a embarcar no cinismo
e a aguardar no conforto de nossas casas o destino que as instituições traçaram
como mais adequado à nossa classe. Não nos olvidemos que os bem sucedidos da
política hodierna gastaram outrora as suas vozes para serem ouvidos e como se não
chegasse ainda perderam dedos. se a veterana classe trabalhadora era
robustecida por um passado passado tisnando ao sol vigorada pelo trabalho
braçal, a nova classe fervilha de uma nova consciência social, garante-se da
facilidade de fazer número para reivindicar e neste novo gigante que se levanta
corre todo o sangue esperançoso do imberbe universitário! Pega na bandeira e junta-te à multidão que engrossa!
Chico Buarque
Chico levou
minhas palavras
gastou meus argumentos
secou minhas ideias
arrombou
meus pensamentos
e eu sua eterna mulher
só eu quem é
em casa fazendo feijoada
sonhando com amor sambado (todo sábado)
cortejos
cafonas
valsas ao
som das sanfonas
mas chico levou minha história
e canta no rádio minha memória
Paiol
Meu peito é
paiol
de amarras amarras
soltas embaralhadas
baralhadas
que a nada
se amarram
amores de paiol
que não veem o sol
só servem se ancoradas
coradas e
coroadas do sol
curadas bem estiradas
entre a areia e o barco
Farpas no Celular
- As metades separadas do limão quem as voltara a juntar?
- O que dizer em 3k caracteres? Tenho uma fome de bicho. Sou imigrante. Deram-te um nome para te subjugarem deram-te um nome que deves honrar
- Destroços de mexilhão e gerimum aguadilha de côco o choro do sereno no morro o coroné de cueca passeando em botafogo um porco passeando perto do meu carro uma porca preta as lagrimas assomam-nos aos olhos não é um hífen é um sinal de menos quando o meu amor vai chegar e ao pé da porta indeciso se à campainha ha-de tocar com medo de me acordar me dormir nao vou antes de agente se amar alerta alerta que oiço passos no lobby será ele será?
- Abram alas pra minha folia abram alas pra minha fobia .
- Abrem-se as portas da barca sede a ferrugem enquistada ao peso da engrenagem forcada pela massa das ondas. É uma porta aberta para o destino que se afunila míope sobre a fatalidade. Oooooh somos ignorantes.
- O cabelo segurado num picho nipônico e o casaco de cabedal sem gola os olhos imunes ao que rodeia e o corpo balançando ligeiramente aos ritmos que o mp3 lhe da.
- Quem nunca levou porrada da policia por contestar no meio da rua o preco da tarifa de onibus quem nunca foi decapitado por não ter pago uma divida não sabe o q é a vida. Adoro qd os universitarios se reunem e fazem parar o transito reclamando de qqr propina sorrio sozinho na rua com a luta por ideais em defesa dos pobres e sorrio tambem com as cargas policiais.
- Nautilus aeolos. Gosto de os ver falhar quem se manifesta publicamente da um tropecao no meio da agencia bancaria cheia e quem bate em alguém é ridiculo toda a forma de agressão fisica é meio simiesca.
- Guardo as minhas vozes atras da porta
cabeça
tinham os crâneos ossudos, sob a pele do grande occipital advinhavam-se
mossas e protuberâncias cornuptas e sob tal relevo as veias dificultadas no seu
fluxo entumesciam e arroxeavam como os riachos caudalosos das altas serras
Coração
Passos acelerados tentando esquecer nas falhas do alcatrão a
culpa que nos persegue quando nem de nós resgatamos o perdão e o choro encharca
as grossas nuvens que ameaçam abater-se sufocando a garganta, espera, espera
sem desespero que o corpo a tudo se habitua e no fundo o coração é tao pequeno.
afoga-o na caneca de cerveja e vomita-o na próxima sarjeta ou entrega-o a
alguém ainda mais sufocado que tu e compraz-te por teres salvo alguém. “vem
vomita na minha boca coração”
4.7.13
Crochet enfermo
O grande motel de vidro espelhado abre as cuecas para
entrarem e saírem os carros, em frente no gramado as silhuetas das estátuas
gregas e as palmeiras imperiais iluminadas por neons roxos e verde-inveja. No grande cartaz um romano chicoteia uma
quadriga com um chicote de neon vermelho. Há volta asfalto e galpões brancos e
cinzentos. Por ali um só prédio
residencial de 3 pisos entrescondia a lua. O lampião frontal tremeluzia uma
insônia freudiana. Uma luz alaranjada no résdochão denunciava uma sombra
cadavérica.
