Moleskine
Pag1 – Identificação: Tenente VB; Contacto:
Pag2 – Deixei todos os portos do mundo vazios e não me lembro
em qual despejei o sentimento. Os cães escanzelados que se
coçam demasiado nas docas ainda poisam um olhar vazio sobre o
navio que parte mas nem um latir do coração.
Pag3 – Ainda tremo.
Fumava lá fora. A banda tocando frenética. As pessoas cruzam
agitadas e satisfeitas. Irrita-me a dispersão. Os risos fúteis
das velhas libidinosas com os seus cus gordos alapadas ao
balcão.
Perto da meia-noite. O mar e o céu são um só. Serenidade. A lua
exala uma luz azeitona realçando as arestas das coisas.
Enquanto os homens acreditarem no infinito, o mar será tido
como insondável... Debruçado sobre a amurada fumo. As
gargalhadas no salão estão cada vez mais longínquas. Envolto na
noite.
Pag4 – Liberta-se a imaginação. Só tenho medo do sobrenatural.
Um arrepio. Um sopro frio varre o convés e insinua-se-me na
nuca. Os olhos não acreditam se um espectro de nuvens negras se
agiganta vindo não se sabe de onde e troça da lua. Uma primeira
vaga varre o oceano mobilizando as hostes. As vagas espumam de
raiva. Catatónico. Treme o navio. Estala um trovão. Oiço de
novo os gritos no salão. Corro. Quase atropelo um bêbado que
resmunga. Afasto um chinês. Corredores brancos.Uma mulher de
olhar desesperado.Corredores. Claustrofobia. Tranco-me no
quarto e tremo. O medo é sempre sobrenatural. Alguém grita lá
fora...
26.11.13
Dois Rios
eu sou o rio que rasga o desfiladeiro
abrupto no inverno rasgo-lhe o peito
manso no Verão moldo-lhe o leito
E se entre rochas me estreita
mais o meu corpo incha
e se em praias de sol se abre
meu corpo fino e espelho e
sobre o areal desmaio
bullying adulto ou das mágoas de viver só
Acordo mole no escritório
com medo que o patrão
veja esta bagunça e lhe
chegue ao nariz o cheiro
a ropa e carne estufada
Sou o que mais sofre e ainda
me incitam a pagar a rodada
olho desconsolado na cerveja
uma mosca morta a boiar
Sou a chacota do escritório
ninguém me conhece no prédio
nunca recebi um sorriso
mas tenho a companhia dos pombos
passeando no Sábados pelas áleas
do torpor do jardim público
com medo que o patrão
veja esta bagunça e lhe
chegue ao nariz o cheiro
a ropa e carne estufada
Sou o que mais sofre e ainda
me incitam a pagar a rodada
olho desconsolado na cerveja
uma mosca morta a boiar
Sou a chacota do escritório
ninguém me conhece no prédio
nunca recebi um sorriso
mas tenho a companhia dos pombos
passeando no Sábados pelas áleas
do torpor do jardim público
Amor desde que te vi
as ruas perderam seu rosto
secaram as luzes das lojas
e a calçada soluçou sem brilho
A luz do sol torna-se anotação no canto do livro
quando de súbito entras na sala com teu brilho
e tua voz trinada faz parecer um ronco
o grilar do grilo
se saio da tua órbita só sinto terror e frio
e isso me leva a escrever
afasta-te de mim minha musa sai da cama
que precisamos de dinheiro para viver
as ruas perderam seu rosto
secaram as luzes das lojas
e a calçada soluçou sem brilho
A luz do sol torna-se anotação no canto do livro
quando de súbito entras na sala com teu brilho
e tua voz trinada faz parecer um ronco
o grilar do grilo
se saio da tua órbita só sinto terror e frio
e isso me leva a escrever
afasta-te de mim minha musa sai da cama
que precisamos de dinheiro para viver
As vidraças
oh sombra que tanto levas a passar
afasta teus dedos vingativos da testa da criança
televisão sem som vidraça
passos singulares no apartamento vazio de cima
ameaça
afasta teus dedos vingativos da testa da criança
televisão sem som vidraça
passos singulares no apartamento vazio de cima
ameaça
22.11.13
inutil a gente somos inutil
Clamamos aos céus que nos enviem um iluminado que faça entender aos detentores do poder que o mais requintado o maior luxo nesta vida consiste em retirar a própria vida com a maior subtileza para que ninguém se dê conta.
