ao compasso do relógio de parede
espojado no sofá - o tempo - fixado
pelas portadas em fresta de luz na janela
desbrava-se uma certa forma
de pintar a realidade
uma redoma
de constância e estabilidade de manter o olhar
enviesado emboçamos a mentira
que damos como verdade
e o prazer de fazê-lo seguido do espanto
ao ser contemplado
é uma arte
Esse jogo divinatório
de ir deitando palavras
aproxima o ofício, a adoração
e o encantamento,
é uma receita sem garantia de resultado
garantamos apenas
que nada na garganta
ficará atravessado
sálvia
pedaços de uma carne
pétalas amarelas
uma mão de mar salgado
tudo em fogo
bem bravo
e umas pingas de veneno adocicado
e umas rezas a um santo desconsiderado