Andava descarnada
sarabandando a ossatura de xaile encharcado perdida na sala de estar cogitando
nos reflexos deformados dos espelhos dos armários, as pranchas do soalho
plangendo como um grasnar da alma da casa, o lamento fraco mas contínuo da
decrepitude. Mira-se e o tempo osteoporoso estilhaça-se entre memórias
embaçadas e uma mistela de oco e murmúrio como o que ressoa nos entreforros
dos salões abandonados.
1.7.13
leite adolescente
Ele dançava dando dois passos com o esquerdo e dois com o
direito e estocava os indicadores como se contasse os passageiros de um onibus
depois da parada para xixis umdois tresquatro se esbarrava com alguém apontava
para o céu umdois fechava os olhos com sentimento e piruetava noutra direção
puntzpuntz a noite toda mamando daikiri colas como um elefante furibundo e
guloso. por vezes no passo quaternário mimava uma bufinha empinando
ligeiramente a peida "bumbum/ aqui estou /arregaça a manga/ e lá vou eu"
claro que eram trejeitos meio abichanados mas a sua vontade era só a de beijar
uma garota. várias chamavam a sua atenção e com todas elas fantasiava ou por
causa do rimel preto que dava algum mistério ou talvez por uns collants malha larga
ou um sorriso com covinhas ou um decote suado ou porque lhe parecia que duas
meninas falavam de si e dançava frenético como se fosse um ritual tribal convencido que o
seu êxtase, a sua vibe se transmitia a quem passasse e contagiava. Interiormente
emulava diálogos com garotas sem nunca ter arriscado um oi. por ele podiam
arrancar-lhe beijos sem ter de dizer nada mas isso nunca aconteceu. voltava para
casa de táxi, comia uma torrada com o pullover a cheirar a bedum fumado arrotava
e peidava como se tivesse carcomido de ácidos e os olhos ardiam como tochas. batia
uma pivia no lavatório para baixar a tensão e adormecia a sonhar com jogadas de
futebol "gingo à esquerda, ligeiro toque à direita, defesa queimado tapando o ângulo de visão do redes e finfa chupa lá para dentro com violência e adormece... esse estágio de pré crisálida pode ter se arrastado por uns 6 anos até que numa
festa de carnaval deu uma bimbada num despojo etilizado e dai em diante
aprendeu a caçar e cansou-se do daikiri enjoou das coisas doces e fáceis
engrossou a voz e tomou o gostou por marretadas nos colhões...
testes
Se não é psicológico ou psiquiátrico deve haver um teste nas
farmácias como o da gravidez que através dum palito embebido no mijo ou numa
defecada nos diga se estamos homossexuais
Na Cova dos Leões
Caldeirada de Piranha
O barraco era nos arredores da praia da Luz andava-se meia
hora pela serpenteante estrada de terra que leva à praia da Luz. Por entre a
mata aos solavancos deixando uma nuvem de pó, cruzávamos pesebres com gente
negra de olhar vago ou alcoólatra, casas distantes umas das outras como se
todos prezassem a sua solidão ou tivessem algo a esconder da comunidade, por
vezes a vegetação acachapava-se escondendo braços de mangue. o sol chapava o
tejadilho do carro. Um barraco do tamanho de um quarto todo feito de madeira.
Há volta só mato e floresta, lá dentro na penumbra um cheiro a merda de gato
misturado com o caldo de piranha, um negão que a cada movimento levantava um
cheiro de cu talvez por estar todo aberto e o velho que o comia chupando as
espinhas .”come aí isso é casa de pobre mas tá tudo limpinho”. eu recusei sou
um pouco enjoadinho. os gatos andavam para todo o lado e os pássaros saltavam
frenéticos nas gaiolas levantando penas. não dava para ver os limites do cômodo,
a luz que entrava pela pequena janela cegava. Mais tarde pensava no que leva um homem casado,
com filhos adultos, fama de bruto e amigo da bebida a aninhar-se nos braços dum
negão em busca de afeto, carinho e sexo selvagem. Depois de descarnadas as
piranhas e decepados os temas de conversa começaram a entoar macumbas e o negro
acendeu um charuto velho, o breu ganhou densidade. Sentimos abater-se o sono e
a custo saímos de casa, entardecia e o calor do dia emanava agora da terra
escaldada numa onda morna e pestilenta de mangues em decomposição. um batalhão
de mosquitos foi destacado para nos chupar. seguimos a pé rumo à praia, de lá
chegava-nos entrecortado pela frondosa floresta, o som dos fanhosos sound systems dos botecos
da praia. Assaltavam-me sonhos de jogo ilegal, caveiras, diabos de new orleans.