Lágrimas de Raiva
toda envolta em vapor de água e num toalhão arranjava-me para sair lá em baixo já me esperava um negão piçalhudo entra a dona da casa que me alugava o quarto um esqueleto como uma só mama que sobressaía da camisola de dormir e lhe dava um ar de destroço humano. ela olha para mim desdenhosa e diz você se acha sua nêga horrorosa sempre tá assim se achando. Olha cuidado isso é racismo. ah é sua puta e onde é que estão as testemunhas? Sua preta, preta horrorosa. eu cogitei contratacar a monomamice dela mas preferi guardar cheia de calma e disse que tinha um homem esperando. saí e as lágrimas soltaram-se no elevador. lágrimas de raiva.
congruência
Alguns assassinos são muito burros na hora de encobrir a sua matança. Não falo daqueles que vão até ao posto de saúde tentar matar uma ex-parceira (feia como entulho) à frente de uma fila de espera de velhos com doenças indefinidas, não, falo daqueles que tendo cumprido bem a primeira parte, a da matança cometem erros estupidos na hora de esconder os despojos da sua selvajaria.
Wayne Gacy sabia trabalhar bem essa parte. O homem que matou uma adolescente a quem dava explicações de geometria descritiva e pensou comê-la mas não tinha tempo nem apetite para tanto nem sequer gostou muito do sabor...
Wayne Gacy sabia trabalhar bem essa parte. O homem que matou uma adolescente a quem dava explicações de geometria descritiva e pensou comê-la mas não tinha tempo nem apetite para tanto nem sequer gostou muito do sabor...
Idenir
Idenir dos sete filhos
uma casa para cuidar
e um deusalberto marido
pra respeitar e amar
la fora a chanussa e os gatos
são mais bocas pr'alimentar
rodeiam-na tantas almas
pra proteger e cuidar
tanta coisa pra fazer
lavar, limpar, cozinhar
atarefada vai levando
toda a vida a cantar
e ainda tem tia cenir
e seus cachorros
e a pequena daniely
e quem sabe que outros sufocos
esta filha de madalena
que outrora cortava cana
cuida agora serena
dessa familia bacana
nesta casa onde descanso irá encontrar
só na Casa do Senhor
para onde vai no Domingo
sempre a cantar
uma casa para cuidar
e um deusalberto marido
pra respeitar e amar
la fora a chanussa e os gatos
são mais bocas pr'alimentar
rodeiam-na tantas almas
pra proteger e cuidar
tanta coisa pra fazer
lavar, limpar, cozinhar
atarefada vai levando
toda a vida a cantar
e ainda tem tia cenir
e seus cachorros
e a pequena daniely
e quem sabe que outros sufocos
esta filha de madalena
que outrora cortava cana
cuida agora serena
dessa familia bacana
nesta casa onde descanso irá encontrar
só na Casa do Senhor
para onde vai no Domingo
sempre a cantar
primeiros serviços
O seu primeiro serviço foi de guarda numa praceta pacata de niteroi perto da sede do pt e da propria esquadra o chefe disse lhe tem la um flanelinha vc obriga ele a ajoelhar e grita qual é fdp cadê a grana? Saca tudo o que ele tenha e diz que nao o queres mais ali a grana tava pendurada numa arvore com o nervosismo rasguei a calça do uniforme a trepar a arvore
Alfa-O-Mega
Naqueles meios todos sabiam do alfa e o omega tatuados cada um numa nadega por isso lhe chamavam Alfa-O-Mega
irmã do pastor Célio
O mal que fizeram à sua irma ela era uma jovem saindo da adolescencia fora tao grave que familia so tivera coragem de a esconder mas a ferida ao invés de sarar sob a gaze encheu-se de pus a transbordar de raiva e impotencia
das razões de não mais profetizar
As ondas agitam-se debaixo do cais com o aproximar da barca não dá para perceber a profundidade da água um cheiro a podre liberta-se da escuridão e a ponte metálica chia como se pelo impulso das ondas serrassem um pescoço metálico os cabrões dos mexilhões são rijos como granito e estraçalham o que lá roçar seja a pele dum cachorro flutuando morto, uma árvore ou uma quilha de aço, tudo sai esfianpado e diminuido
Nesta noite de lua cheia em que o mijo infeta as paredes do porto e as ratazanas se banqueteiam com os despojos dos despojos nao profetizo nada porque o mal ja esta todo diluido nas aguas do rio e a lixivia biblica foi bebida pelas gretas dos pés desamparados.
