Os
poemas deviam nascer de coisas herdadas dos nossos pais
Mas se
só herdamos asfalto e apartamentos
Mas se
só nos dão sociedade e bugigangas dos mercados
Refugiemo-nos
em parques e monturos que nunca pisamos
Entremos
nas noites sombrias de nossos quartos
Desenhemos
uma nova lua com nossos braços
E
mergulhemos em rios nunca dantes navegados
Apascentemos
rebanhos de bestas incriadas
Deliciemo-nos
com banquetes nem por romanos regurgitados
Nunca
enterramos os dedos na terra
Nem nos
ferimos ou estivemos da morte a um passo
Mais
belas são as coisas em movimento
Mais
bela é a contemplação da derrocada
Ou da
construção do vitral da roseira na ala da catedral
A
semente é a mesma, mas diferente o chumbo