Por que sigo eu com estas pessoas porque me juntei a elas. Poderemos cortar
abruptamente laços de sangue? Ou em certos refogados é nos lícito desejar a
morte? O cortejo seguia fúnebre e lancei mais um tema: ” Alguns assassinos são
muito burros na hora de encobrir a sua matança. Não falo daqueles que vão até
ao posto de saúde tentar matar uma ex-parceira (feia como entulho) à frente de
uma fila de espera de velhos com doenças indefinidas, não, falo daqueles que
tendo cumprido bem a primeira parte, a da matança cometem erros estúpidos na
hora de esconder os despojos da sua selvajaria.
21.6.13
Rio de Janeiro Riot
As
manifestações públicas excitam-me. o partilhar de emoções extremas faz desta
rua um urbano bacanal em que gememos sofremos exaltamos e glorificamos como umas…
primeiramente
amigos: bom dia
nem tão bom que leve a preferir amar no ônibus em vez de no motel nem tão
mau que me estupre cada vez que freia e já agora a unidade de intenções duma
multidão só poderá ser garantida na sintonia de pedidos simples feitos
pacificamente. qualquer exaltação extremada dos ânimos puxando pela força do
gigante só provocará o seu desmembramento. Ah e se te sobrevier uma tentação
irresistível de vandalizar lembra-te que uma bala de borracha nas partes íntimas
doi muito mais que o fim duma relação amorosa apaixonada e que um bastão da PM
na cara te pode desfigurar.
Kaspar Hauser
Hauser é a semente calada
que explode nas entranhas do porão
sonhando com os gemidos vagos da escuridão
tecendo entre os galhos da árvore
a música do que apenas conhece
um sonho entretecido de acordares cegos
na neblina de mistério que um dia se rasga
de encontro ao chão
frio duma praça germânica
foi o teu purgatório oh bem-aventurado
que tiveste a dita de viver mais sonho e menos realidade
o teu paraíso foi a infância
do anel de luz cintilando atrás das pálpebras
do breu agora floresce
tartamudeando nas pautas do inferno
2.6.13
issso
Petição
O cais tinha uns pilares toscos de concreto pintado de branco a ponte metalica descendo do cais mergulhando no mar suavementeonde se refletiam nas mansas ondas o guardacorpo e as pilastras azul forte que descansavam na sombra do telhado de fibrocimento. A esquerda uma pequena praia de esquina onde saltam os urubus que a destancia da barca se confundem com as rochas negras de sargaco anos e oleo dos motores das embarcacoes
ali se ajoelhou Célio comovido com combinacao dos esforcos da industria humana com a dadiva divina ajoelhou e orou por um redil onde pudesse acolher um rebanho carente e em busca de renovacao e apesar da imundicie vergou as costas compungido do seu atrevimento exultante de espirito e beijou a fimbria do manto que é a baia de guanabara que se esparramava mansamente por aquelas areias quase rocando os joelhos de Célio
Ação de Graças
O pastor célio abriu o portao da loja numa nuvem de sol e po alinhada com as restantes construcoes da comunidade destacava-se por uma pintura ligeiramente mais recente a sua cabeca fervilhava com os inspirados sermoes que cantaria no meio do povo uma causa ganha na justica contra uma telefonica fora o aval divino aquela empresa o escancarar do redil com uma patada de 6000 reais
Perdão
Eu que preguei o arrependimento arrastado morro abaixo pelos cabelos a cara em sangue feito um cristo negro negro de compaixao
O cais tinha uns pilares toscos de concreto pintado de branco a ponte metalica descendo do cais mergulhando no mar suavementeonde se refletiam nas mansas ondas o guardacorpo e as pilastras azul forte que descansavam na sombra do telhado de fibrocimento. A esquerda uma pequena praia de esquina onde saltam os urubus que a destancia da barca se confundem com as rochas negras de sargaco anos e oleo dos motores das embarcacoes
ali se ajoelhou Célio comovido com combinacao dos esforcos da industria humana com a dadiva divina ajoelhou e orou por um redil onde pudesse acolher um rebanho carente e em busca de renovacao e apesar da imundicie vergou as costas compungido do seu atrevimento exultante de espirito e beijou a fimbria do manto que é a baia de guanabara que se esparramava mansamente por aquelas areias quase rocando os joelhos de Célio