Nesta noite de lua cheia em que o mijo infeta as paredes do porto e as ratazanas se banqueteiam com os despojos dos despojos nao profetizo nada porque o mal ja esta todo diluido nas aguas do rio e a lixivia biblica foi bebida pelas gretas dos pés desamparados.
Eremita Brasileiro
O ermita brasileiro subiu ao morro como os primeiros monges gregos era um morro ainda sem nome que sentiu na alma que era ali que o Senhor o queria para que lhe prestasse louvor e dali atrai-se as bençãos para esse povo que se formava as atas do seu superior atestam o seu ânimo boas disposições e o desejo de ver acima de tudo cumprida a vontade divina
sermão de peixes
Iamos abrindo aquelas ameijoas gigantes e rosadas bem geladas de faca na mão extraimos aquele binho carnudo e vermelho vulva eu questionava-me acerca do desperdício eram quilos de ameijoa berbigão e camarão que deitavamos ao mar para tentar pescar não sabia bem o quê... no final do dia chegava convencido apesar dos tupperwares carregados de marisco semeados borda fora como engodo eram muito mais valiosas as arcas transbordantes de cavala peixe porco sargos douradas lulas parguetes
Rora
Rora era quarentona carioca que é totalmente diferente de dizer era quarentona lisboeta ou quarentona de nova iorque ou quarentona de pequim
vagas de emprego ; ofertas de emprego ; estágios não remunerados
A barca vogando a escuridão da baía movia-se como um sorriso de janelas iluminadas o avião dança em câmara lenta entre as luzes coloridas da pista de aterragem e levanta voo laura escura como um tição coxila no banco laranja da barca velha irritada com o som infernal que sobe da casa de máquinas misturado com um morno fumo de fuelóleo queimado e o gargalhar dos foliões que não necessitam de descanso, aperta mais o casaco azul com recorte de motoqueira como se pudesse protegê-la mais vai medindo o caminho que lhe falta até casa a escuridão da noite relaxa tanto como os brilhos de niterói sobre as ondas oleosas e negras fazem sonhar as dificuldades do dia a dia e as decisões, sobre problemas mais complexos que o curriqueiro, postergadas sufocam: o lanche da filha, as cadeiras da faculdade a que dar mais importância as premências do escritório a proximidade excessiva das pessoas que a atropelam na área de alcance dos seus sentidos os cheiros de ácidos desodorizantes a tosse da velhinha do lado as noticias repetidas da telebarcas o tempo de casar de novo esvai-se a...
falas mansas
falam dentro de nós aqueles de quem nos irmanamos e escutarão os que se sentirem irmãos do nosso grilo ou os que queiram casar as suas irmãs interiores. aviso que escondo aqui um soldado, um negro que fuma ao crepúsculo sentado na porta da sua oficina e uma advogada recém formada virgem e com um corpo fabuloso pequena mas fabulosa no sentido de animal que por acaso fala
Ação das Onda
Milhões de olhos crivam a rocha cuspindo a espuma trazida nas ondas engolidas nas fossas de sombra com soluços e sufocos que fazem arrotar mexilhões e limpam os pretos olhos dos caranguejos
17.9.13
XX
Tudo o que é público esterilizado
altamente definido supersónico cristalizado
e eternamente de novo
nos adolescentes que tropeçam nas suas poses
de branco e negro esborratado em amores
incutidos pelo público revistos
por câmaras de circuitos integrados
equilíbrio de sexos garotas de olhar pardo
rapazes de olhar desconfiado
estradas e ruas - carros de noite andando vazios
o tempo da cidade
renovado pelas brisas arrastadas pelos notivagos taxis
encapsuladas nas marquises e cartazes do estado
ninguém acorde ainda(clap clap) só apartir das 6
antes disso o sonho é um veneno a mais
solta os ombros faz os vegetais
em picado tira os martinis
da parede a pele da diva no frio
aço escovado a rua serpenteia
em luzes pelas fachadas de cristal
sussurro ao teu ouvido não existe
o esgoto não existe o lixo,não
não existem pais não passam duma canção
de antigamente existe a ordem e a obediência
existem regras de trânsito e sinalização
existe o comércio a moda e o tesão
que entumesce as avenidas ilumina a sociedade
e nos dá uma razão
sentes no coração palpitar um frémito
no peito o sangue borbulha como um rumor ancestral
ameaça nos teus olhos secos uma lágrima brotar
suspende o pensamento e adormece
altamente definido supersónico cristalizado
