Convivemos com a violência subtil
Dos vizinhos sem nos deixarmos explodir
Arrastamos os punhos pelas paredes de areão
Até que se esboroasse a carne
E sangue escorresse pelas caixas do correio
Túneis que cruzam este prédio
Condutas, escadas de incêndio e tédio
As beatas esmagadas no monta cargas
As nódoas negras escorrem nas empenas
O osso engana também quebra
Se não tem nome não me interessa
A destruição grampeada numas ventas esfaceladas
São só drogas carne e uma faca
Visões que só alcança um bombeiro
Naquele ápice permitido da desgraça
Que se abre num vórtice momentâneo
Dum telefonema desesperado
A intervenção age como agulha antiviral
Um clarão dramático que abocanha
E entra à bruta invertendo um destino
Agarra o corpo e sacode como se fora amada
A drogada que jaz trapo na escada mijada
Rebenta o corpo inerte busca uma explosão
Que a volte a sangrar