Ação de Graças
O pastor célio abriu o portao da loja numa nuvem de sol e po alinhada com as restantes construcoes da comunidade destacava-se por uma pintura ligeiramente mais recente a sua cabeca fervilhava com os inspirados sermoes que cantaria no meio do povo uma causa ganha na justica contra uma telefonica fora o aval divino aquela empresa o escancarar do redil com uma patada de 6000 reais
Perdão
Eu que preguei o arrependimento arrastado morro abaixo pelos cabelos a cara em sangue feito um cristo negro negro de compaixao
notas do celular 06 - da solidão e da vontade de morrer escrvendo
Nao conheco nenhum escritor pessoalmente, nao sei o valor do que escrevo, nao toco qualquer politica, nao sou aventureiro ou diletante ou farrista ou mulherengo sinto conforto no dia a dia nao me insurjo tenho ideais e esperancas que nao partilho com ninguem gosto de musica mas nao ligo pras letras nao penso em suicidio ou revolucao procuro deus domingos de manha o exito segundas à tarde
praia da luz I
Um barraco do tamanho de um quarto toda feita de madeira Há volta só mato e floresta, lá dentro na penumbra um cheiro a merda de gato misturado com o caldo de piranha, um negão que a cada movimento levantava um cheiro de cu talvez por tar todo aberto e o velho que o comia chupando as espinhas _ come aí isso é casa de pobre mas tá tudo limpinho. eu recusei sou um pouco enjoadinho. os gatos andavam para todo o lado e os pássaros saltavam frenéticos nas gaiolas levantando penas. não dava para ver os limites do cômodo, a luz que entrava pela pequena janela cegava.
Antares da Rola Souza
Antares da Rola Souza
testes
Se nao é psicologico ou psiquiatrico deve haver um teste nas farmacias como o da gravidez que através dum palito embebido no mijo ou numa defecada nos diga se estamos homossexuais
goverrno
Malvasias
Malvasias
mal vazias
maviosas
flores da vida
camélias que se julgam rosas
que se alçam nos saltos
de coxas grossas
engates silenciosos
caixas ocas de ossos
Conde de Ornelas
mal vazias
maviosas
flores da vida
camélias que se julgam rosas
que se alçam nos saltos
de coxas grossas
engates silenciosos
caixas ocas de ossos
Conde de Ornelas
29.5.13
Godés
Mergulham feitas loucas as pigarças a barca das 8h40 esfuma-se
no nevoeiro que esconde o rio de janeiro na proa o
antiderrapante cimentício brilha o céu choroso o vento nas
poças dança como se lavasse arroz ou misturasse tintas todas
as tintas como fazem os meninos nos seus godés de plástico
branco misturam as tintas e a água da chuva sem fechar a
torneira a água balouça e os vermelhos rasgam tudo
prenunciando uma cor raiada maravilhosa como os beirados de
telha numa poça o amarelo recebe entrega-se dá a sua luz não
se vê hoje o sol mas o seu bafo insufla o nevoeiro e às vezes a
luz torna-se mais insuportável aos olhos. as pessoas tossem e
pigarreiam tocam celulares o mp3 só toca canções de que já
estou farto e tenho preguiça de procurar outra. se agora
estivesse a chegar a cacilhas de certo estaria sol e os olores
do tejo enrolados com fragrâncias de frango assado churrascos
grelhados
Cris Manta
no nevoeiro que esconde o rio de janeiro na proa o
antiderrapante cimentício brilha o céu choroso o vento nas
poças dança como se lavasse arroz ou misturasse tintas todas
as tintas como fazem os meninos nos seus godés de plástico
branco misturam as tintas e a água da chuva sem fechar a
torneira a água balouça e os vermelhos rasgam tudo
prenunciando uma cor raiada maravilhosa como os beirados de
telha numa poça o amarelo recebe entrega-se dá a sua luz não
se vê hoje o sol mas o seu bafo insufla o nevoeiro e às vezes a
luz torna-se mais insuportável aos olhos. as pessoas tossem e
pigarreiam tocam celulares o mp3 só toca canções de que já
estou farto e tenho preguiça de procurar outra. se agora
estivesse a chegar a cacilhas de certo estaria sol e os olores
do tejo enrolados com fragrâncias de frango assado churrascos
grelhados
Cris Manta
objetivos
O nosso objectivo agora é enriquecer comprar uma casa um carro