e eternamente de novo
nos adolescentes que tropeçam nas suas poses
de branco e negro esborratado em amores
incutidos pelo público revistos
por câmaras de circuitos integrados
equilíbrio de sexos garotas de olhar pardo
rapazes de olhar desconfiado
estradas e ruas - carros de noite andando vazios
o tempo da cidade
renovado pelas brisas arrastadas pelos notivagos taxis
encapsuladas nas marquises e cartazes do estado
ninguém acorde ainda(clap clap) só apartir das 6
antes disso o sonho é um veneno a mais
solta os ombros faz os vegetais
em picado tira os martinis
da parede a pele da diva no frio
aço escovado a rua serpenteia
em luzes pelas fachadas de cristal
sussurro ao teu ouvido não existe
o esgoto não existe o lixo,não
não existem pais não passam duma canção
de antigamente existe a ordem e a obediência
existem regras de trânsito e sinalização
existe o comércio a moda e o tesão
que entumesce as avenidas ilumina a sociedade
e nos dá uma razão
sentes no coração palpitar um frémito
no peito o sangue borbulha como um rumor ancestral
ameaça nos teus olhos secos uma lágrima brotar
suspende o pensamento e adormece
5.7.13
.-)
a pedra fecha com pedra a gruta a
lama
cega os rumores surdos do lavrar das raízes
cada vez mais profundo ecoa no
poço
o gotejar esquecido no escuro sufoco
frio húmido calabouçoo
perfeição do
silêncio imutabilidade milenar
beleza sem ar
congelada escarpada
e dura a
rachadura
o hiato do que ficou por preencher
o equilíbrio exato
das forças sem
força que o pó domina
que a larva carcome
que o sol ignora
e a chuva devora
em
soluços de vácuo e tédio secular
perturbado
um peito de terra
um folgo minério
um templo litostroto onde vagueiam toupeiras,
cobras, escorpiões, centopeias,
morcegos, ratazanas e salamandras
todos cegos os animais mais perfeitos
um silencio que reverberae transborda e se encapela
feito um mar de invisíveis ondas
turbilhonadas em espirais de subtração
alimando e aguçando as superfícies do nada
a clivagem da perfeição
é perfeita a harmonia conservada pelo milénio
desaba e rui por um desiquilíbrio
emocional um desequilíbrio
de forças no ar retirado após a decomposição
duma pata de barata um estertor
ribomba uma tosse seca arreganha-se
torna-se violenta
arqueiam-se as costas e tudo rebenta
Um pouco mais à esquerda
Depois do tribunal popular ter perdoado o pitbull que matara
o seu filho bebê e livrado legalmente a besta de uma morte química indolor, R. quis vingar-se dos donos do cachorro um casal de malhados jovens bem sucedidos,
ele tatuado e ela ligeiramente nipônica que moravam num AP umas quadras acima.
Salvem o cachorrinho gritavam as teenagers à porta do tribunal lavadas em
lágrimas amachucando entre as mãos convulsas fotocópias do bicho decorado com
um belo laço de photoshop e ele a uns vinte passos sentado no muro sozinho rememorava
aquela manhã trágica em que fora pegar a criança com a mãe para um intenso
sábado parental. Acabou condenado à tortura depois de ter sido flagrado a
torturar o jovem casal com lâminas e brasas e com mordidelas. As pessoas já não
tem o know how das torturas mas açougueiros e cirurgiões nunca hão de faltar e
assim tínhamos o dr lamy e o torres preparando o animal. Atado pelas quatro
patas introduzia torres um espeto metálico no ânus coadjuvado pelo dr lamy que
ia sentindo a passagem do varão ao longo das costelas certificando-se que
nenhum órgão vital seria atingido. “Porra torres um pouco mais para a esquerda”
A Call to Arms
claro que agora toda a razão nos manda absorver a força e engolir a raiva
que as injustiças dos governos nos despertam, convidam-nos a embarcar no cinismo
e a aguardar no conforto de nossas casas o destino que as instituições traçaram
como mais adequado à nossa classe. Não nos olvidemos que os bem sucedidos da
política hodierna gastaram outrora as suas vozes para serem ouvidos e como se não
chegasse ainda perderam dedos. se a veterana classe trabalhadora era
robustecida por um passado passado tisnando ao sol vigorada pelo trabalho
braçal, a nova classe fervilha de uma nova consciência social, garante-se da
facilidade de fazer número para reivindicar e neste novo gigante que se levanta
corre todo o sangue esperançoso do imberbe universitário! Pega na bandeira e junta-te à multidão que engrossa!