uma mulher e irmo-nos equilibrando em contas que nos permitam
pagar a subsistência, a nossa e a do estado e dos nossos filhos
bastardos os bancos e se possível acumular para termos umas
férias ou outra merda qualquer que compense a vida de burros
que levamos, damos por nós rezando para que nos saia a lotaria
ou que nos dêem uma herança de algum cadáver que não sabíamos
ser nosso primo, vemos algumas pessoas, todos nós conhecemos
alguém que não aparenta ter de se esforçar para ter tudo
aquilo que nós queremos, aposto que esse quer também coisas que
não tem, coisas que talvez para nós sejam demasiado boas e se
olharmos para trás com certeza alguém pensará o mesmo de nós
como é que aquele babaca se permite alugar um apê de 800 reais
mensais como é que aquela vaca pode ir ao Mac sozinha durante
o almoço num dia de semana estes pesadelos assombram-nos todas
as tardes no caminho casa depois do trabalho
Diniz Malafeita
uma mulher e irmo-nos equilibrando em contas que nos permitam
pagar a subsistência, a nossa e a do estado e dos nossos filhos
bastardos os bancos e se possível acumular para termos umas
férias ou outra merda qualquer que compense a vida de burros
que levamos, damos por nós rezando para que nos saia a lotaria
ou que nos dêem uma herança de algum cadáver que não sabíamos
ser nosso primo, vemos algumas pessoas, todos nós conhecemos
alguém que não aparenta ter de se esforçar para ter tudo
aquilo que nós queremos, aposto que esse quer também coisas que
não tem, coisas que talvez para nós sejam demasiado boas e se
olharmos para trás com certeza alguém pensará o mesmo de nós
como é que aquele babaca se permite alugar um apê de 800 reais
mensais como é que aquela vaca pode ir ao Mac sozinha durante
o almoço num dia de semana estes pesadelos assombram-nos todas
as tardes no caminho casa depois do trabalho
Diniz Malafeita
Surtado
Surtado coração por entre silvas e malvas, o sangue flui na
resina da roseira e a carne faz-se pão, o fulgor do vento força
o fumo a atrofiar os quartos da casa quem nunca escutou um
festivo tiroteio e um pivete de fuzil na mão e as ânsias
que vagueiam entre o sonho de uma casa rustica perto das rochas
e um vencer a lotaria ou uma quaresma de putaria mas o olhar
disléxico de novo afunila na fragmentada rua que trepa morros
fora tijolo escada e escarpa e estilhaços de céu que cegam o
peito é um ermitério cheio de refugiadas revoltas e alegrias
tolas que a boca de pedra sela inventemos então as vozes
interiores com quem desabafar elejamos o cabrão o porco o rei
o anjo dentro de nossa canalização e aprendamos a apreciar o
nosso próprio vómito tenhamos o garbo até de o pintar com
diferentes fragrâncias papilando-o de taninos e sais e molhos
suculentos uma barca cruza o nosso horizonte negro de
guanabara com a sua cintura odalisca de luzes ali no morro
cara de cão fica uma virilha acolá o forte de niterói outra
virilha e o atlântico ah o atlântico não saio. entro em
atlântico
resina da roseira e a carne faz-se pão, o fulgor do vento força
o fumo a atrofiar os quartos da casa quem nunca escutou um
festivo tiroteio e um pivete de fuzil na mão e as ânsias
que vagueiam entre o sonho de uma casa rustica perto das rochas
e um vencer a lotaria ou uma quaresma de putaria mas o olhar
disléxico de novo afunila na fragmentada rua que trepa morros
fora tijolo escada e escarpa e estilhaços de céu que cegam o
peito é um ermitério cheio de refugiadas revoltas e alegrias
tolas que a boca de pedra sela inventemos então as vozes
interiores com quem desabafar elejamos o cabrão o porco o rei
o anjo dentro de nossa canalização e aprendamos a apreciar o
nosso próprio vómito tenhamos o garbo até de o pintar com
diferentes fragrâncias papilando-o de taninos e sais e molhos
suculentos uma barca cruza o nosso horizonte negro de
guanabara com a sua cintura odalisca de luzes ali no morro
cara de cão fica uma virilha acolá o forte de niterói outra
virilha e o atlântico ah o atlântico não saio. entro em
atlântico
9.1.13
Jurujuvae
vigário por onde andava esta ovelha que me zombava fora do redil.
Jurujuba é a nossa Córsega nosso ninho de marisco nosso esporão afoito entre águas do mar
contemplando o anfiteatro das serras à sombra do Patrício forte ao alto do Pico
(Serras ou morros? concordo com morros.)
Não haverá tristeza por esta terra? Porque insistem em andar em festas?
Em vão choram os chicos seus maiores poetas?
Atravesso na barca já sem noção para onde vou
(onde estão as barcas que nos prometeram para o Natal?)
Praça ArariXVAritas ou simplesmente vou dar um passeio de biciclete dupla toldada
na formosa paquetá e comer um peixe frito em fuelóleo filtrado nas areias baças da praia da luz?
Alá entre as silhouetas dos montes (montes ou morros) a urca o prepúcio do páo de Açúcar
o morro da viúva o rigor do corcovado um câncer ou um cancro neste caso seria de mama
o Rio Sul todo o santo dia pra lá rumo
com o coração nas jurujubas nas praias vermelhas nos itaipavas e nas brahmas e nos cânticos em latim que se perderam e já só se ouvem em surdina nalgumas capelas bem tratadas
Jurujuba é a nossa Córsega nosso ninho de marisco nosso esporão afoito entre águas do mar
contemplando o anfiteatro das serras à sombra do Patrício forte ao alto do Pico
(Serras ou morros? concordo com morros.)
Não haverá tristeza por esta terra? Porque insistem em andar em festas?
Em vão choram os chicos seus maiores poetas?
Atravesso na barca já sem noção para onde vou
(onde estão as barcas que nos prometeram para o Natal?)
Praça ArariXVAritas ou simplesmente vou dar um passeio de biciclete dupla toldada
na formosa paquetá e comer um peixe frito em fuelóleo filtrado nas areias baças da praia da luz?
Alá entre as silhouetas dos montes (montes ou morros) a urca o prepúcio do páo de Açúcar
o morro da viúva o rigor do corcovado um câncer ou um cancro neste caso seria de mama
o Rio Sul todo o santo dia pra lá rumo
com o coração nas jurujubas nas praias vermelhas nos itaipavas e nas brahmas e nos cânticos em latim que se perderam e já só se ouvem em surdina nalgumas capelas bem tratadas
19.8.12
Cantares de Coimbra
todo o bem que não se alcança
mora em nós como uma dor
Oh belo luar em calda
derramado na cara da água
vieste para me atormentar
que me ia atirar ao mar
se o governo não quer
que eu jovem vá trabalhar
largar o couro pla pátria
o que eu hei de fazer
só me resta agradecer
hei-de passar uma década
pela casa a vaguear
entre o quarto e a sala
coçando o rabo e o saco
mas também hei-de implorar
uma reforma aos 40
para me poder alimentar
e vou cantar com o zeca
ao som da cabra coimbrã
está na hora da cama
não chamem mais por mim
HINO
Ondas que se persignam
e ajoelham devotas na praia
carpem os retábulos das escarpas
jaculatória gaivotas pairando
até que brame o céu
e o filho temente ao pai irado
o cenho cerra e de rosto plumbeado
se recusa a louvá-lo
torna-se manso e morno
vómito salobre e podre
estagno de naus e caravelas
vinde oh vento correr a entregar-te
como dádiva e símbolo do teu pai
e faz de nós um mar novo
e ajoelham devotas na praia
carpem os retábulos das escarpas
jaculatória gaivotas pairando
até que brame o céu
e o filho temente ao pai irado
o cenho cerra e de rosto plumbeado
se recusa a louvá-lo
torna-se manso e morno
vómito salobre e podre
estagno de naus e caravelas
vinde oh vento correr a entregar-te
como dádiva e símbolo do teu pai
e faz de nós um mar novo
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Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria. Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros Escrito por um clérigo da época. Tu...
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palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...