Chico Buarque
Chico levou
minhas palavras
gastou meus argumentos
secou minhas ideias
arrombou
meus pensamentos
e eu sua eterna mulher
só eu quem é
em casa fazendo feijoada
sonhando com amor sambado (todo sábado)
cortejos
cafonas
valsas ao
som das sanfonas
mas chico levou minha história
e canta no rádio minha memória
Paiol
Meu peito é
paiol
de amarras amarras
soltas embaralhadas
baralhadas
que a nada
se amarram
amores de paiol
que não veem o sol
só servem se ancoradas
coradas e
coroadas do sol
curadas bem estiradas
entre a areia e o barco
Farpas no Celular
- As metades separadas do limão quem as voltara a juntar?
- O que dizer em 3k caracteres? Tenho uma fome de bicho. Sou imigrante. Deram-te um nome para te subjugarem deram-te um nome que deves honrar
- Destroços de mexilhão e gerimum aguadilha de côco o choro do sereno no morro o coroné de cueca passeando em botafogo um porco passeando perto do meu carro uma porca preta as lagrimas assomam-nos aos olhos não é um hífen é um sinal de menos quando o meu amor vai chegar e ao pé da porta indeciso se à campainha ha-de tocar com medo de me acordar me dormir nao vou antes de agente se amar alerta alerta que oiço passos no lobby será ele será?
- Abram alas pra minha folia abram alas pra minha fobia .
- Abrem-se as portas da barca sede a ferrugem enquistada ao peso da engrenagem forcada pela massa das ondas. É uma porta aberta para o destino que se afunila míope sobre a fatalidade. Oooooh somos ignorantes.
- O cabelo segurado num picho nipônico e o casaco de cabedal sem gola os olhos imunes ao que rodeia e o corpo balançando ligeiramente aos ritmos que o mp3 lhe da.
- Quem nunca levou porrada da policia por contestar no meio da rua o preco da tarifa de onibus quem nunca foi decapitado por não ter pago uma divida não sabe o q é a vida. Adoro qd os universitarios se reunem e fazem parar o transito reclamando de qqr propina sorrio sozinho na rua com a luta por ideais em defesa dos pobres e sorrio tambem com as cargas policiais.
- Nautilus aeolos. Gosto de os ver falhar quem se manifesta publicamente da um tropecao no meio da agencia bancaria cheia e quem bate em alguém é ridiculo toda a forma de agressão fisica é meio simiesca.
- Guardo as minhas vozes atras da porta
cabeça
tinham os crâneos ossudos, sob a pele do grande occipital advinhavam-se
mossas e protuberâncias cornuptas e sob tal relevo as veias dificultadas no seu
fluxo entumesciam e arroxeavam como os riachos caudalosos das altas serras
Coração
Passos acelerados tentando esquecer nas falhas do alcatrão a
culpa que nos persegue quando nem de nós resgatamos o perdão e o choro encharca
as grossas nuvens que ameaçam abater-se sufocando a garganta, espera, espera
sem desespero que o corpo a tudo se habitua e no fundo o coração é tao pequeno.
afoga-o na caneca de cerveja e vomita-o na próxima sarjeta ou entrega-o a
alguém ainda mais sufocado que tu e compraz-te por teres salvo alguém. “vem
vomita na minha boca coração”
4.7.13
Crochet enfermo
O grande motel de vidro espelhado abre as cuecas para
entrarem e saírem os carros, em frente no gramado as silhuetas das estátuas
gregas e as palmeiras imperiais iluminadas por neons roxos e verde-inveja. No grande cartaz um romano chicoteia uma
quadriga com um chicote de neon vermelho. Há volta asfalto e galpões brancos e
cinzentos. Por ali um só prédio
residencial de 3 pisos entrescondia a lua. O lampião frontal tremeluzia uma
insônia freudiana. Uma luz alaranjada no résdochão denunciava uma sombra
cadavérica.
Andava descarnada
sarabandando a ossatura de xaile encharcado perdida na sala de estar cogitando
nos reflexos deformados dos espelhos dos armários, as pranchas do soalho
plangendo como um grasnar da alma da casa, o lamento fraco mas contínuo da
decrepitude. Mira-se e o tempo osteoporoso estilhaça-se entre memórias
embaçadas e uma mistela de oco e murmúrio como o que ressoa nos entreforros
dos salões abandonados.
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Convento dos Capuchos
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
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